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Opinião
Sábado - 26 de Novembro de 2011 às 08:52
Por: Lourembergue Alves

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A democracia é o regime pretendido por todas as pessoas. Inclusive por quem ignora suas regras ou ainda não o tem como signo-orientador. Posicionamento contraditório, porém aceitável, uma vez que inexiste outro regime melhor do que o democrático. Embora se saiba de que muitos que o defendem, sequer aprenderam a viver sob sua égide. São os casos dos chefes, chefetes e caciques da política. Isso faz dos partidos – contraditoriamente – locais inapropriados para o viver democraticamente. Mesmo que imprescindíveis para o dito processo.

 Imprescindíveis em razão do papel que deveriam desempenhar. Especialmente como intermediários entre os governantes e os governados, além do que deveriam ser: fóruns permanentes de discussão sobre os mais variados temas. Não unicamente na condição de trampolim. Esta última, infelizmente, acabou sendo a sua única tarefa desempenhada.  

 Apesar disso, evidentemente, não descartáveis. Nem deveriam sê-los. Sobretudo em um país, onde a candidatura avulsa ou independente não é legalmente e de fato admitida. Embora haja vozes – aos montões – que defendem tal modalidade. Aliás, na Comissão de Reforma Política do Senado, ela foi colocada na mesa de discussão, sem, contudo, ser aprovada; e, mais recentemente, voltou ao debate, graças às manifestações de dois ou três senadores. Nenhum deles, no entanto, apresentou a explicação devida. Talvez por lhes faltarem a bagagem necessária. Pois tamanha “ousadia” requer bem mais do que apoios. Mas, particularmente, fundamentos – os quais não se constituem apenas com o malabarismo de palavras, nem com o jogo de metáforas à moda gorgiana. Proezas em que os políticos – novatos e veteranos – estão habituados e são bastante habilidosos. Habilidade e hábito que, na verdade, servem para esconder a ausência de leituras apropriadas. Ausências que prejudicam o pensar, que lhes são tão necessários, e, em função disso, fogem as idéias. Estas são – para Locke – objetos do entendimento. Entendimento que cobra o ato de ler, o qual, infelizmente, é ignorado, sobretudo, pela imensa maioria dos parlamentares. Daí o vazio dos plenários, que não são mais norteados pelo discurso e pela esgrima.   

 Explica-se, então, a falência da representação política no Brasil. Não por ordem semântica. Tampouco em razão de que o verbo representar e o substantivo representação se aplicam a um universo muito vasto e variado. Mas, isto sim, pela incapacidade e inabilidade de quem está imbuído de tal encargo.
 Situação que deve ser criticada sempre. Porém, é preciso mais do que isso. É preciso observar que a democracia – apesar de ser o melhor dos regimes – possibilita que os incompetentes sejam eleitos. Não apenas para o Legislativo. Mas, igualmente, para o Executivo. As Casas Legislativas estão abarrotadas deles, e as chefias da administração pública também. 

 Culpar, contudo, o regime não parece ser “uma boa”. Pois são as agremiações que selecionam os candidatos, e, destes, o eleitorado escolhe quem lhe parece ser os melhores. “Melhores” que são “fabricados” pela equipe de marketing – sustentada por muita grana. Dinheiro que vem de doação e do desvio de recursos dos cofres públicos. Por isso se diz, e não sem razão, que “é o poder econômico que elege e reelege”. Pois o eleitor se deixa levar pela onda das promessas. Ainda que seja a mais maquiada e artificial das ondas oferecidas. Resulta-se daí, quase sempre, a eleição de alguém incompetente e descompromissado com os anseios da sociedade.   
              
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.  
 


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