Irmão: aeromoça morta ameaçava deixar o marido Casal estava junto há 10 anos; 'se davam bem, ela defendia ele', conta irmão. Família dela diz que marido já tinha sido internado para tratar vício.
A comissária de bordo Michelli Martins Nogueira havia ameaçado se separar do marido, Julio Cesar Arrabal, caso ele voltasse a se drogar, afirmou o irmão dela. "Ela falou para ele que se ele voltasse a usar [droga], ia largar dele", disse o fisioterapeuta Gilson Alves Nogueira nesta terça-feira (10).
O corpo de Michelli foi encontrado dentro de uma mala na represa de Atibainha, em Nazaré Paulista (SP), por volta das 19h desta segunda, após uma denúncia anônima.
O principal suspeito do crime, segundo a polícia, é Arrabal, encontrado horas depoismorto enforcado por um cinto na casa onde viva o casal, que estava junto há 10 anos.
Gilson Alves Nogueira, irmão da vítima
No local, a Guarda Municipal achou uma faca suja de sangue, uma garrafa de vodca quase vazia e vestígios de consumo de drogas, de acordo com boletim de ocorrência (BO).
"Não teria como falar que foi outra pessoa. A gente acredita sim que seja ele", diz Gilson.
Dependente químico
Segundo os familiares de Michelli, que estiveram na casa da vítima na manhã desta terça, Julio Arrabal usava cocaína e chegou a ficar alguns meses internado em uma clínica de reabilitação no ano passado.
O irmão acredita que Michelli pode ter flagrado o marido usando drogas quando chegou de viagem no sábado (7).
"A gente acredita que nesse momento que ela chegou da viagem, encontrou ele com droga (...) ela deve ter mandado ele embora. Eu acho que nesse momento ele acabou discutindo com ela", diz Gilson.
Julio Cesar Arrabal foi encontrado enforcado em
casa (Foto: Reprodução / Facebook)
Segundo o outro irmão de Michelli, o motoboy Daniel Alves Nogueira, o cunhado não aceitava terminar o relacionamento.
"Ele não aceitava a separação. Para mim, é um covarde. Se queria se matar, se matasse sozinho. Para que levar minha irmã junto? Minha irmã dava tudo pra ele", afirma Daniel.
Cena do crime
Dentro da residência, a polícia encontrou vestígios de sangue no quarto, manchas no lençol, travesseiro e pelo chão da casa. Remédios de venda controlada também foram achados em uma caixa, mas a polícia não soube precisar quem tomava a medicação.
O fisioterapeuta desconfiou do cunhado quando foi até a casa, na noite desta segunda, após ter recebido a notícia de que havia acontecido algo com a irmã em Nazaré Paulista.
Depois que o carro de Arrabal foi identificado no radar da cidade e o corpo de Michelli foi achado na mala, o delegado entrou em contato com a Guarda Municipal de Americana, onde trabalha um terceiro irmão de Michelli. Ele pediu a Gilson que fosse até a residência da aeromoça.
"O rádio estava ligado e a luz estava acesa. Chamei, chamei, mas ninguém atendeu", conta Gilson.
Família não desconfiava de problemas
Segundo o fisioterapeuta, ninguém desconfiava que o casal tivesse problemas, pois o cunhado tratava Michelli bem. Porém, Gilson já havia brigado com o cunhado por ele ter gritado com a irmã.
Marcas de sangue estavam em várias parte da cama do casal em Sumaré (Foto: Cristina Maia/EPTV)
"Eu mesmo cheguei a brigar com ele porque uma vez ele gritou com ela dentro de casa. Eu fui e falei com ele 'não vai gritar com a minha irmã dentro da minha casa'. Aí ela entrou no meio e defendeu ele", afirma Gilson.
Durante a investigação na madrugada, conduzida pelo delegado José Henrique Ventura, da Seccional de Bragança Paulista (SP), que abrange Nazaré, os irmãos descobriram que a aeromoça já tinha registrado boletins de ocorrência contra o marido, mas não sabem os motivos.
Aeromoça foi encontrada morta nesta segunda
(Foto: Reprodução/ TV Vanguarda)
Sem notícias desde sábado
A aeromoça era esperada em um churrasco na casa de parentes no sábado. Segundo Daniel, desde então a família tentava contato com ela, sem sucesso, e achavam que a irmã poderia ter viajado com o marido.
"Não deu informação. Começamos a ligar, não atendia. Aí ontem [segunda], ligamos novamente e recebemos uma mensagem pelo Whatsapp, [dizendo] que estava tudo bem com ela. Mas na verdade acredito que era ele que estava falando com a gente, não era ela mais. Acho que ela já estava morta. Michelli era uma pessoa doce, maravilhosa. Ela arrancava a roupa do corpo para dar para você, se fosse preciso", conta o irmão da aeromoça.
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Investigações
Todos os materiais encontrados dentro da casa foram recolhidos pelo Instituto de Criminalística (IC) de Americana (SP).
Nesta terça-feira, o delegado responsável pelo caso deve começar a ouvir as testemunhas e parentes da comissária para reunir provas. Ventura acredita que o crime está quase esclarecido.
"Há algumas evidências quando você percorre o caminho entre o crime e o criminoso. O carro estava em frente à casa do suspeito com uma luz acesa, e o homem estava pendurado e enforcado, com marcas de sangue dentro da casa", afirmou o delegado.
Mala onde estava corpo da aeromoça (Foto: Edison Temoteo/Futura Press/Estadão Conteúdo)
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