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Nacional
Sexta - 17 de Abril de 2015 às 15:56
Por: *JOSÉ ANTONIO LEMOS DOS SANTOS

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O alojamento sub-humano de chineses dentro de uma pastelaria - Domingos Peixoto / Agência O Globo

A Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio (SRTE/RJ) e o Procon deram início nesta sexta-feira à quarta etapa de fiscalizações em pastelarias do Rio. Na operação, chineses que não falam português e que, possivelmente, trabalham em situação de escravidão, foram levados para a superintendência regional do TRT, onde serão entrevistados em mandarim por intérpretes. Em alguns estabelecimentos foram encontrados funcionários que dormiam no próprio local e em condições sub-humanas.

Além do combate ao trabalho escravo, a ação visa a coibir o tráfico de pessoas e verificar ainda a procedência da carne que está sendo servida ao consumidor. A Operação Yulin foi planejada desde 2011, com base em depoimentos e no cruzamento de dados entre contratos sociais. Nas três primeiras etapas, outros quatro chineses que trabalhavam em situação de escravidão foram resgatados.

A primeira visita desta sexta-feira feita por fiscais do Ministério Público do Trabalho (MPT) e agentes do Procon aconteceu na Rua Camerino, na Praça Mauá, no Centro. Um funcionário chines foi levado para a (SRTE/RJ). Segundo agentes, há forte indícios de trabalhos análogos à escravidão. De acordo com Larissa Abreu, fiscal do MPT, no andar superior da pastelaria havia colchões sem higiene, localizados ao lado de cabos de energia elétrica e o trabalhador dormia dentro de um buraco com menos de dois metros.

— O cenário que encontramos apresenta fortes indícios de que aqui, ele possa estar em situação análoga à escravidão — disse Larissa.

Em uma pastelaria foram encontradas roupas, numa espécie de armário - Domingos Peixoto / Agência O Globo

De acordo com Fábio Domingos, diretor de fiscalização do Procon, o estabelecimento recebeu autos de infração pelas condições insalubres da pastelaria.

— Um cenário de horror. Na bancada onde estavam os frangos desfiados que seriam utilizados nos recheios dos pastéis havia um gato. Eles alegam que o felino servia para afastar roedores. No entanto, o animal poderia urinar e defecar nos alimentos, contaminando-os. Também verificamos muita poeira e insetos na área de preparação.

Na Zona Norte, dois chineses foram retirados de uma pastelaria na Rua Luís Barbosa, em Vila Isabel. Os dois, que não sabem falar uma palavra em português não tinham qualquer documento de identificação e de trabalho. O estabelecimento localizado no número 1 estava com alimentos vencidos. Na cozinha, alimentos apresentavam marcas de mordidas de roedores. O estabelecimento também recebeu diversos autos de infração por insalubridade. Na Tijuca, uma pastelaria denunciada, na Rua Conde de Bonfim, já estava fechada, quando os agentes chegaram ao local.

Na Baixada Fluminense, uma pastelaria foi fechada pelo fiscais em Belford Roxo. Os chineses, que não falavam português, fugiram correndo e abandonaram o estabelecimento. O local também não possuía alvarás nem certificados de funcionamento e foi lacrado.

A operação continua ao longo dia, quando cerca de 12 estabalecimentos serão fiscalizados. Os locais escolhidos pelas equipes de fiscalização foram listados devido ao histórico de denúncias e de inspeções já realizadas. A equipe é formada por dez auditores fiscais do Trabalho e oito fiscais do Procon.

A operação foi batizada de Yulin por causa das denúncias do uso de carne de cachorro nos pastéis, por se tratar do nome da cidade no sul da China onde é realizada anualmente, no dia 21 de junho, o Festival de Carne de Cão, com o abate de aproximadamente dez cães.

VIGILÂNCIA SANITÁRIA FECHA PASTELARIAS

Na quinta-feira, a Vigilância Sanitária do Rio começou um trabalho de fiscalização em pastelarias de chineses do Rio. Dez lojas foram fiscalizadas e autuadas por más condições de higiene e armazenamento de produtos com validade vencida. Três — localizadas em Botafogo, em Laranjeiras e na Tijuca — foram interditadas.

A operação, que deverá se estender até meados de maio, foi planejada após O GLOBO ter mostrado, no sábado, que o Ministério Público do Trabalho investiga casos de trabalho escravo em estabelecimentos de propriedade de chineses. Na mesma reportagem, uma procuradora revelou que encontrou, na cozinha de uma pastelaria de Parada de Lucas, cães congelados, cuja carne seria usada na produção de salgados.





Fonte: O Globo

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