Aluna tentou matar professora, mas foi agarrada e atirou no próprio pé. Na delegacia, ela prestou depoimento, chorou e pediu perdão pelo que fez.
Perdão, diz aluna que atirou em professora
A ocorrência foi registrada pela polícia na tarde desta sexta-feira (16). Segundo o delegado Pedro Paulo Falcão, um dos titulares da Delegacia de Plantão da Zona Sul, a adolescente foi liberada logo após prestar depoimento. “Fizemos um Boletim de Ocorrência Circunstanciado (BOC) e mandei ela pra casa. Na próxima semana, provavelmente na terça ou quarta-feira, a mãe dela vai apresentá-la à DEA (Delegacia Especializada de Atendimento ao Adolescente Infrator), onde ela responderá por atos infracionais análogos aos crimes de ameaça e porte ilegal de arma de fogo”, revelou.
Ainda de acordo com Falcão, a garota é filha de mãe solteira e pai não declarado. “Ela tem muitos problemas. Inclusive, aconselhei que ela procurasse um psicólogo.
Entenda o caso
Segundo relatos do tenente Willame Barbosa, da Polícia Militar, a adolescente chegou a correr atrás da professora com um revólver calibre 38 nas mãos. Contudo, ela foi agarrada por um guarda patrimonial. “No que o guarda a agarrou, ela baixou o braço e a arma disparou. O tiro pegou no pé dela”, contou o oficial.
A aluna foi socorrida para o Pronto-Socorro Clóvis Sarinho, onde os médicos removeram a bala. Em seguida, foi conduzida à Delegacia de Plantão da Zona para prestar depoimento. “Ela contou que pegou a arma com um rapaz, que ela acredita ser adolescente, até mais novo que ela. E disse também que não tinha intenção de tirar a vida da professora”, contou o delegado.
No vídeo, gravado pela equipe de reportagem da Inter TV Cabugi, a aluna afirma que sequer chegou a apontar o revólver para a professora e disse que a intenção era apenas dar um susto. “A arma era muito pesada. Juro por Deus que não. Queria só dar um susto nela”, acrescentou, admitindo que a arma estava engatilhada e municiada com seis balas.
Professora preferiu não mostrar o rosto
identificar (Foto: Felipe Gibson/G1)
Uma menina boa e tranquila
Uma menina tranquila e boa aluna. Assim a professora de matemática Norma Suely, de 51 anos, se referiu à adolescente de 15 anos que ameaçou matá-la com uma arma. Apesar dos elogios, a professora conta que a adolescente não ia à escola há algum tempo. Preocupada, Norma Suely relatou a situação para a direção da escola. "Estamos ali para ensinar. Só estava preocupada com a aprendizagem dela", afirmou.
A adolescente, que cursa o 7º ano, voltou às aulas na quinta-feira (15). "Uma supervisora chamou a aluna e falou sobre o problema. Quando ela entrou na sala de aula me chamou de nojenta e disse que eu tinha chamado ela de burra", explicou a professora. Suely pediu para a garota sair de sala e diante da negativa ameaçou chamar a direção. "Ela saiu com raiva e bateu a porta com força", acrescentou.
No dia seguinte a professora entrou na sala do 6º ano onde estavam 25 alunos. Ela contou que adolescente chegou logo em seguida e invadiu a sala já apontando o revólver. "Vou matar você agora. Foi o que ela disse", lembrou a professora. “Eu gritei e corri para o corredor. Corri e apareceu um anjo para me salvar", disse Suely, se referindo ao guarda patrimonial que agarrou a aluna.
A professora revelou ao G1 que pretende pedir licença do trabalho. "É muita insegurança. Era para haver policial 24 horas na escola. Ela achou que eu queria o mal dela", disse Suely, que afirma sempre cobrar bastante dos alunos. "Vou sempre nos corredores buscar alunos que querem gazear aula. Quero o bem deles", encerrou a professora.
Bala ficou alojada no pé da aluna
(Foto: Murilo Meireles/G1)
Seis balas
"Já estava de saída, mas vi um aluno entrando na escola de bermuda e fui chamar a atenção dele. Foi quando vi a professora correndo". O relato é do sargento Wallace, guarda patrimonial que impediu a adolescente de atirar na professora. Inicialmente, ele disse que não entendeu quando viu a professora correndo. "Depois vi a menina apontando a arma pra ela. Fui na direção dela e agarrei a mão com a intenção de tomar a arma", explicou. “Ela atirou e acertou o próprio pé, caindo no chão”, acrescentou.
"O revólver tinha seis balas e outras seis munições estavam na bolsa", ressaltou o guarda. Assim como a professora, o sargento disse ao delegado não ter conhecimento de problemas envolvendo a aluna. "Nunca vi ela dar trabalho. No hospital, ela chorou muito", contou. Ele trabalha há 10 anos na escola.
Ainda de acordo com Wallace, alguns estiletes foram apreendidos recentemente na escola. O guarda só tem conhecimento de uma arma de fogo encontrada. "Aconteceu há muito tempo", disse. Quanto à segurança do local, ele explica que os alunos não são revistados. "Já aconteceu de haver revista, mas isso causa incômodo. Os pais também repreendem", contou.
Violência nas escolas
Josimar Souza morreu dentro da sala de aula
(Foto: Marcelino Neto)
Este é o terceiro caso de violência envolvendo alunos armados em escolas do Rio Grande do Norte este ano, segundo a polícia. O primeiro caso aconteceu em 21 de maio na cidade de Porto do Mangue, a 235 quilômetros de Natal. Na ocasião, um adolescente de 16 anos foi apreendido após matar a facadas o estudante Josimar Arruda de Souza, de 20 anos. O crime aconteceu dentro da sala de aula da Escola Estadual Professora Josélia de Souza Silva. Segundo depoimento do menor à polícia, ele atacou o colega pelo fato de Josimar ter chamado a namorada do suspeito de “gostosa”.
Ytaelson da Paz foi morto a tiros em Macaíba
(Foto: Arquivo da família)
No dia 12 de junho, outro crime chocou o estado. O estudante Ytaelson Costa da Paz, de 17 anos, foi morto a tiros na porta da Escola Estadual Auta de Souza, em Macaíba, cidade da Grande Natal. Um adolescente de 14 anos foi apreendido e admitiu a autoria do crime à polícia. O assassinato foi motivado por uma briga entre os dois adolescentes em uma festa no Natal do ano passado. Os dois estudavam na mesma sala.
O chefe de investigação da delegacia de Macaíba, Elialdo Moura, disse que o adolescente infrator esperou o rival sair da escola para cometer o crime. "Ele ficou do lado de fora. Assim que a vítima saiu, ele se aproximou, sacou o revólver e efetuou os disparos", falou.
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