Funcionários da Petrobras fazem greve por aumento salarial

Rio de Janeiro, 3 set (EFE).- Funcionários da Petrobras cruzaram os braços hoje em algumas unidades da empresa para reivindicar maiores salários, justo no dia em que a petrolífera anunciou o que pode ser o maior lançamento de ações no mundo.

Iniciada nesta madrugada, a paralisação envolveu 80% dos funcionários diretos e das empresas terceirizadas da Petrobras, indicaram à Agência Efe fontes da Federação Única dos Petroleiros (FUP).

A direção da Petrobras informou que não tem informações sobre a adesão da greve, mas garantiu que a greve não afetou nem a produção nem as operações da empresa.

"Os funcionários interromperam as principais operações e mantiveram apenas as atividades essenciais para a manutenção e a segurança das equipes", esclareceu a FUP em comunicado.

A greve paralisou pelo menos as refinarias de Duque de Caxias, Paulínia, Mauá, Betim, Manaus e Paraná, bem como a Usina do Xisto, em São Mateus do Sul (PR) e várias das unidades de transporte e de distribuição, segundo a FUP.

O sindicato disse igualmente que também aderiram à greve funcionários de 30 plataformas marinhas da Bacia de Campos, em águas profundas no Oceano Atlântico, onde a empresa extrai mais de 80% do petróleo produzido pelo país.

O sindicato informou que a paralisação será mantida durante o dia todo e que é apenas uma advertência de uma possível greve por tempo indeterminado, caso a empresa não atenda as reivindicações salariais.

Os funcionários da Petrobras reivindicam aumento salarial que reponha as perdas provocadas pela inflação nos últimos 12 meses, que calculam em 5%, bem como um aumento real de 10% como bônus pelo aumento da produtividade.

Os grevistas também reivindicam melhorias nos programas de bolsas de estudos oferecidas pela empresa e uma maior atenção aos direitos trabalhistas dos funcionários de empresas terceirizadas.

Em comunicado, a Petrobras rejeitou a medida de pressão e alegou que a "mesa de negociações" é o melhor local para um "diálogo aberto e transparente" entre a direção da empresa e os representantes dos trabalhadores.

A greve coincidiu com a oferta pública de ações anunciada hoje pela empresa e que pode permitir à companhia uma capitalização de até R$ 128 bilhões, a maior do mundo nos mercados de valores.

A empresa pretende emitir 2,174 bilhões de novas ações ordinárias e 1,586 bilhão de novas ações preferenciais, bem como recibos de ações (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York.

Os recursos captados servirão para financiar parte do ambicioso plano de investimentos da empresa até 2014, que chega a US$ 224 bilhões.