Lanterna que dá choque e pode até matar é vendida nas ruas Choque desse taser de luz pode até matar. A tensão descrita nas instruções é de 1 milhão de volts, semelhante à descarga de um raio.
Uma lanterna de choque que libera descargas elétricas equivalentes às de um fio de alta tensão está sendo vendida como se fosse um equipamento inofensivo e pode ser encontrada no comércio de rua das duas maiores cidades do país. Só que um choque desse taser de luz pode até matar.
O engenheiro mediu a descarga elétrica liberada pela lanterna. Somando o que foi registrado nos dois voltímetros, chegamos a 8 mil volts. A mesma quantidade encontrada nos fios de alta tensão da rede elétrica. Uma carga considerada alta e que traz sérios riscos para a saúde, dependendo do tempo de exposição, entre outros fatores.
“Se a tua pele está molhada, a quantidade de corrente que vai chegar no seu organismo é maior do que na pele seca. Ela pode causar parada cardíaca sim, pode ser letal”, explica Olga Souza, presidente da Sociedade de Cardiologia do Rio de Janeiro.
O comércio popular no Centro do Rio de Janeiro tem sido alvo de várias operações de combate à venda de produtos roubados ou ilegais. Mesmo assim, a produção do Bom Dia Brasil encontrou a lanterna que dá choque. E quem vende conta que os compradores estão tentando se proteger dos assaltantes que atuam nesta região.
O produto não está exposto, mas, três ambulantes tinham a lanterna para vender
Bom Dia Brasil: Você falou que tem bastante gente levando.
Vendedora: Tem, bastante gente.
E os vendedores falam sobre o efeito provocado pelo choque.
Bom Dia Brasil: Você acha que machuca muito?
Vendedora: Derruba, derruba, derruba legal.
Em São Paulo, a lanterna que dá choque foi encontrada nas imediações da rua 25 de março, um grande centro de comércio popular.
O uso de arma de choque elétrico é controlado pelo Exército brasileiro. A arma conhecida como taser é usada pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, por exemplo, há 13 anos.
Já a venda e o uso desta lanterna não são controlados pelo Exército. A Polícia Militar do Rio de Janeiro também afirma que a lanterna não é considerada arma de uso controlado.
O produto é chinês. E o manual não traz informações corretas, segundo o professor de engenharia elétrica. A tensão descrita nas instruções é muito alta, de 1 milhão de volts, semelhante à descarga liberada por um raio. “Esta tensão ela não tem cabimento. Não se pode usar um equipamento desses com um manual com pouquíssima informação e não confiável. A pessoa está arriscada a ela mesma ter problemas depois com esse tipo de equipamento”, afirma Davi Martins Vieira.
E aí vem o jogo de empurra. As autoridades da área da segurança pública que foram ouvidas pela produção do Bom Dia Brasil, no Rio e em São Paulo, disseram que a responsabilidade pela fiscalização dessa lanterna de choque é do Exército. O Exército diz que o produto não é controlado portanto o assunto não é da competência dele.
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