Cuiabanos vão às ruas contra o aborto
Centenas de pessoas tomaram o centro de Cuiabá para protestar contra o projeto de lei federal que legaliza a prática do aborto no país. O "ato público em defesa da vida, contra o aborto" começou em frente ao Palácio Alencastro, em Cuiabá, e percorreu a rua 13 de Junho. Um abaixo-assinado contra o projeto foi divulgado. Participaram do ato principalmente pessoas ligadas às associações religiosas, comitê mato-grossense contra o aborto e membros de associações de moradores.
O vice-coordenador do Comitê Mato-grossense da Cidadania em Defesa da Vida Contra o Aborto, Marcus Vinícius Tanan, disse que não existe nenhuma estimativa real sobre a quantidade de abortos realizados no Estado, porque a grande maioria é feita em clínicas clandestinas.
Ele explica que o comitê surgiu em 2006, depois que ocorreu o "Movimento Nacional da Cidadania pela Vida: Brasil sem aborto", em 2005. "O objetivo é levar informação à sociedade. Independentemente do motivo, aborto é sempre aborto".
Os manifestantes colocaram faixas criticando a prática, além de fotografias de bebês decapitados ou sem alguns membros do corpo devido as operações cirúrgicas. Um dos coordenadores da manifestação, Adalberto Cavalcante, disse que o ato serve para mostrar o repúdio da sociedade contra um projeto apoiado por candidatos a cargos federais em Mato Grosso.
Grande parte das pessoas ouvidas na manifestação disseram ser contra o projeto, mesmo que a mãe corra risco de morte ou o bebê nasça anencéfalo (sem cérebro). Mãe de João Marcos, de 1 ano e 3 meses, a arquiteta Gemima Almeida Souza, 34, diz ser contrária por esse ser um direito divino. "O aborto é inaceitável em qualquer situação. Só Deus pode tirar a vida".
O espírita Péricles Renato Campos dos Santos, da Associação Eurípedes Barsanufo, afirmou que a interrupção da gravidez vai de encontro à doutrina da reencarnação, que é parte dos ensinamentos espírita. "Já houve caso de feto anencéfalo viver até os 2 anos. A mãe que luta pela vida de um filho sem cérebro dá maior sentido à vida do que se o tivesse eliminado. Outro argumento dos que defendem o aborto é que as clínicas clandestinas irão acabar. Isso não é verdade. Mesmo que o aborto seja feito pelo SUS (Sistema Único de Saúde) as clínicas clandestinas continuarão existindo".
Ao final da manifestação na praça, dezenas de pessoas carregando faixas cruzaram a avenida Getúlio Vargas, causando demora no trânsito, e subiram a escadaria da Igreja Matriz, onde rezaram o "Pai Nosso". Depois, atravessaram a Praça da República com um carro de som e percorreram toda a rua 13 de Junho, o que tornou o trânsito mais difícil no final da tarde. A intenção é que o movimento aconteça em outros municípios.
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