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Segunda - 13 de Julho de 2015 às 08:25

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Cerca de R$ 2 milhões investidos em uma ala do Hospital de Câncer de Mato Grosso destinada à prevenção e tratamento de câncer de mama estão indo para o “ralo” por falta de recursos para manter o setor. Enquanto centenas de pacientes de todo o Estado aguardam meses na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) para conseguir exames de diagnóstico de câncer de mama, aparelhos de última geração se deterioram sem nunca terem sido utilizados no centro de mama do HCan, inaugurado em 2013.

O espaço de seis mil metros quadrados possui ambulatório, consultórios, auditório, sala de mamografia, espaço administrativo, entre outras salas multiuso, completamente equipados e prontos para o funcionamento. Porém, o hospital não possui recursos suficientes para manter os cerca de R$ 120 mil mensais que a ala demanda, uma vez que o SUS só disponibiliza R$ 25 mil mensais.

Conforme explica o diretor do Hospital de Câncer, Laudemi Nogueira, quando o centro de mama foi construído com verbas do governo do Estado, a Secretaria de Estado de Saúde se comprometeu a realizar os repasses de manutenção para a efetiva oferta do atendimento. Entretanto, apenas duas parcelas de R$ 90 mil foram dadas à prefeitura de Cuiabá em 2014 para que repassasse ao HCan, por questões de trâmite legal, mas o dinheiro nunca chegou às contas do hospital. “O que o Hospital de Câncer efetivamente precisa é de uma parceria com o governo do Estado que nos assegure essa quantia mensal para que o serviço seja perene. Nos preocupa muito por não vermos ações dos governos estadual e municipal no sentido de pôr o centro para funcionar”.

De acordo com Laudemi, o centro de mama permite salvar a vida de muitas mulheres com o diagnóstico precoce e também garantir segurança àquelas que descartam a doença por meio dos exames.Um exemplo de equipamento extremamente necessário para Mato Grosso que o centro de mama dispõe é um mamógrafo digital que realiza biópsias instantâneas enquanto os nódulos são visualizados pelo mastologista. Enquanto que os aparelhos atuais detectam tumores de um a dois centímetros, este equipamento consegue identificar um tumor de dois milímetros, o que pode garantir cerca de 95% de chance de cura, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). “O não funcionamento desse aparelho coloca em risco a vida da mulher mato-grossense”, alerta Laudemi.

Ele ainda ressalta que a maior preocupação do hospital atualmente é sensibilizar o município de Cuiabá e o governo do Estado de que o trabalho realizado na unidade é de responsabilidade do gestor público,

apesar do hospital ser de natureza filantrópica. “É como se a saúde pública na relação com os hospitais filantrópicos não fosse de responsabilidade do governo, sendo que 98% dos nossos atendimentos são voltados a pacientes do SUS. O hospital nasceu com uma missão e estamos cumprindo ela. O que queremos é que os

governos reconheçam isso e nos paguem o custo”.

A Organização Não Governamental (ONG) MT Mamma também já cobrou do governo do Estado providências a respeito do funcionamento do centro de mama do HCan. Para a presidente da instituição,

Veralice Valéria, o fechamento do centro causa mais sofrimento a milhares de mulheres por não conseguirem diagnosticar o câncer no estágio inicial. “Aquele centro é o sonho das mulheres que são diagnosticadas com câncer. Quando elas conseguem fazer a biópsia e ocorre algum tipo de tumor, é possível

ganhar um tempo muito grande. Isso evita muita dor física e psicológica, tanto do tratamento em si quanto de uma possível mastectomia (cirurgia de retirada da mama)”.

UTI Pediátrica - Outro desafio enfrentado pelo Hospital de Câncer é referente à construção de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para crianças, demanda que vem desde 2005, quando o setor de pediatria oncológica foi instalado no HCan. Assim como o centro de mama, a unidade precisa de recursos externos tanto do poder público quanto de instituições privadas para sua construção e posterior funcionamento constante.

Uma rede de restaurantes fast food irá arcar com cerca de R$ 500 mil para iniciar as obras físicas da UTI pediátrica este ano, mas o custo total da unidade, que terá 10 leitos, é de R$ 2 milhões. “Essa conversa já vem com o governo do Estado desde 2005, inclusive existe uma ação judicial que tramita na Vara da Infância e da Juventude nesse sentido, mas ainda não conseguimos nenhum convênio”.

Os pacientes que enfrentam o câncer na infância precisam de uma UTI disponível diuturnamente porque a condição imunológica das crianças é mais delicada que a dos adultos, ficando suscetíveis a qualquer tipo de contaminação ou intercorrências dos sintomas que precisam dos cuidados oferecidos em uma unidade intensiva.

A demanda por leitos de UTI pediátrica é antiga em Mato Grosso, pois Cuiabá e Várzea Grande têm apenas três hospitais que possuem este tipo de oferta para pacientes do SUS. “Dez leitos no Estado são insuficientes. Eles serão destinados somente a pacientes oncológicos porque se abríssemos para outras patologias, estaríamos colocandoem risco o próprio projeto, que é atender as crianças com câncer”, esclarece. Atualmente, o Hospital de Câncer de Mato Grosso oferece tratamento para cerca de 300 crianças e a média anual de novos casos que chegam à unidade é de 75.

Larissa Sales é mãe de Matheus, de três anos, que enfrenta uma leucemia há um ano e quatro meses. Para ela, uma UTI pediátrica no hospital dará mais segurança para as mães. “Meu filho já precisou da UTI duas vezes. Em uma dessas tivemos que aguardar três horas aqui no hospital de câncer até surgir uma vaga em outro hospital. Neste período, para um paciente oncológico, muitas complicações podem acontecer”.

Outro lado - A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que os repasses são realizados para o município de Cuiabá, responsável pela gestão da unidade. A pasta alega que na gestão anterior, foi formalizado um pedido em agosto para que o Estado repassasse o valor de R$ 90 mil para o centro. Foram pagos os meses de agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro, totalizando R$ 450 mil. No entanto, por não haver nenhum contrato pactuado na CIB e em portaria, o repasse foi suspenso pelo Estado.

A Secretaria Municipal de Saúde informou que todos os gestores da pasta estavam em uma conferência e não teria tempo hábil para obter respostas sobre os repasses de 2014.





Fonte: A Gazeta

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