Mais de 50% das recuperandas da unidade penal trabalham 'Ana Maria Couto May' conta atualmente com população de 504 recuperandas
Cerca de 55% da população carcerária da Penitenciária Feminina 'Ana Maria Couto May' está trabalhando. A unidade abriga 177 recuperandas, e deste total 95 estão trabalhando dentro ou fora da unidade. A maior parte – 77 mulheres –, exercem suas funções no interior da penitenciária, e o restante – 18 assistidas –, atuam em outros órgãos da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh).
De acordo com a diretora da unidade, Gisele da Silva Araújo, todas recebem o benefício de remição da pena, contudo somente as que atuam fora da unidade recebem um salário mínimo. Este valor é pago diretamente para as recuperandas, e o acerto é feito semanalmente. “Nós documentamos todo o procedimento e o pagamento é feito de acordo com a produção de cada uma”, explicou Gisele da Silva Araújo.
A Penitenciária Feminina 'Ana Maria Couto May' conta com uma fábrica de salgados e um salão de beleza. A limpeza e manutenção de alguns serviços, como servir as refeições, também é de responsabilidade das apenadas. A produção de crochê é controlada pela direção da penitenciária. “A entrega de linha é subordinada a produção de material – toalhas, pano de prato e etc -; só as recuperandas que cumprem com seus prazos recebem linha para continuar a produzir”, contou a diretora.
Depois o material é enviado à família para que esta venda o produto. Segundo a diretoria da unidade, os resultados das vendas tem sido satisfatórios. Outras funções que tem atraído o interesse das recuperandas é a pintura em tela e o biscuit (massa usada para criar artesanato, também conhecida como porcelana fria, pois não precisa ir ao forno e sua seca).
As recuperandas da unidade são responsáveis também pela produção de todos os uniformes usados pelos privados de liberdade do Sistema Penitenciário de Mato Grosso (Sispen-MT). O setor onde eles são confeccionados funciona se segunda a sexta-feira.
Questionada sobre como o trabalho beneficia sua vida, J.S., 24 anos, preso por tráfico de drogas, disse que se sente otimista. “A confiança do sistema em me colocar extramuro ajuda muito, e tem a remuneração e também a redução da minha pena pra eu ir embora antes do tempo determinado, e assim poder ver meu filho. Aqui eu me sito melhor, mais à vontade, eu me distraio com o trabalho."
Estudos
A direção implantou um terceiro período para estudos. Como muitas exercem suas funções de manhã e a tarde, a direção abriu aulas no período noturno, especificamente para atendê-las. As aulas compreendem o Ensino Fundamental e Médio e são ministradas por profissionais do ensino municipal e estadual. Além das aulas, a unidade oferece o “Curso de Oração”, que também conta para a remição de suas penas.
População Carcerária
Mato Grosso conta com uma população carcerária de 504 mulheres. São 308 em estado provisório; 183 condenadas; 03 em regime semiaberto e nenhuma em regime aberto. As cadeias abrigam 275 recuperandas e as penitenciárias contam com 229 assistidas.
Na cadeia de Alto Garças existem sete cidadãs (todas em regime semiaberto), assim como na de Aripuanã, onde o número é de oito. Em Barra do Garças são 10, Canarana cinco, Colíder 43, Comodoro uma, Nortelândia 38, Nova Xavantina sete, Porto Alegre do Norte seis, Primavera do Leste 13, Rondonópolis 96, São Félix do Araguaia quatro e Tangará da Serra 52. Nas penitenciárias elas estão nos anexos de Sinop e Água Boa e na 'Ana Maria Couto May', em Cuiabá.
Dados divulgados pelo Ministério da Justiça (MJ) mostram que os crimes mais praticados pelas mulheres no Estado, considerando o total de crimes praticados por mulheres, são crimes contra a pessoa (3,65%); contra o patrimônio (9,9%); contra a paz pública (0,26%); tráfico (81,22%) e tráfico internacional (4,3%).
Em Mato Grosso, 26,98% das mulheres presas possuem entre 18 e 24 anos; 29,2% possuem entre 25 e 29 anos; 20,86% possuem entre 30 e 34 anos; 15,77% possuem entre 35 e 45 anos; 6,78% possuem entre 45 e 60 anos; 1,04% possuem mais de 60 anos.
Em relação à cor da pele/ raça, 60,23% das mulheres presas no Mato Grosso foram consideradas pardas; 22,03% brancas; 17,86% negras; 0,13% indígenas; 0,39% amarelas.
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