Suspeito de 28 anos foi preso em Santa Catarina e levado para Cuiabá. Pessoas que compraram passagens podem ter que ressarcir as empresas.
Delegado deve ouvir compradores de passagem aérea emitida por golpista
As pessoas que compraram passagens aéreas de um homem que fraudava os bilhetes podem responder por receptação culposa e até ter que ressarcir as empresas lesadas. O rapaz suspeito de comandar o esquema de fraudes, que tem 28 anos e é estudante de informática, foi preso na última quinta-feira (8), no Aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis (SC), e levado pela polícia em seguida para Cuiabá. Na capital mato-grossense, uma empresa teve um prejuízo de R$ 230 mil em quatro dias de atuação do fraudador, mas o dano das ações dele em empresas de todo o país pode chegar a R$ 2 milhões.
Os compradores das passagens emitidas de forma irregular devem começar a ser ouvidas pela polícia. Segundo o delegado que investiga o caso, Carlos Américo Marchi, da divisão de Roubos e Furtos (Derf), essas pessoas devem responder por receptação culposa. "Por mais que a informação era de que as passagens eram oriundas de milhagens, o valor cobrado era muito abaixo do realizado em mercado”, explicou.
Depois de sete meses de investigações, a polícia conseguiu localizar o suspeito e descobrir como ele fraudava as passagens. O suspeito tem conhecimentos avançados em informática e se utilizava deles para obter dados das empresas consolidadoras - as quais, no ramo do turismo, fazem intermédio entre as pequenas agências de viagem e as grandes companhias aéreas para viabilizar a venda de bilhetes a preços mais módicos. Além desses dados, ele conseguia burlar os sistemas de segurança dos provedores de e-mail utilizados pelas empresas.
Assim, conseguia “infiltrar-se” nas companhias e emitir, por meio delas, os bilhetes vendidos pelas companhias aéreas. Essas passagens ele depois vendia por valores inferiores à metade do preço de mercado. Família, amigos e divulgação na internet também ajudavam a incrementar o número de clientes do suspeito, segundo o delegado.
Uma companhia lesada em Cuiabá, por exemplo, só soube que havia algo errado acontecendo quando as empresas aéreas passaram a lhe cobrar pelos valores das passagens negociadas pelo suspeito em janeiro deste ano. Isto aconteceu no quarto dia de ação do fraudador, quando a companhia interrompeu as atividades e prestou queixa-crime à polícia, que passou a investigar a autoria das fraudes.
Outras empresas já reportaram ter sofrido golpes semelhantes, mas a polícia ainda vai averiguar se estão relacionados ao mesmo suspeito. “É muito importante que saiba de onde está comprando, de quem está comprando, que seja uma empresa séria, para não incorrer numa situação como essa”, argumentou o advogado da Associação Brasileira de Agências de Viagens de Mato Grosso (Abav), Bruno Oliveira Castro.
O suspeito, que não chegou a resistir à prisão no aeroporto de Florianópolis, admitiu ao delegado que vinha negociando passagens aéreas obtidas via fraude há cerca de um ano e meio, mas afirmou que desconhecia o fato de a prática configurar crime. Ele residia atualmente em Jurerê, Florianópolis, onde aluga uma mansão por R$ 4,5 mil mensais, dinheiro que a polícia acredita ter sido oriundo da venda fraudulenta de passagens aéreas mediante fraude a empresas consolidadoras do ramo turístico.
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