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Internacional
Quinta - 23 de Abril de 2015 às 16:23
Por: *JOSÉ ANTONIO LEMOS DOS SANTOS

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A Inglaterra e o País de Gales enfrentam um aumento dos casos de coqueluche entre 2008 (900 casos) e 2012 (10.000 casos) com 14 casos de morte em bebês abaixo de 3 meses de idade (que é o grupo mais vulnerável à doença, por terem recebido uma ou nenhuma dose da vacina). A vacina é aplicada aos 2, 4 e 6 meses com dois reforços (15 meses e 4 anos).

Uma metanálise publicada no The Journal of Infectious Diseases mostrou que partes da Bordetella pertussis estão se modificando rapidamente, apesar de ainda manterem uma alta eficácia de sua ação protetora, quando usadas em vacinas. Esses estudos também mostraram que a vacina acelular pode oferecer menor duração de imunidade, fazendo com que adolescentes e adultos não tenham suas defesas contra essa doença de forma eficaz.

Os estudos apontam para uma possibilidade de que as proteínas da Bordetella que estão na vacina estarem apresentando mutações e a possível necessidade de se buscar mais proteínas da bactéria ou mais adjuvantes para melhorar a proteção oferecida pela vacina. Essa questão gerou a indicação de se vacinar as gestantes para que houvesse uma maior proteção contra coqueluche. Segundo estatísticas da Inglaterra, apenas 60% das gestantes receberam a vacina, apesar das evidências da eficácia dessa vacinação.

Nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos, a Califórnia está lutando contra a pior epidemia de coqueluche que já se abateu sobre o estado em sete décadas. Com o aumento dos casos, questões sobre a eficácia da vacina contra coqueluche também estão sendo levantadas.

Os médicos enfatizam que com a vacinação houve menos mortes do que no passado e nos casos em que as pessoas ficaram doentes, a gravidade foi menor. Mas as autoridades da Califórnia dizem que a proteção limitada da vacina introduzida nos anos 1990 levou ao aumento dos casos. Uma pesquisa mostrou que a nova vacina não dura tanto quanto a que ela substituiu, e um novo estudo sugere ainda que a vacina pode não prevenir a propagação da doença.

Picos de coqueluche ocorrem a cada três a cinco anos. Após a última epidemia da Califórnia,em 2010, foi lançada uma campanha sobre a importância do diagnóstico e do tratamento rápido da doença, especialmente em crianças pequenas. O estado também começou a oferecer gratuitamente vacinas para crianças, gestantes e puérperas.

Mesmo após o surto e a campanha de 2010, os números de 2014 não são animadores: um total de 9.935 casos foram notificados ao Departamento de Saúde Pública da Califórnia entre 1° janeiro e 26 novembro de 2014, o maior número em 70 anos. Os casos incluíram um bebê que morreu. Surtos no ensino fundamental, médio e superior têm ocorrido em todo o estado.

O ano de 2013 foi o pior ano para a tosse convulsa, em seis décadas, segundo as autoridades de saúde dos EUA. Foram registrados mais de 48.000 casos, incluindo 18 mortes. Em 2014, o número de casos notificados em todo o país caiu para cerca de 20.000.

No Brasil

No Brasil, o cenário epidemiológico da coqueluche, desde a década de 1990, apresentou importante redução na incidência dos casos, mediante a ampliação das coberturas vacinais de Tetravalente e DPT.

Segundo dados do Ministério da Saúde, em meados do ano de 2011, observou-se um aumento súbito do número de casos e, a partir da semana epidemiológica (SE) 30 desse ano, ultrapassou o limite superior esperado ao se comparar com o período de 2006 a 2010. Em 2012, o número de casos por SE permaneceu em níveis além do esperado, fenômeno ainda em investigação e registrado também em outros países. Vale ressaltar que, nos últimos anos, houve melhora do diagnóstico laboratorial com a introdução de técnicas biomoleculares.

Em 2013, foram notificados 21.260 casos suspeitos e, destes, 30% (6.368/21.260) foram confirmados, dentre os quais 57% (3.666/6.368) eram menores de um ano de idade, seguidos dos de um a quatro anos (19,3%) e, por último, de cinco a nove anos (9,2%). A incidência de coqueluche foi de 3,3/100.000 hab., ultrapassando a do ano de 2012 (2,8). Nesse ano, ocorreram 109 óbitos, todos menores de um ano de idade, com taxa de letalidade de 1,7%.

O aumento da incidência da coqueluche no país, em 2011, guarda diferenças importantes em relação à observada nos Estados Unidos, Inglaterra, Austrália, que têm registrado recentemente epidemias de coqueluche. O crescimento do número de casos, até o momento, no Brasil, apresenta a distribuição etária clássica, ou seja, cerca de 70% dos casos ocorrem em menores de 01 ano de idade, com a grande maioria dos casos entre crianças menores de seis meses, fenômeno que também está sendo observada na Argentina, onde 13% dos casos estão na faixa etária de 01 a 04 anos.

Ressalta-se que o aumento no número de casos não é observado em indivíduos escolares, adolescentes e adultos, embora haja casos em quase todas as faixas etárias, que podem estar subestimados pelo fato de o diagnóstico ser bem mais difícil nos referidos grupos.

“Há relatos em publicações internacionais sobre a existência de ciclicidade da coqueluche, além da existência de hipóteses sobre uma possível mudança de características antigênicas das cepas de B. pertussis circulante. No entanto, até o momento, as mudanças observadas no comportamento da doença, tanto no Brasil como nos demais países, ainda não foram elucidadas”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).

Como se proteger?

Segundo o médico, a vacinação é o principal meio de controle da doença. “Crianças até sete anos devem ser vacinadas contra a coqueluche. Verifique se a carteira de vacinação do seu filho está atualizada. A criança deve receber essa vacina aos 2, 4 e 6 meses de vida com um reforço aos 15 meses e outro entre 4 e 5 anos. A vacina contra a coqueluche faz parte da vacina tríplice (difteria, tétano e coqueluche)”, diz.

“A vacina perde sua validade 10 anos após sua aplicação e, assim como no caso da vacina antitetânica, deveria ser reaplicada a cada 10 anos para garantir, com esse reforço, a imunidade contra a doença. O ideal é que, após a vacinação dos 5 anos, a cada 10 anos, essa vacinação fosse repetida, inclusive, em jovens e adultos”, destaca o médico, membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Os profissionais de saúde devem se vacinar também. “Nós também somos foco de transmissão por atendermos crianças e adultos doentes”, ressalta Chencinski.

As mulheres devem ser vacinadas, se possível, antes de engravidarem. “Mas mesmo as grávidas podem ser vacinadas no pré-natal. As vacinas que têm vírus mortos ou bactérias mortas podem ser aplicadas nas gestantes. No Brasil, a vacina tríplice adulta acelular está à disposição no SUS e nas redes privadas para gestantes entre 27 e 35 semanas de gestação. Essa vacina deve ser aplicada em todas as gestações, pois a intenção é a proteção de cada um dos bebês, desde recém-nascidos”, observa o pediatra.

Nenhuma vacina é 100% eficaz e sua capacidade de defender o organismo de infecções diminui conforme os anos passam. “Mas, mesmo com a proteção da vacina diminuída, ela é melhor do que nada, e geralmente as pessoas que são vacinadas, quando adoecem, têm casos mais leves. Diante deste quadro atual de epidemia, os especialistas estão investigando se a vacinação na infância e os reforços posteriores estão oferecendo uma proteção menos duradoura do que se pensava anteriormente”, diz o médico.

Moises Chencinski destaca que outra forma de proteção é estar atento aos sinais da doença. “A coqueluche geralmente começa com sintomas gripais, que podem incluir um corrimento nasal, congestão, febre baixa e uma tosse discreta. Os bebês podem ter uma pausa na respiração: crises de apneia. Os pais devem consultar um médico se os filhos desenvolverem ataques de tosse prolongados ou graves, vômitos e cansaço”, orienta.





Fonte: Do R7

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