Com um passado cheio de vitórias políticas, o ex-prefeito Wilson Santos já havia desenhado o seu futuro depois de uma disputa sem sucesso
Após derrota, Wilson quer ser consultor

Após 22 anos ininterruptos em seis mandatos políticos, o ex-prefeito cuiabano Wilson Pereira dos Santos, derrotado nas eleições para o governo do Estado, planeja se tornar consultor. Esta foi uma das revelações feitas pelo ex-prefeito à reportagem do Diário, que ontem o acompanhou desde as primeiras horas do dia.

Santos diz que vai montar um escritório e vender suas ideias e experiências político-administrativas para outros gestores. Como exemplo do que pode oferecer, citou o campeonato de futebol amador “Peladão”, evento promovido enquanto era prefeito da capital que a cada edição reunia mais de 400 equipes e levava aos campos milhares de torcedores.

Apesar de se manter na função de professor de História em escolas do ensino médio e cursinhos pré-vestibulares nos primeiros anos como legislador, Santos não pensa em voltar à sala de aula. Também não planeja advogar, mesmo sendo bacharel em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) - na turma de 88.

Se vai ou não tentar voltar à vida pública disputando cargos eletivos, diz que ainda não sabe. “Vamos ver mais pra frente”, disse.

Por ser um dos candidatos ao governo que mais representam Cuiabá, o Diário optou por acompanhá-lo no dia da eleição. Santos acordou cedo e saiu de casa às 6h45. Ao lado da mulher, arquiteta Adriana Bussiki, assistiu a uma missa na igreja Matriz do Cristo Rei, em Várzea Grande.

Lá, onde se encontrou com o senador Jayme Campos (DEM) e a esposa Lucimar Campos e alguns amigos, ouviu, e ao final da celebração manifestou seu apoio, o duro sermão do padre Paulo Ricardo Azevedo Júnior, presidente do Tribunal Eclesiástico da Arquidiocese de Cuiabá, contra os políticos que defendem a legalização do aborto e a omissão de parte dos bispos católicos nas discussões sobre o mesmo tema. “Os bispos se sentaram sobre o rabo e esperaram a tormenta passar”, disse o religioso, numa referência à polêmica que se criou em torno da legalização do aborto.

No pátio da igreja, Santos comeu pastel (seu café da manhã) enquanto conversava informalmente com Jayme Campos e o ex-vice-governador Oswaldo Sobrinho (PTB). De volta a Cuiabá, seguiu para o colégio Antônio Epaminondas, no bairro Lixeira, onde encontrou o prefeito Chico Galindo (PTB) e votou cercado por multidão de jornalistas.

O telefone celular não parou de tocar, a não ser quando ele estava fazendo as ligações. Poucos antes de votar, em um dos telefonemas recebidos, Santos admitiu a derrota dizendo ao amigo que só “um milagre do Espírito Santo” poderia reverter o que as pesquisas apontavam. Era pouco antes das 9h.

Demonstrando tranquilidade e bom humor, Wilson percorreu diversos locais de votação. Na escola Malik Didier, no Pedra 90, reencontrou o ex-jornaleiro Eduardo Luiz da Silva, 47 anos, colega da época em que vendia jornais nas ruas de Cuiabá e com quem até hoje mantém amizade.

Quando se dirigia para esse bairro, mais uma vez, ao telefone com amigo, disse que o mais importante do Brasil era preservar a democracia, mesmo quando o resultado das urnas “não reflete o nosso desejo”.

De volta ao centro de Cuiabá, ao chegar àa sede do Arquivo Público Estadual, onde acompanhou o voto da esposa, Adriana Bussiki, Santos recebeu a notícia de que o filho caçula, Gabriel, de 12 anos, acabara de vencer o Circuito Estadual de Tênis, Terceira Classe Masculino Adulto.

Por causa das eleições, ele não acompanhou a disputa travada pelo filho, mas falou com orgulho da rápida ascensão de Gabriel no tênis. Há menos de um ano na modalidade, o garoto acumula diversas medalhas, algumas conquistadas em torneios nacionais.

Em seguida, acompanhou o voto do prefeito Galindo, na Escola Liceu Cuiabano. Continuando, foi para a Escola Ferreira Mendes, no bairro Boa Esperança, onde se encontrou e acompanhou o voto de Antero Paes de Barros, candidato ao Senado.