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Segunda - 22 de Junho de 2015 às 19:59

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Com forte dores, fome e sede Iucineia Dutra, 18 anos, aguardava um parecer médico no corredor do Pronto-Socorro de Cuiabá, nesta segunda-feira (22), quando decidiu chamar a reportagem do Gazeta Digital, pedindo ajuda. A mãe recebeu a repórter no PS e enquanto relatava o caso da filha foi mostrando a situação da unidade.

Na madrugada de domingo (21), a jovem saiu do município de Sapezal, cidade onde mora, e viajou 480 km até Cuiabá em uma ambulância para realizar uma cirurgia de apendicite na unidade, mas está impedida de fazer o procedimento, pois nesta manhã foi informada que seu prontuário médico havia sido extraviado.

"Os médicos de lá falaram que estou com apendicite, então vim para Cuiabá, com todos os exames para fazer a cirurgia, mas chegando aqui eles falaram que iriam fazer novamente todos os exames, porque não constatava a doença. Já tem mais de 24 horas que estou sem comer e beber água, porque para a cirurgia precisa estar em jejum", relata a adolescente.

Fraca e com tonturas, Iucineia conta que na noite de domingo foram feitos os novos exames que deveram ser avaliados pelo médico nesta manhã. Para surpresa dela, a análise não pôde ser feita pois ninguém consegue localizar o seu prontuário médico. "O exame está na mesa do médico e ele não pode dar andamento se não tem prontuário".

Além de Iucineia outras dezenas de pessoas estavam espalhadas em macas nos corredores do Pronto-Socorro de Cuiabá. Dentro dos quartos há superlotação, aglomerado de pessoas, alguns locais exalavam um mau cheiro, como descreveu a própria jovem. "O corredor ainda é melhor do que pra lá, onde o fedor é muito forte. O cheiro é horrível eu senti quando eu fui lá tomar banho".

Greve dos médicos

A situação descrita pela adolescente que aguarda atendimento no corredor do hospital é apenas mais um caso do caos descrito pelos médicos da rede municipal de Cuiabá que entraram em greve há quase uma semana na capital. Além de reajustes salariais, o que também inclui a reposição das perdas referentes ao INPC, os profissionais reivindicam melhorias nas unidades de saúde.

Na sexta-feira (19), desembargadora Maria Helena Póvoas, determinou que os médicos mantenham 100% do atendimento de urgência e emergência sob pena de multa diária de R$ 50 mil. A ação proposta pela Procuradoria Geral do Município que argumentou cumprimento total ou parcial, do acordo firmado com o sindicato da categoria, no último 22 de abril.

Apesar do parecer favorável ao município, a presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Mato Grosso (Sindimed), Eliana Siqueira, acredita que a decisão não interfere muito no que já está sendo cumprido durante o movimento grevista. Segundo ela, o setor de urgência e emergência não sofreu alterações.

A desembargadora também designou a manutenção de no mínimo de 70% da capacidade de atendimento nas demais áreas. "Não consideramos problema atender 70%, a saúde está muito ruim; é um caos tão grande que não queremos nos furtar disso".

Para a médica, a decisão fortaleceu o movimento ao ser decretado legal pela magistrada. "A prefeitura alegou que 'estamos em negociação', só que desde a última paralisação em abril já se passaram 45 dias dos prazos e nada foi feito. Então a desembargadora decretou a legalidade da greve. Com isso, a Prefeitura não pode nos ameaçar".





Fonte: A Gazeta

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