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Polícia PF identifica mais de 50 pistas clandestinas em Mato Grosso
Estas estão localizadas em fazendas e estavam sendo utilizadas por quadrilhas para transporte de drogas. Principais pontos de pouso e decolagens irregulares estão na região da fronteira entre Brasil e Bolívia e, em alguns casos, sem o conhecimento dos donos das propriedades. De acordo com o delegado Marco Aurélio Faveri, que atua no setor de combate ao tráfico, número de prisões e apreensões de bens oriundos do narcotráfico, realizados pela PF no primeiro semestre deste ano teve um aumento significativo com relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo a PF, de janeiro a julho de 2014, 1,9 tonelada de drogas foi apreendida em operações da instituição. Este ano o índice registrado foi um pouco menor, com 1,6 tonelada de entorpecentes. Em contrapartida, enquanto no primeiro semestre do ano passado foram apreendidos bens totalizando a quantia de R$ 6,6 milhões, este ano o número chegou a R$ 61 milhões, o que corresponde a um aumento de 824%. O número de prisões de pessoas envolvidas com o tráfico de drogas também aumentou, enquanto em 2014 foram realizadas 65 prisões, este ano 82 criminosos já foram presos pelo crime de tráfico de drogas.
Faveri diz que trabalhos de fiscalização de agentes federais são constantes para combater o narcotráfico no Estado. “As investigações não param, estamos sempre estudando as maneiras de atuação dos empresários do tráfico. Seja por vias terrestres, análises aéreas, interceptação de linhas telefônicas, nós não paramos os trabalhos, até porque o tráfico também não para e acontece a todo instante, não só em Mato Grosso, mas em todo o país”.
As cidades mato-grossenses que fazem fronteira com a Bolívia, país conhecido pelo intenso movimento da comercialização de entorpecentes, e também a região do Pantanal são historicamente os principais canais de transporte de drogas, por isso, trabalhos da PF também são intensos nessas áreas. “Porém, o transporte não acontece só nessas localidades. Os traficantes estão presentes em todas as cidades do país e no Estado não é diferente. Eles estão sempre à procura de novos canais de escoamento de materiais ilícitos”, diz o delegado federal, que evita divulgar as cidades, para que não atrapalhe as investigações do órgão.
Faveri enfatiza ainda a questão do aumento da utilização do transporte aéreo de drogas em Mato Grosso. Segundo ele, uma breve análise histórica aponta para a apreensão de inúmeras aeronaves utilizadas para este fim, mas que havia diminuído até há alguns anos atrás e agora voltou com força total. “Ano passado apreendemos três aeronaves que estavam sendo utilizadas pelos narcotraficantes. Este ano, esse número já dobrou. Apreendemos, até julho, um total de seis aeronaves, boa parte delas roubadas”.
O delegado explica que apesar de muitos dos aviões serem roubados, existem os que são de propriedade dos próprios traficantes, ou dos pilotos. “Já apreendemos aeronaves que foram compradas com o próprio lucro da comercialização de drogas. Outras que o piloto contratado para conduzi-la era o dono e além de cobrar para pilotar, cobrava pelo aluguel da aeronave. É um esquema que possui várias linhas de investigações, mas essas são as mais comuns”.
Apesar da PF trabalhar na identificação de pistas clandestinas no Estado, a verificação do que está sendo transportado não é o papel do órgão. Além disso, existe uma dificuldade em descobrir se as pistas são irregulares ou não. “A maioria dos fazendeiros possui área de pouso de aviões de pequeno porte, por na maioria das vezes as áreas ficarem em local de difícil acesso. Existem casos que traficantes utilizam essas pistas, sem o conhecimento do proprietário, fazendo o transporte de drogas durante a madrugada, por exemplo”, pontua Faveri.
Segundo ele, as buscas e entregas de entorpecentes são ações rápidas e minimamente calculadas, pois caso contrário, os criminosos acabam tendo graves consequências. “Eles estudam o tempo de carregar e descarregar o material ilícito, o tempo e a extensão de um ponto a outro. E se isso é feito de maneira errônea, eles podem acabar sendo pegos ou em casos extremos caírem, por falta de combustível, como já registramos algumas vezes”.
As operações da PF com relação ao narcotráfico no Estado têm sido voltadas à prisão direta dos chefes de quadrilhas, pois são estes os reais responsáveis pela movimentação de drogas no país. “Prender a pessoa que transporta ou a que está recebendo o entorpecente é bom, mas melhor ainda é quando chegamos ao empresário do tráfico, pois tudo acontece por ordem deste e enquanto ele estiver solto, mais pessoas se envolverão com este tipo de crime”, diz Faveri.
O superintendente da Polícia Federal, Marcos Antônio Farias ressalta o desempenho da instituição local, que segundo ele tem se destacado no país pelo trabalho desenvolvido. “Estamos em um local geograficamente facilitador para o transporte de drogas e isso é comprovado historicamente. Porém, mesmo com um efetivo deficitário, nós estamos conseguindo ter uma ótima produtividade mediante as outras superintendências”.
Farias informou ainda que existe a possibilidade de serem deflagradas novas operações contra o narcotráfico até o final deste ano. “Estamos sempre na expectativa. Esse ano já realizamos 19 operações abrangendo todas as áreas de atuação da Polícia Federal e é possível que outras sejam deflagradas até dezembro”.
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