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Política
Segunda - 18 de Julho de 2016 às 10:08
Por: Gilson Nasser - Folha Max

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As constantes operações policiais que investigam crimes de corrupção em Mato Grosso devem ter novos desdobramentos nos próximos meses. As investigações tem avançado muito por conta do instituto da delação premiada, onde investigados colaboram com a Justiça e revelam novas práticas criminosas com objetivo de ganhar benefícios previstos em lei, como redução de eventual pena e até o perdão judicial.

Responsável por decretar prisões de figurões da política estadual, como o ex-governador Silval Barbosa (PMDB), os ex-secretários Pedro Nadaf e Marcel de Cursi, além do ex-deputado José Geraldo Riva, a juíza Selma Arruda confirmou que existem negociações para que novos acordos de delação premiada sejam firmados. “Tem bastante. Ouvi dizer que tem gente pegando senha para fazer colaboração”, declarou a magistrada em entrevista ao Programa Conexão Poder (TV Pantanal – Canal 22). A entrevista será exibida na noite deste domingo (16).

Selma Arruda defendeu o instituto da colaboração premiada como forma de desvendar esquemas criminosos que vem ocorrendo sistematicamente. Ela frisou que é importante, principalmente, para chegar aos “cabeças” de organizações criminosas.

“As vezes a pessoa tem ideia errada do que seja colaboração. Se você conseguir mentalizar uma organização criminosa, você vai ver que não é uma coisa simples, e muito menos estática. As organizações criminosas são muito móveis. O que você tem, mais ou menos, de estática é a chefia e aqueles cargos de primeiro escalão. Dali pra baixo, principalmente aqueles vão para cometer o crime em ficar de linha de frente do crime, essas pessoas são bem mais voláteis. Você usa um dia fulano, no outro dia sicrano”, pontuou.

Para a magistrada, as delações também auxiliam os órgãos investigadores e a Justiça a descobrirem novas práticas criminosas, que vão muito além do objetivo inicial da investigação inicial. “Quando você pega uma delação, é muito difícil que você pega uma colaboração só com relação a aquele assunto. Essa pessoa vai entregar 5, 6 ou 7. Aqueles 5, 6, 7 cada um já sabe de coisas de 8 ou 9 e assim vai. Não tem como cessar a colaboração premiada, uma vez que ela seja interessante para o Estado e preencha os requisitos que a lei determina, ela vai ser sempre útil”, explicou.

A juíza considerou ainda que as colaborações foram de suma importância para as prisões dos figurões da política local. Para ela, talvez eles estariam em liberdade caso não houvesse a contribuição daqueles que, eventualmente, compactuaram, participaram ou apenas tiveram conhecimento das fraudes. “ Seria muito difícil (estarem presos), porque foi por meio de colaborações que se chegou as provas que se tem. Não se pode falar que essas pessoas estão presas, sejam figurões do colarinho branco, seja figurões do crime organizado mais violento, só por conta da delação, isso não é verdade. É que a delação obriga a pessoas que está delatando indicar os caminhos para se chegar as provas”, colocou.





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