II Encontro Nacional de Ruivos acontece neste sábado (7) e domingo (8). Jovens vão discutir sobre as situações e bullying vividos na adolescência.
Rio organiza encontro de ruivos
Página no Facebook do II Encontro Nacional de Ruivos (Foto: Reprodução/ Facebook)
Acostumados a ser os únicos da turma, os ruivos não querem mais ficar sozinhos e resolveram se unir em um encontro inusitado no Rio de Janeiro neste sábado (7) e domingo (8). De apelidos a sardas, a comunidade de cabelos avermelhados quer compartilhar as situações vividas dentro de um país que se diz, conforme os dados do IBGE, composto por brancos, pretos, pardos, amarelos e indígenas.
Ana Carolina Eloy é uma das organizadoras do
encontro(Foto: Arquivo pessoal)
A relações públicas Ana Carolina Eloy, 25 anos, é uma das organizadoras do II Encontro Nacional dos Ruivos. A jovem explica que o evento nasceu na internet, depois de grupos e comunidades criadas em redes sociais. “Tem cinco anos que um garoto do Nordeste criou o blog Ruivos Mania em homenagem a noiva. Isso acabou virando comunidade no Orkut e página no Facebook. O nosso propósito é juntar o maior número de ruivos naturais. Em São Paulo, onde aconteceu o primeiro encontro, juntamos mais de 80. Em Breda, na Holanda, onde acontece um evento anual, já foram reunidos mais de 1.200”, explica.
A agenda do encontro dos ruivos é extensa, e inclui de piquenique a boate. Na festa será oferecido o drinque intitulado de Florence, em referência a cantora ruiva irlandesa Florence Welsh. “Os ruivos terão algumas regalias, como descontos e outras vantagens”, afirma Ana Carolina.
De Gringo a Grampola
Tratado como gringo no Rio de Janeiro, sua cidade natal, Flavio Tauchen, 30 anos, também já foi conhecido pelas alcunhas de “Grampola”, “Ferrugem” e “Arroto de Fanta”. Essas e outras curiosidades, ele promete compartilhar com os outros ruivos no encontro.
“O pessoal se encontra para trocar ideias, conhecer melhor as situações que passam. É muito engraçado. Geralmente, quando é mais novo, costumamos ter problemas de aceitação das outras pessoas no colégio, mas depois que ficamos adultos, rimos disso tudo. Às vezes, encontramos alguém bacana para sair depois”, comenta Flavio, que chegou a namorar uma ruiva que conhece em um dos encontros regionais.
A estudante de cinema Julieta Bonna, 27 anos, conta que na adolescência sofreu com a exclusão. “O bullying é super comum. No colégio tinha 200 pessoas, e eu era a única ruiva. Por causa das sardas, quando criança eu tinha o apelido de Pokémon de fogo. Por algumas vezes chorei e me perguntei por que não era morena como o meu irmão. Cheguei a pintar meu cabelo, mas com 16 anos, passei a me aceitar e ame valorizar”, afirma a jovem, que vai hospedar quatro ruivos em sua casa.
RedHeads
Se antes era motivo de exclusão, os ruivos viraram objeto de cobiça. A fotógrafa Virgínia Nuñez, 27 anos, roda o mundo em busca de modelos para o seu projeto, intitulado de V Project RedHeads. Morena, Virgínia já fotografou mais de 150 “cabeças vermelhas”, entre crianças, adultos e idosos. Durante o Encontro Nacional de Ruivos, ela espera aumentar o número de registros.
“Eu sempre achei os ruivos interessantes. Eles são raros. Conforme fui fotografando, eles contavam histórias, muitas delas difíceis. Em muitas, o bullying era constante. Eu fiquei curiosa e comecei a pegar depoimentos do que é ser ruivo, como é ficar na pele de um ruivo”, conta Virgínia, que espera lançar um livro com os cliques realizados.
A fotógrafa ressalta que para participar do RedHeads não basta a cor do cabelo. “Os modelos não podem usar nenhum tipo de maquiagem, além disso, nas fotos não podem aparecer as roupas. Eu uso sempre o fundo infinito, a idéia é mostrar as diferenças de tonalidade de pele”, diz Virgínia.
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