Hospital Geral de Cuiabá realiza segunda captação múltipla de órgãos
Nesta sexta-feira (02.06), o Hospital Geral e Maternidade de Cuiabá (HG) realizou a segunda captação de órgãos múltiplos. Pelo menos três vidas serão salvas graças a decisão de uma família que, mesmo diante da dor do luto, ainda sim foi forte e teve a compaixão para dizer sim para doação de órgãos.
A equipe médica do hospital prestou toda assistência, realizando exames clínicos e de imagem, chegando à conclusão da morte encefálica do paciente, explicou a coordenadora de enfermagem do HG, Naila de Camargo Dalmaz. O paciente E.L.S, 39 anos, deu entrada na unidade no dia 19 de maio com complicações de abscesso cerebral, e teve a morte encefálica constatada e confirmada no dia 30 de maio. Foram captados fígado, rins e córneas. Os órgãos vão para os Estados do Paraná, São Paulo e Pernambuco.
Naila destaca que o hospital conta com a Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) que junto com a CET (Central Estadual de Transplantes) envolvida e preparada para esse processo. “Essas doações são extremamente importantes, porque garante que as pessoas na fila de espera possam ser atendidas com a realização do transplante. Ao aumentar o número de captações, mais pacientes terão a chance de receber um órgão vital e retomar uma vida saudável”, destaca Naila.
Odemiciano Leite da Silva é irmão de E.L.S e conta que a família decidiu fazer a doação dos órgãos para salvar outras vidas, já que não conseguiram salvar a do irmão. “É um ato de amor muito grande. Então essa possibilidade da doação foi para nós um presente, de deixar continuar em outras vidas, que os órgãos dele fossem entregues”, diz.
O processo de captação de órgãos foi autorizado e viabilizado pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), com a equipe médica do Hospital Geral e pelo cirurgião do aparelho digestivo e transplantes, Dr. Guilherme Ferrarini Furlan e a enfermeira de transplante Letícia Parreira Barbosa, ambos do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie de Curitiba. Além disso, também contamos com o apoio da equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e do Grupo de Motociclistas em Atendimento a Urgências (GMAU) para o transporte dos órgãos até o aeroporto.
O Dr. Guilherme Ferrarini disse que o acolhimento da família é essencial para uma afirmação positiva de doação. “A conscientização da população sobre a importância da doação de órgãos é fundamental. Em um momento de dor e sofrimento a possibilidade de transformar novas vidas com um gesto como esse, faz dos familiares verdadeiros heróis. Nosso eterno respeito” afirma.
É importante ressaltar que a doação de órgãos é um ato voluntário e que as pessoas têm o direito de decidir sobre o que acontecerá com seus órgãos após a morte. É fundamental que a pessoa manifeste à família seu desejo de ser um doador, pois somente os familiares podem dar essa autorização.
“Com o passar dos anos as pessoas estão mais conscientes, mais solidárias. E as pessoas que irão receber os órgãos deste nosso paciente terão uma nova chance de vida. Serão novas histórias e novos momentos. A família doadora perde um ente muito querido, mas ao mesmo tempo salva tantas outras vidas, isso é imensurável”, diz a enfermeira de transplante do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie, Letícia Parreira Barbosa.
A diretora assistencial do HG, Caroline Moura explica que é angustiante para as pessoas que estão na fila de espera aguardando a doação de órgãos. “Os pacientes que aguardam por um transplante muitas vezes enfrentam um grande sofrimento físico e emocional. A doação de órgãos oferece esperança a essas pessoas e suas famílias, aliviando o sofrimento causado pela doença. Nosso hospital é 90% SUS e a importância de cada captação feita é macro. Atendemos toda a população do Estado e município e, nos orgulhamos muito, por cada vida que na ocasião podem ser salvas por cada família que se sente sensibilizada e por cada órgão que captamos”, conclui Caroline.
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