Não dá para dizer o que é pior na saúde Promotor Alexandre Guedes vê atraso de 10 anos e afirma que toda a cadeia de atendimento enfrenta problemas por falta de investimentos.
A saúde no estado de Mato Grosso está com 10 anos de atraso. Com a falta de investimentos em infraestrutura, gestão de pessoas e equipamentos, o Estado tem pela frente um grande desafio, conforme o promotor de Justiça Alexandre Guedes, durante entrevista concedida à rádio CBN Cuiabá, na manhã desta segunda-feira (15).
"Enfrentamos uma gestão de quatro anos em uma absoluta bagunça financeira. Prova disso é o TCE ter rejeitado, por duas vezes, as contas da saúde. O novo governo tem um desafio muito grande. Com a obrigação prestar serviço de saúde de qualidade que tem que refletir na ponta".
Diante do caos na saúde, o promotor tem dificuldade em destacar o ponto mais crítico no segmento no Estado, uma vez que toda a "cadeia" de atendimento enfrenta problemas. "Não dá para dizer o que é pior, pois temos uma grande fila de ortopedia, que já é uma doença urbana devido aos acidente; da cirurgia bariátrica; de visão; a cardiologia; a oncologia; falta de medicamentos na farmácia de auto-custo; não temos vagas nas UTIs; poucos servidores; temos problemas com os contratos recendidos; ou seja são inúmeros problema que decorre da falta de oferta de serviços".
Para o promotor a abertura de novas unidades de saúde ajudará no atendimento da demanda, entretanto teme a falta de profissionais nesses locais. Guedes destacou que falta realização de concursos públicos para a Saúde e, principalmente, uma gestão de pessoas. Ele acredita que a realização de contratos temporários não são atrativos para o profissional, além de também serem desmotivadores por oferecerem salários baixos.
Em Cuiabá, Guedes pontuou que a construção da Unidade de Pronto-Atendimento, no bairro Morada do Ouro, provocou a desativação de serviços importantes prestados pela policlínica do CPA I. "Fez a UPA da Morada do Ouro e desativou a policlínica do CPA I e lá foi desativada a equipe de saúde mental, agora a população deve ser encaminhado para a policlínica do Planalto que já tem sua demanda".
A redução de 50% dos repasses do Estado para a saúde, feita durante o governo Silval Barbosa também foi alvo de criticas do promotor. Ele destacou a ausência de investimentos na saúde básica que, consequentemente, gera aumento de custos para as unidades hospitalares, principalmente na capital, único local com infraestrutura para atendimentos mais 'avançados'. Guedes cita como exemplo do tratamento da hanseníase no Estado.
"Mato Grosso é recordista em casos de hanseníase no Brasil que é uma doença de tratamento simples feito em um posto de saúde. Quando o governo atrasou os repasses e depois reduziu e continuou atrasando, prejudicou o tratamento. Com piora desses pacientes no interior do estado, elas acabam vindo para Cuiabá". O promotor conclui dizendo que cada real não gasto na atenção básico, são quase 30 na hospitalar.
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