'Foi uma atrocidade', diz mãe de homem atropelado na Supervia Adílio dos Santos trabalhava como vendedor de balas e doces nos trens. Ex-presidiário, ele estava 'começando a se levantar', afirma mãe.
O vendedor ambulante Adílio Cabral dos Santos, que foi atropelado na estaçaõ de Madureira por um trem da SuperVia na terça-feira (28), estava trabalhando no momento do acidente, segundo familiares. De acordo com a mãe e o irmão da vítima, Adílio vendia balas e doces nos trens. Os parentes estiveram na 29a DP (Madureira) nesta sexta-feira (31) para prestar depoimento sobre o episódio.
Após o atropelamento, um funcionário da SuperVia autorizou a passagem de um trem sobre o corpo de Adílio, como mostra um vídeo exibido pelo RJTV. As imagens que mostram o corpo sobre os trilhos e o trem se aproximando. Um homem de roupa laranja, que parece ser funcionário da Supervia, acena para o maquinista. O trem, então, avança devagar.
A Supervia admitiu nesta quinta-feira (30) ter autorizado a passagem de um trem sobre o corpo de um homem e o governo afirmou que os responsáveis serão punidos.
De acordo com informações da 29ª DP (Madureira), as investigações estão em andamento para apurar as circunstâncias da morte de Adílio Cabral dos Santos. Os funcionários da concessionária estão sendo intimados a depor e imagens de câmeras de segurança foram solicitadas. Agentes estão em diligências na busca de provas que auxiliem nas investigações.
familiares de homem que morreu atropelado no trem (Foto: Matheus Rodrigues/G1 Rio)
Vítima era ex-presidiário
A mãe Eunice de Souza Feliciano, de 61 anos, afirmou que a vítima tinha saído da prisão em outubro de 2014 e estava reestruturando a vida. "Ele estava começando a se levantar, começando a se congregar, estava bem. A gente brincava muito um com o outro, era meu companheiro", contou a mãe da vítima.
Irmão atropelado em trem
(Foto: Matheus Rodrigues/G1 Rio)
O irmão de criação, Elcio Silvio Feliciano Junior, contou que o irmão tinha que passar pela linha do trem porque a fiscalização apreendia o material dos ambulantes que passavam pela passarela.
"Ele é ex presidiário, desde que ele saiu ele vende bala, doce. Eu sei que eles [ambulantes] não podem passar por cima da passarela para porque o doce deles é apreendidos. Então eles pulam na linha para poder vender. Todo vendedor de bala faz isso e acabou acontecendo isso", contou.
Descobriu da morte pela TV
A mãe do ambulante afirmou também que descobriu que o filho tinha morrido através de uma reportagem na TV. Segundo ela, os familiares já estavam tristes com a notícia e ficaram apavorados quando descobriram que a vítima seria Adílio.
"A gente ficou estarrecido com a notícia. Porque não apareceu nome, nem rosto porque não mostram. Quando foi depois no noticiário, apareceu o nome completo. Foi uma atrocidade, uma coisa terrível, desumanidade", disse.
Sem dinheiro para velório
O corpo de Adílio será enterrado às 15h desta sexta-feira (31) no Cemitério do Irajá. De acordo com o irmão da vítima, Élcio, ele precisou vender uma pulseira para pagar os custos do velório, de R$ 2 mil.
Por meio de nota, a Supervia informou que já está em contato com a família do morto e vai arcar com as despesas do enterro. Eles aguardam a liberação pelo IML para que ele seja sepultado.
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