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Nacional
Quinta - 09 de Julho de 2015 às 21:18

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Iratã Martins da Costa é pai de Mateus Justino Costa, de 17 anos, uma das vítimas da chacina do Jardim Universo, em Mogi das Cruzes (SP), na tarde de quarta-feira (8). Três jovens foram mortos. Segundo a Polícia Militar, duas pessoas em uma moto passaram atirando contra um grupo na Rua Professor Gumercindo Coelho. Outros dois jovens ficaram feridos.

Costa conta que chegou ao local do crime pouco tempo depois dos disparos. “Eu estava no trabalho e tinha acabado de chegar em casa. A mãe dele falou que ele tinha descido para empinar pipa. Quem matou não sabe quem é. Eles atiram pelas costas. Como que sabe? Por quê? Aí fala que está marcado, mas você é uma criança, tem 17 anos, 13 anos, 15 anos e vê um cara atirando, você vai esperar? Não, vai correr. E atira pelas costas. É covarde! Eles atiram e a Justiça não faz nada. É mais um para estatística.”

Homem chora ao ver corpo de baleado na tarde desta quarta-feira (8) na rua Gumercindo Coelho em Mogi das Cruzes (Foto: Luis Corvini/ TV Diário)Iratã Martins da Costa chora ao lado do corpo do filho, Mateus Justino Costa, de 17 anos, morto na chacina de quarta-feira (8) no Jardim Universo, em Mogi (Foto: Luis Corvini/ TV Diário)

Desde novembro, Mogi das Cruzes já registra seis crimes que vitimaram 20 pessoas e deixaram 15 feridas. Em nenhum dos casos, os suspeitos foram presos. Os corpos das vítimas do Jardim Universo ainda estão no Insituto Médico Legal (IML) de Mogi das Cruzes. A previsão é que sejam liberados durante a tarde.

Um dos sobreviventes é um jovem de 18 anos que está internado em um hospital particular da cidade. De acordo com a instituição, o estado dele é considerado estável. Já o outro, um adolescente de 16 anos, está no Hospital Luzia de Pinho Melo. A família não autorizou a divulgação do estado de saúde.

Protesto
Segundo a polícia, durante a noite de quarta-feiradois ônibus foram queimados e um danificado. Um adolescente, de 15 anos, foi apreendido suspeito de ter ateado fogo em um dos veículos. Na manhã desta quinta-feira (9), os restos de um dos ônibus queimados, como cinzas e peças, ainda podiam ser vistos Rua Benedito de Carvalho Filho, no Jardim Aeroporto III. Muitas pessoas chegaram cedo para esperar o coletivo, mas desistiram. De acordo com os passageiros, eles demoraram mais que o normal.

Algumas pessoas seguiram em caminhada. O medo é um sentimento que domina a região. “A gente tem medo porque eu cheguei mais cedo ontem. E o horário que aconteceu isso é quando as pessoas chegam do trabalho, tem gente indo para a escola. A violência está assustando demais”, contou a diarista Maria Aparecida Macedo.

Alguns moradores da rua disseram que um grupo grande, de umas 30 pessoas, ficou algum tempo perto de um muro. Elas carregavam galões com um líquido dentro, mas eles não sabiam o que era. Quando o ônibus parou no ponto, o grupo começou o ataque.

Uma mulher, que por medo prefere não se identificar, acompanhou o grupo desde que chegou e imaginou que algo aconteceria, mas não que o alvo fosse um coletivo. “Eles estavam parados. Aí o ônibus chegou e eles foram entrando e dizendo 'desce, desce'. O motorista não saía do lugar. Acho que ficou em choque. Aí foram tirar ele e ele saiu e colocou a mão na cabeça, quando viu as pessoas colocando gasolina e depois fogo no ônibus.”

Caso aconteceu na esquina de duas ruas de Mogi das Cruzes. (Foto: Cristina Requena / G1)Primeiro ataque ocorreu em esquina da Vila Natal, em novembro de 2014 (Foto: Cristina Requena / G1)

Balanço
O último ataque a tiros na cidade havia acontecido no dia 27 de maio, em Jundiapeba, quando seis pessoas foram baleadas e duas morreram. Desde novembro do ano passado, a polícia já registrou 17 mortes e outras 13 pessoas foram baleadas e sobreviveram a ataques. Segundo a polícia, as vítimas são homens, a maioria deles jovens.

Um ataque ocorrido no dia 27 de abril, matou seis pessoas e deixou duas feridas. Uma das vítimas foi atingida na Rua Gumercindo Coelho, a mesma onde um jovem de 16 anos foi ferido na noite desta quarta-feira. Na ocasião, além do crime na via, a polícia registrou ataques na Vila Nova União, Caputera e Conjunto do Bosque. A distância entre os endereços é de apenas 12 quilômetros. O intervalo entre os assassinatos foi de menos de duas horas.

Duas pessoas foram baleadas em rua de Jundiapeba. (Foto: Tatiane Santos/TV Diário)Duas pessoas foram baleadas em rua de
Jundiapeba em janeiro (Foto: Tatiane Santos/TV
Diário)

Em 24 de janeiro, cinco pessoas foram mortas durante a madrugada em diferentes bairros de Mogi das Cruzes. A primeira ocorrência foi por volta da 1h30 na Rua Waldir Carrião Soares, no Caputera. De acordo com informações do boletim de ocorrência, a PM foi chamada e quando chegou ao local encontrou três pessoas mortas por arma de fogo. Ainda de acordo com a polícia, além dos três mortos, duas pessoas ficaram feridas.

Mais tarde, por volta das 3h10, os crimes foram nas esquinas da Avenida Líbia com a Rua José Pereira, em Jundiapeba. Duas pessoas morreram: um homem de 29 anos e um adolescente de 14.

Na madrugada de 24 de dezembro de 2014, seis pessoas foram baleadas. Os crimes ocorreram em três locais diferentes, no distrito de Jundiapeba e na Vila Cintra, em um intervalo de uma hora. Segundo informações da Polícia Militar, testemunhas disseram que nos três casos os disparos partiram de criminosos que estavam em um gol branco.

Em 21 de novembro de 2014, quatro pessoas morreram e uma ficou ferida após serem baleadas na Vila Natal. De acordo com a Polícia Civil, as vítimas foram atingidas na esquina entre as ruas Vicentinos e Laurentino Alves dos Santos, por volta das 19h30.

Marcas na Rua Gumercindo (Foto: Maiara Barbosa/G1)Marcas na Rua Gumercindo em um dos ataques (Foto: Maiara Barbosa/G1)





Fonte: Do G1

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