Conselheiros criticam endividamento da Copa

As dívidas deixadas a Mato Grosso pela Copa do Mundo ganharam destaque durante a apreciação das contas de governo referentes ao exercício de 2014 do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Os conselheiros Valter Albano e Waldir Teis criticaram os esforços das duas últimas gestões estaduais no sentido de trazer o Mundial para Cuiabá.

“Eu sempre disse que a Copa do Mundo em Cuiabá era uma bobagem, se não um ato má-fé. O governo que empreendeu esforços nisso não pensou em Mato Grosso”, criticou Albano, diante do ônus de dívidas que o Estado contraiu e de obras inacabadas ou de má qualidade, conforme constatação da própria Corte de Contas.

O endividamento foi classificado como “de luxo” pelo presidente do TCE, Waldir Teis, que cobrou menos vaidade dos governantes em troca da adoção de uma postura mais estadista, que pense nas próximas gestões do governo.

A colocação foi feita diante da informação de que o Estado terá que subsidiar cerca de R$ 350 milhões por ano do custo de funcionamento do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). “Para isso, o governo tem que arrecadar em excesso pelo menos R$ 1 bilhão.Então, fez-se uma obra que vai comprometer outras políticas públicas”, pontuou.

Albano ressaltou, todavia, a necessidade de se agir com bom senso quanto à responsabilização de agentes públicos envolvidos na execução do Mundial em Mato Grosso. Para o conselheiro, não se deve culpar somente uma pessoa, quando parte dos problemas nas obras se deu por conta do Regime Diferenciado de Contratação (RDC), criado pelo governo federal.

Teis também pontuou a parcela de responsabilidade da Assembleia Legislativa, que aprovou a troca do Bus Rapid Transit (BRT) pelo VLT como modal de transporte coletivo a ser implantado em Cuiabá e Várzea Grande. “Diziam que estávamos nos modernizando e que se construiria um foguete espacial para chegar a lua, quando não havia condições nem de construir um teco-teco para sobrevoar Mato Grosso”.