Irmão diz crer que sumido em navio está vivo Mossoroense, Luiz Cláudio Nogueira, de 43 anos, é técnico de segurança. Explosão na casa de bombas matou cinco pessoas no litoral capixaba.
Mossoroense, Luiz Cláudio Nogueira, de 43 anos, é técnico de segurança (Foto: Arquivo da família)
Natural de Mossoró, cidade da região Oeste potiguar, o técnico de segurança Luiz Cláudio Nogueira, de 43 anos, está entre os trabalhadores desaparecidos após a explosão na casa de bombas do navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus, que presta serviços para a Petrobras. O acidente aconteceu por volta das 12h50 desta quarta-feira (11) no litoral do Espirito Santo. “Desde então, não temos notícias dele. Mas, acreditamos que ele ainda está vivo. Temos fé”, disse ao G1 Kleber Nogueira, irmão de Luiz.
Imagem de arquivo do navio-plataforma
FPSO Cidade de São mateus (Foto: Divulgação)
Ainda segundo o irmão, Luiz trabalha há pouco mais de dois anos na BW Offshore, empresa norueguesa que opera o navio. Na manhã desta quinta, o sindicato dos petroleiros do Espírito Santo e a própria empresa confirmaram que cinco trabalhadores morreram na explosão, vinte e cinco ficaram feridos e quatro ainda não haviam sido encontrados após todos os funcionários serem retirados da unidade. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) informou que 74 pessoas estavam no navio-plataforma.
(O G1 acompanha em tempo real o resgate das vítimas)
“Meu irmão é casado e tem uma filhinha de um ano. Atualmente mora em Rio das Ostras, no RIo de Janeiro. Ele passou quatorze dias de folga, e voltou ao trabalho justamente nesta quarta-feira, quando embarcou no litoral capixaba”, disse Kleber. “Em nossa família somo oito irmãos. Eu e uma irmã trabalhamos na Petrobras. E tem o Luiz, que também é do ramo, mas que trabalha nesta empresa terceirizada. Em 1987, um outro irmão nosso, e que também era empregado da Petrobras, morreu em um acidente quando dirigia um caminhão da empresa no município de Upanema, aqui mesmo no Rio Grande do Norte”, acrescentou.
Mortes
O Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES) informou, na manhã desta quinta-feira, que dois corpos foram encontrados na sala de máquinas do navio-plataforma. Agora, o número de mortes no acidente subiu para cinco, sendo que quatro pessoas continuam desaparecidas e 14 feridos foram internados em dois hospitais da Serra, cidade da região metropolitana de Vitória. Procurada pelo G1, a BW Offshore, empresa que administra o navio, confirmou, em nota, o total de mortos. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) e para o Corpo de Bombeiros informaram que não vão se manifestar.
Feridos
O Vitória Arpat Hospital recebeu 12 feridos. Até as 12h desta quinta-feira, três deles já foram liberados. Dos nove que estão no hospital, oito seguem internados e um está em observação no pronto-socorro. Dois devem ser liberados ainda nesta manhã. Dos sete que não receberão alta nesta quinta, três estão em estado grave, com risco de morte. Segundo a direção do hospital, todos chegaram queimados. O outro hospital particular que está com dois feridos no acidente ainda não informou o estado de saúde dos pacientes.
O diretor do Vitória Apart explicou que, entre as pessoas que estão em estado grave, um é filipino. "O paciente filipino foi o único que chegou ao hospital sedado, os outros chegaram conscientes. Os que têm ferimentos mais leves não estão recebendo menos atenção, pois ainda podem aparecer traumas. Soubemos que um dos feridos ficou preso em um elevador e inalou muita fumaça, o que foi bastante prejudicial", disse.
Hotel Bristol, em Vitória, onde estão sobreviventes e parentes de vítimas de explosão em navio-plataforma (Foto: Naiara Arpini/G1)
A unidade informou que a Petrobras não autorizou a divulgação dos nomes dos pacientes. Os familiares de feridos que estão no hospital estão sendo atendidos por assistentes sociais. Ainda não há informações sobre os outros dois feridos que estão em um hospital particular na Serra.
Buscas
Uma equipe de nove bombeiros foi enviada, na noite desta quarta-feira, para o navio-plataforma para buscar as pessoas que estão desaparecidas. O grupo de resgate em ambiente fechado foi ao local em dois helicópteros da Marinha para procurar dentro da embarcação.
De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), a suspeita dos bombeiros é que os funcionários estejam isolados em alguma sala não atingida pela explosão e que não tenham uma forma de se comunicar. O navio-plataforma está sem iluminação, o que tornaria ainda mais difícil a tarefa dos desaparecidos de sair de onde estão.
O navio-plataforma está sem iluminação, o que dificulta o resgate. Por conta disso, os bombeiros utilizariam lanternas dos capacetes e de mão para auxiliar nos trabalhos.
Dentre os equipamentos levados para auxiliar no resgate, está o conjunto de respiração autônomo, com oxigênio, necessário em ambientes confinados. Cada bombeiro conta, ainda, com equipamentos individuais de proteção, incluindo os necessários para rapel. Eles também estão equipados com macas rígidas e outras articuladas, que garantem mais flexibilidade para resgate em locais apertados.
O Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES) informou que três pessoas da Brigada de Incêndio da plataforma iniciaram as bucas antes da chegada dos bombeiros.
Ibama
A coordenadora geral de emergências do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Fernanda Pirillo, informou que não há evidências de poluição ou quaisquer danos ambientais após a explosão do navio-plataforma em Aracruz. Mesmo assim, o Ibama vai realizar um sobrevoo no local, junto à Petrobrás, para avaliar a situação.
O QUE É FPSO | |
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Floating Production Storage and OffloadingÉ um navio adaptado para funcionar como plataforma de produção, armazenamento e transferência de gás ou petróleo para outras embarcações. |
Petrobras
O navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus é operado pela BW Offshore e afretado (contratado) pela Petrobras, que confirmou o número de vítimas e informou que havia 74 pessoas embarcadas no total – mas não especificou quantas trabalham para a petroleira.
"A unidade opera, desde junho de 2009, no pós-sal dos campos de Camarupim e Camarupim Norte, no litoral do Espírito Santo, a cerca de 120 km da costa", afirma o texto.
A plataforma, que armazena e produz petróleo e gás, tem foco maior na produção de gás. Segundo a ANP, sua produção é de 2,250 milhões de metros cúbicos de gás/dia e 350 metros cúbicos de óleo/dia.
O FPSO Cidade de São Mateus foi o primeiro para gás instalado no Brasil. O contrato entrou em vigor em 2009 e tem duração até 2018.
O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, comentou nesta tarde o acidente: “A diretora de Abastecimento e Gás [da Petrobras] já se deslocou até o local, estamos esperando um relatório do ocorrido. Mas quero desde já, em nome do governo federal, prestar condolências aos familiares das vítimas e pedir a Deus que aqueles que foram feridos tenham o pronto restabelecimento.”
O ministro disse que estava com a presidente Dilma Rousseff quando recebeu a notícia da explosão na plataforma. “A presidente lamentou muito e ficou muito sentida porque, afinal de contas, houve perda de vidas humanas”, disse Braga.
Acidente em plataforma a serviço da Petrobras no ES - VALE ESTE (Foto: Arte/G1)
Investigações
A Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos do Espírito Santo (CPES), informou que tomou conhecimento da explosão na plataforma e encaminhou um navio e duas aeronaves para a área, “com a prioridade inicial de realizar a evacuação de pessoal e remover as vítimas para os hospitais da Grande Vitória".
A CPES diz ainda que será aberto um Inquérito Administrativo sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN), para esclarecer as causas e responsabilidades pelo ocorrido na plataforma. "O prazo para a conclusão do inquérito é de 90 dias”, diz a nota.
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