Carta de refém morta: 'Eu não mereço perdão' Morte de Kayla Jean Mueller, refém do Estado Islâmico, foi confirmada. Família divulga carta que ela escreveu enquanto estava presa.
Morte de Kayla Jean Mueller foi confirmada nesta terça pela Casa Branca (Foto: Reuters)
“É difícil saber o que dizer. Por favor, saibam que estou em um local seguro, completamente desarmado e saudável; tenho sido tratada com muito respeito e gentileza (...). Se 'sofri' em toda essa experiência, foi só ao saber quanto sofrimento fiz vocês passarem; nunca vou pedir para me perdoarem, já que não mereço perdão”, disse Kayla Jean Mueller, a refém do Estado Islâmico que foi morta na Síria, em carta escrita à sua família e divulgada nesta terça-feira (10). A família decidiu divulgar a carta depois de confirmar a morte da jovem.
Trecho da carta de Kayla Mueller, refém do EI morta na Síria
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, também confirmou nesta terça sua morte. Kayla, de 26 anos, era mantida refém na Síria pelo grupo radical Estado Islâmico (EI).
Na semana passada, o grupo anunciou que ela havia morrido em um ataque aéreo realizado pela Jordânia na última quinta-feira (5) e que atingiu o edifício onde que estava sendo mantida em Raqa.
Os radicais disseram que nenhum dos seus combatentes foi morto nos ataques aéreos. Até esta terça-feira, os EUA ainda não haviam confirmado a informação.
Orações
Na carta, Kayla falou sobre sua fé: “Lembro da mamãe sempre me dizendo que no final das contas o único que você realmente tem é Deus. Cheguei a um ponto em minha experiência em que, em todos os sentidos do mundo, me rendi ao nosso criador porque literalmente não havia mais ninguém... e com Deus e com as orações de vocês, me senti ternamente embalada em queda livre. Fui mostrada à escuridão, à luz e aprendi que, mesmo na prisão, uma pessoa pode ser livre".
Kayla também escreveu que era grata a essa descoberta e que rezava todos os dias. Disse que pensava muito no que sua família representava para ela.
“Tive muitas horas para pensar sobre como só na sua ausência finalmente entendi, aos 25 anos, o lugar que vocês têm na minha vida”, escreveu.
A refém também pediu à família que não se preocupasse em negociar sua libertação, e que estava “lutando” do jeito que podia para isso.
“Não vou desistir, não importa quanto tempo leve (...). Por favor, sejam pacientes e entreguem sua dor a Deus. Sei que vocês querem que eu seja forte. E isso é exatamente o que estou fazendo. Não tenham medo por mim, continuem a rezar como eu vou fazer e, pela vontade de Deus, nós estaremos juntos em breve”, termina a carta.
Confirmação
Segundo a Casa Branca, no último final de semana a família de Kayla recebeu uma mensagem privada dos sequestradores do Estado Islâmico com “informações adicionais”, levando à conclusão de que ela havia morrido.
"Não importa o tempo que leve, os Estados Unidos encontrarão e levarão ante a Justiça os terroristas responsáveis pela captura e morte de Kayla", afirmou Obama em comunicado.
Ele também afirmou que o Estado Islâmico é um “grupo terrorista odioso e abominável”.
Ataques contra o EI
A Jordânia disse no domingo (8) que os aviões caça de seu país haviam realizado 56 ataques em três dias de bombardeio intensificado em um reduto de militantes do Estado Islâmico no nordeste da Síria.
O país lançou os bombardeios contra posições do grupo jihadista na Síria e no Iraque na quinta-feira (5) em resposta ao assassinato brutal de um piloto jordaniano Muath al-Kasaesbez, capturado em dezembro de 2014 após a queda de seu avião em um ataque da coalizão liderada pelos EUA.
Um vídeo divulgado pelo grupo mostra o piloto em uma jaula, sendo queimado vivo.
A ação militar da Jordânia continuou no sábado (7). O general Mansur Al-Jobur afirmou que os ataques destruíram 20% da capacidade militar do EI, embora não tenha especificado os locais.
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