'Consciência tranquila', diz sócio de empresa que fiscalizou obras da Copa Diretor-sócio da Planserv prestou depoimento à CPI por mais de 2 horas. Empresa recebeu R$ 46 milhões para fiscalizar obras na Grande Cuiabá.
Valter Boulos, sócio da Planserv, prestou depoimento à CPI
nesta quarta (Foto: Demóstenes Milhomem/ AL-MT)
O diretor e sócio da Planserv, uma das empresas que compõe o consórcio contratado pela extinta Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) para fiscalizar as obras executadas para a Copa do Mundo em Cuiabá e Várzea Grande, região metropolitana da capital, Valter Boulos, prestou depoimento nesta quarta-feira (22) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura indícios de irregularidades nos projetos.
Por mais de duas horas, ele respondeu aos questionamentos dos membros da comissão e disse que a gerenciadora fez vários relatórios apontando problemas e atrasos e cobrando que fossem sanados. O consórcio também é composto pela empresa sondotécnica. Elas foram contratadas por R$ 46 milhões. Segundo o representante, não foram cobrados pelos meses em que as obras ficaram paradas, mas que o governo ainda deve mais de R$ 5 milhões à empresa.
"Nós estamos hoje com crédito de trabalho de 5,4 milhões que nós recebemos e durante todo o trabalho o governo do estado, através da Secopa, sempre esteve devendo e nunca nos pagou de acordo com o contrato. Nós nos decepcionamos com a falta de pontualidade dos pagamentos", declarou à comissão.
Na oitiva, o deputado Wilson Santos (PSDB) questionou porque o contrato da gerenciadora era de 27 meses de trabalho se a Secopa previa entregar a obra em 14 meses. Por sua vez, o diretor da empresa alegou que quem elaborou o edital e fixou os valores foi o governo do estado. "Simplesmente participei de uma licitação, de boa fé, e venci a concorrência", declarou.
Boulos argumentou ainda que a gerenciadora fez diversos relatórios apontando problemas e atrasos nas obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Disse ainda que dos 4 mil projetos enviados pelo consórcio responsável pelas obras do metrô de superfície, que atualmente encontram-se paradas, a gerenciadora reprovou 600 e fez ressalvas em 1.900. Nenhum projeto completo foi encaminhado à empresa, segundo ele.
"Estamos com a consciência tranquila de que o valor liberado foi aplicado. O que a empreiteira recebeu foi usado. Nenhum centavo a mais", declarou.
Sobre alguns pontos, ele afirmou que as perguntas deveriam ser feitas ao governo anterior e ao consórcio contratado para fazer a obra. Em relação ao viaduto da Avenida Fernando Corrêa da Costa, por exemplo, que alaga toda vez que chove, ele explicou que os problemas de drenagem eram uma questão entre a prefeitura e a Secopa.
Já no viaduto da Sefaz, na Avenida do CPA, interditado após a inauguração, Valter Boulos afirmou que as obras já estavam adiantadas quando a gerenciadora foi contratada.
Oitiva adiada
O depoimento do superintendente regional da Caixa Econômica Federal, Paulo Roberto Pereira, estava marcado para esta quarta-feira, mas por uma falha da comissão ele não foi convocado para depor ontem. Ele deverá ser ouvido nas próximas semanas. Além dele, a CPI ainda deve colher depoimentos do ex-secretário da Copa, Maurício Guimarães, do ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Riva (PSD), que encontra-se preso, e do ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
Com base nos depoimentos do diretor da Planserv e de uma auditora do estado, Nilva Rosa, os membros da CPI devem convocar pelo menos mais duas pessoas para depor: um engenheiro e um fiscal da Planserv, que devem ajudar com informações mais precisas.
O presidente da comissão, Oscar Bezerra (PSB), disse não ficado satisfeito com as explicações dadas por Valter Boulos. "Espero que não haja necessidade dele vir novamente, por que se outros entenderem que a Planserv poderia ter coibido eventuais problemas pode ser complicador [para a empresa]", pontuou.
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