Mulher que perdeu filho consegue tratamento para engravidar e doa 'vaquinha' Médico ofereceu o tratamento para a Fernanda Rodrigues, de 38 anos. Ela perdeu o único filho e precisa de doação de óvulo para ser mãe de novo.
Após morte do filho, casal terá uma nova chance (Foto: Fernanda dos Santos Rodrigues/Arquivo pessoal)
Quase quatro anos após perder o único filho, Fernanda dos Santos Rodrigues, de 38 anos, está prestes a realizar o sonho de ser mãe novamente. Diagnosticada com menopausa precoce e com poucas chances de gravidez natural, a única possibilidade para uma nova gestação é a fertilização com óvulo de uma doadora. Porém, outro empecilho surgiu no caminho: o alto custo do procedimento.
Incentivada por uma prima, a educadora social de Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre, aceitou criar uma campanha on-line e compartilhou com amigos e anônimos sua história de vida, em uma tentativa de arrecadar dinheiro para viabilizar a fertilização in vitro, a partir da doação de óvulos.
Antes que o prazo para a arrecadação terminasse, a história tomou um novo rumo. Um médico de uma clínica especializada em reprodução humana da capital gaúcha ofereceu o tratamento de graça para Fernanda.
Fernanda Rodrigues
"Estou muito feliz. Muito, muito. Não tenho palavras pra descrever o que estou sentindo. Foi uma grande surpresa", disse ela, ao G1, pouco depois de receber a notícia nesta sexta-feira (24).
O processo de fertilização por inseminação custa cerca de R$ 18 mil, valor que a família buscava arrecadar na campanha virtual.
"Enquanto a gente via como arrecadar esse valor, pesquisei, procurei, e fui atrás de médicos e opções. Eu sabia que o custo era alto e sabia que não seria fácil de arrecadar", lembra Fernanda, que é educadora social.
"O incrível de tudo isso é que a vida nos leva para caminhos desconhecidos, novos, mas também mágicos. No dia da consulta com ele [médico], ele me atendeu de uma forma diferente. Foi acolhedor. Ele também se emocionou com a minha história. Consegui sentir isso naquele atendimento. E olha, eu já corri muitas clínicas. Foi uma empatia. Sem palavras", afirmou, com a voz embargada.
Fernanda e Marcos têm o nome do filho tatuado
(Foto: Fernanda Santos Rodrigues/Arquivo pessoal)
Doação
Vitor, o filho de Fernanda, morreu em 2011, aos seis anos, por complicações de uma meningite bacteriana contraída quando ainda era bebê.
Devido à doença, ela e o marido passaram longos períodos no hospital com o filho. Por isso, Fernanda pretende doar o valor arrecadado na campanha, de pouco mais de R$ 4 mil, para instituições ou familiares de crianças que precisem de atendimento médico.
"O tratamento foi um presente que nós ganhamos. Estamos pensando em doar esse valor para instituições de crianças que precisam. Eu sei como é. A necessidade que a gente passa dentro do hospital. Não é só a dor de ver teu filho sofrer e não poder fazer nada. Mas também a questão financeira que influencia. Vai ser a nossa forma de agradecer", afirma.
O tratamento ainda não tem data para ser iniciado, mas Fernanda torce que seja em breve. "Preciso passar por uns exames ambulatoriais ainda. A partir disso é que se começa a preparação desse novo bebê", explica.
História
Casada há 15 anos, Fernanda deu à luz o menino quando tinha 28. Oito meses depois, Vitor contraiu meningite bacteriana. Embora a infecção tenha sido curada, o menino ficou com sequelas: a hidrocefalia (acúmulo de líquido dentro do crânio) obrigava a criança a passar por um procedimento que consistia em ter uma válvula inserida na cabeça para drenar o excesso de líquor.
Fernanda e Marcos perderam o filho Vitor quando a criança tinha seis anos de idade (Foto: Fernanda dos Santos Rodrigues/Arquivo pessoal)
"Durante todos esses anos, cada vez que ele entrava em uma sala de cirurgia, a gente assinava um documento que dizia que estávamos cientes dos riscos que podiam acontecer. E um dia aconteceu. Ele teve uma parada respiratória", recorda Fernanda.
Fernanda Rodrigues
Antes mesmo da morte de Vitor, o casal já pensava em ter outro filho. "Mas a vida acabou nos colocando outras situações e tivemos que recuar. A situação de saúde do Vitor era muito delicada. E isso nos freou. Foi um planejamento familiar", afirma. "Nosso desejo era que ele crescesse e que as coisas ficassem melhores e futuramente dar um irmãozinho, ou uma irmãzinha, para ele", completa.
Tudo mudou com o diagnóstico médico de que Fernanda tinha menopausa precoce. Parou de menstruar com 33 anos e viu as chances de engravidar naturalmente reduzirem significativamente.
Após uma série de exames, Fernanda descobriu que só poderia ser mãe outra vez com um procedimento chamado ovodoação, de custo muito elevado para a realidade financeira do casal. Por isso, foi criada uma campanha na internet para tentar viabilizar a fertilização in vitro.
A meta era juntar R$ 18 mil até 5 de julho, data em que Vitor completaria 10 anos de idade. “É emocionante. Nosso sonho agora está pertinho”, conclui a mãe.
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