Empresa irá definir toda a rede de transporte coletivo da Grande Cuiabá
Secopa contrata empresa para definir a tarifa do VLT

A empresa Oficina – Engenheiros Consultores Associados Ltda., contratada pela Secretaria Extraodinária da Copa do Mundo (Secopa), tem 90 dias para apresentar a planilha de custos para operação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na Grande Cuiabá e demais fatores que irão compor a tarifa do novo modal de transporte coletivo.

A empresa foi contratada por R$ 143,2 mil, por meio de processo licitatório no modelo carta-convite. A contratação foi publicada no Diário Oficial que circulou na terça-feira (13).

Em entrevista ao MidiaNews, o assessor de Mobilidade Urbana da Secopa e fiscal do contrato, Rafael Detoni, disse que a empresa deverá apresentar um estudo da rede integrada de transporte coletivo, a partir de um estudo preliminar feito pela Secopa e pela Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes Urbanos (SMTU).

Entre os dados fornecidos estão as linhas atuais de ônibus, a quilometragem percorrida pela frota atualmente, a quantidade de veículos que operam em Cuiabá e Várzea Grande e dos intermunicipais, número de passageiros transportados por linha e quantos são estudantes, usuários pagantes e gratuitos.

"Não tem risco de ter um VLT com tarifa de R$ 8, R$ 10, ou mais que isso. Não tem como, porque o custo vai ser feito em cima de um custo de operação, não tem investimento [do operador]"
 “O resultado final deste contrato é o desenho da nova rede de transporte coletivo – ônibus e VLT -, com dados operacionais dos dois sistemas. No VLT, por exemplo, irá indicar quantos trens circularão nas linhas 1 e 2, nos horários de pico, de quanto em quanto tempo eles vão passar, qual será a frequência nos sábados, domingos e feriados. Em cima desses dados, a empresa terá o custo operacional do ônibus, o custo operacional do VLT e qual será a tarifa do sistema”, disse.

No estudo que a Oficina vai desenvolver, segundo o assessor, também será incorporado o custo para que a empresa gestora da operação faça, inclusive, a manutenção das obras de arte.

“Não vamos deixar na dependência da Prefeitura fazer a manutenção, para não correr risco algum, até porque a maioria serve para que o VLT não tenha interferência de transito e não prejudique a operação do trem”, disse Detoni.

Paralelamente a esse estudo, a Secopa irá contratar outra empresa para fazer o levantamento das formas legais e viáveis de modelo de gestão operacional do VLT na Grande Cuiabá, também por meio de carta-convite.

Os dois estudos serão enviados à Agência de Desenvolvimento Metropolitano, criada este ano pelo Governo do Estado, que será responsável por fixar o valor da tarifa, a forma como ela será aplicada – se será um valor para os ônibus e outro para o VLT ou um valor unificado entre os sistemas – e como o novo modal será operado na região.

“Ela [Agência] será responsável pela definição de como tudo vai funcionar e sob qual custo”, explicou.

Valor da tarifa

Apesar de não afirmar qual a estimativa de preço da tarifa a ser cobrada para uso do VLT, Detoni reafirmou que a passagem não poderá ser muito diferente do valor vigente no transporte coletivo na Capital.

“Não tem risco de ter um VLT com tarifa de R$ 8, R$ 10, ou mais que isso. Não tem como, porque o custo vai ser feito em cima de um custo de operação, não tem investimento [do operador]. Como não tem custo de implantação, vai funcionar da forma como temos hoje. Aliás, hoje, os operadores também fornecem os ônibus. Então, eles são remunerados na tarifa pelos veículos fornecidos. Se a Prefeitura tivesse que colocar a frota, com certeza, a tarifa seria menor, sem dúvida alguma”, afirmou.

"Se você pegar a planilha de contratação do VLT, que foi de R$ 1,477 bilhão, o material rodante custou R$ 420 milhões"
 Detoni explicou que, como o Governo do Estado é responsável pela construção de toda a infraestrutura para implantação do VLT e forneceu todo o material rodante, não há por que o operador embutir, na tarifa, o investimento feito para a implantação do sistema, apenas para custos da folha de pagamento de pessoal e manutenção do sistema.

“Quem for contratado para operar não vai precisar gastar nada. A oficina está lá, as peças de reposição estão lá e os trens, também. Existem várias formas de subsídio e esse é um deles. No metrô de São Paulo, por exemplo, para a tarifa não custar R$ 10, o Governo do Estado aporta todo mês um valor para segurar a tarifa em R$ 3. O que estamos fazendo também é um subsídio, mas ao invés de aportar dinheiro todo mês, o Governo do Estado está dando toda a estrutura para o operador trabalhar”, explicou.

“Eles vão colocar gente para dirigir, controlar o centro de operação e manutenção, fazer manutenção, vigiar, enfim, custo de pessoal e manutenção do que está lá e a energia elétrica que o trem vai consumir da Rede Cemat. Ele não será remunerado pelo fornecimento de material rodante, que é o mais caro. Se você pegar a planilha de contratação do VLT, que foi de R$ 1,477 bilhão, o material rodante custou R$ 420 milhões”, completou o assessor.

O VLT

Com dois eixos, CPA-Aeroporto e Coxipó-Centro, o VLT será implantado no canteiro central das avenidas Historiador Rubens de Mendonça, FEB, 15 de Novembro, Tenente-Coronel Duarte (Prainha), Coronel Escolástico e Fernando Correa da Costa.

Serão três terminais de integração e 33 estações ao longo dos 22,2 quilômetros de trajeto do VLT, que terão uma distância média de 500 a 600 metros entre um ponto e outro. Ao longo dos dois eixos, serão edificados cinco viadutos, quatro trincheiras e três pontes.

A capacidade máxima de passageiros será de 400 pessoas por veículo e o tempo de espera para o embarque será de até quatro minutos.

Orçado em 1,477 bilhões, o VLT é executado pelo Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande (formado pelas empresas Santa Bárbara, CR Almeida, CAF Brasil Indústria e Comércio, Magna Engenharia Ltda. e Astep Engenharia Ltda.) e está previsto para ser entregue em março de 2014.