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Sexta - 20 de Setembro de 2013 às 15:44

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Pedro Alves/Midianews

O advogado Mardem Tortorelli sorri durante entrevista, ao ser perguntado se é "laranja"

 

 

O advogado Mardem Tortorelli, alvo da Polícia Federal em Cuiabá, por meio de dois mandados de busca e apreensão, é acusado de ser lobista da empresa Invista Investimentos Inteligentes, que faria parte de uma rede especializada em má gestão e desvio de recursos de entidades previdenciárias.

Em entrevista a jornalistas, após ser liberado pela PF, Tortorelli falou sobre as acusações que pesam sobre ele, e negou que tenha participação no esquema.

Ele reclamou da "arbitrariedade" da Polícia Federal, que apreendeu documentos de seus clientes, entre eles de Eder Moraes, assessor do Governo do Estado.

E disse que não teme qualquer investigação.

"Eu falei pra eles (PF): pode pegar o quiser. Eu acho engraçado, eles dizem que estou num negócio de lavagem de dinheiro. Então, procura o dinheiro e diz onde está! Porque eu também quero saber", disse.

Tortorelli também admitu participação em uma emissora de televisão, a TV Pantanal.

Leia os trechos da entrevista:


Qual o depoimento que o senhor prestou hoje aqui?

"Agora, um lobista que nunca recebeu nada? Nunca teve contrato com nada? Nunca fui a lugar nenhum. Se teve lobby, em Cuiabá e Várzea Grande, não trabalhei nisso."

Tortorelli:
Essa operação, pelo que eles me informaram, é sobre uma empresa de Brasília, a qual eu prestei serviço de advocacia para ela. Eu não sabia que ela atuava em outros Estados... Não sei motivo pela qual ela está sendo investigada. Ela entrou em contato comigo, aqui em Cuiabá, para eu prestar serviço, uma assessoria jurídica, mas não cheguei a assinar contrato... Não finalizei contrato, não recebi nenhum tipo de valor dela, que apenas me procurou pra prestar assessoria em algumas prefeituras. Aqui, especificamente, seria em Cuiabá e Várzea Grande, eu prestei serviço de consultoria, mas não fechei nenhum contrato. Não sei o motivo dessa busca e apreensão.

Que tipo de assessoria o senhor prestou para a Invista junto a essas prefeituras?

Tortorelli: Ela geria fundos de investimentos, pelo que eu entendi. Ela detectava se a prefeitura tinha prejuízo, ou não, com o dinheiro aplicado em fundo. E ela apresentava um estudo da prefeitura e faria apresentação de programa que desse mais lucro para a prefeitura. Só que a minha parte seria legal, seria analisar documentos... Só que eu não cheguei a fazer nada, não cheguei a ser contratado. Apenas contatado, não fui contratado.

No esquema, o senhor é apontado como “lobista” pela Polícia Federal.

Tortorelli: Agora, um lobista que nunca recebeu nada? Nunca teve contrato com nada? Nunca fui a lugar nenhum. Se teve lobby, em Cuiabá e Várzea Grande, não trabalhei nisso.

Pedro Alves/MidiaNews

Mas o senhor foi indiciado por formação de quadrilha...


Tortorelli: Não fui indiciado. Eles me relacionaram lá, denunciado, mas não indiciado. Agora, com os documentos que eles apreenderam. No caso, pegaram três folhas de papel, eu não tinha documentos, pegaram um computador no meu escritório e na minha casa. Os carros... Minha mãe dormiu na minha casa hoje, aprenderam o carro financiado em nome dela. O meu carro pessoal também é financiado, e a outra caminhonete nem minha é, estava emprestada para um serviço, peguei uma estrada de terra, com cliente meu. Mas tudo isso será questionado junto à Justiça. Não entendo porque buscar o que não é meu.

Os comentários são de que os agentes da PF apreenderam documentos do Eder Moraes em seu escritório.

Tortorelli: Me disseram agora. A questão do Eder é que ele é um cliente meu, como tenho vários outros. Mas como ele é uma pessoa midiática, então só falam dele, não falam das outras pessoas. Também devem ter pego de outros clientes meus... Só que não entendo, eles foram buscar documentos da empresa Invista, não tinha que fuçar e pegar outros documentos que não era. Isso é uma arbitrariedade, tinha que pegar documentos relacionados a esse caso, e não a outros clientes.

A PF diz que os lobistas tinham acesso aos políticos. O senhor tem contato com políticos, aqui em MT?

"A questão do Eder é que ele é um cliente meu, como tenho vários outros. Mas como ele é uma pessoa midiática, então só falam dele, não falam das outras pessoas. Também devem ter pego de outros clientes meus"


Tortorelli: No caso especifico, diz que é prefeitura. Não conheço o prefeito de Cuiabá Mauro Mendes, nunca estive com ele, nunca apertei a mão dele. No caso do prefeito de Várzea Grande, também não conheço ele, nunca estive com ele, nunca apertei a mão dele. Essa é a influencia que posso ter aqui, né...

Mas, e as gestões anteriores?


Tortorelli: Do mesmo modo, nem Murilo Domingos, nem Chico Galindo, nem Wilson Santos. Nunca estive com eles. Nunca.

Quando a empresa Invista entrou em contato com o senhor?

Tortorelli: Ano passado. Acho que um ano, mais ou menos, atrás, para eu prestar essa assessoria. Eu, particularmente, não conhecia, nunca tive em gabinete de prefeitos.

Qual a sua relação com Eder Moraes?

Tortorelli: Um cliente e amigo pessoal.

Há comentário de que existe uma emissora de TV que estaria em seu nome, mas seria de Eder Moraes, a TV Pantanal.

Tortorelli: Isso não tem nada a ver com Eder Moraes... Isso é outro segmento. Isso já foi me perguntado anteriormente. É muito fácil, é só ir na Junta Comercial e ver em que nome está; se é do Eder Moraes ou não, lógico que não é. Se o negócio está em meu nome, é meu. Se está no nome do Pedro, é do Pedro. Não tem nada a ver com Eder Moraes. Televisão, que eu sei que ele tem, não sei que canal que ele está trabalhando, canal 28... Qual o canal ele está fazendo programa? Essa é a TV dele... Não sei qual é a dele, nem sei se ele tem televisão. Não tenho esse acesso a coisas pessoais dele, sei das minhas. Não sou do ramo da comunicação, sou advogado.

O senhor é sócio, tem alguma porcentagem na TV Pantanal?

Tortorelli: Na verdade, a gente tem um contrato feito, mas não foi finalizado. A gente tem uma proposta juntamente que não foi finalizada... Isso é uma coisa futura, que talvez a gente vá trabalhar com isso... Foi declarado isso no meu Imposto de Renda. Agora, se vai atuar, isso não sei. A gente tem um sócio, o Gugu Liberato. É um outro segmento, não sei...

Pedro Alves/MidiaNews

Há boatos de que o senhor seria “laranja” do Eder Moraes. O que o senhor tem a dizer sobre isso?


Tortorelli: (Risos) Não sou laranja, nem tangerina. Sou uma pessoa que sou daqui, sou público. Estou sempre em todos os lugares, nunca me escondi, meu telefone é o mesmo tem vinte anos. Não tenho porque me esconder. Não sei por que... A gente é advogado, uma empresa é presa lá, e a gente é envolvido porque é advogado da empresa... Não tem um indício, um real... É lógico, telefonemas têm, porque é normal um advogado falar com empresa... Eu não sei por que, se foi resquício de alguma coisa. Essa questão de ser laranja, não ser laranja... Meus bens estão todos declarados, não tenho nada a esconder. Agora, as pessoas que realmente deveriam estar lá, não vêm. A gente sabe... Não preciso nem falar da Justiça no Brasil, o que acontece, né... Os fatos recentes já são uma boa resposta a todos. Essa questão de ser “laranja”, ou não ser “laranja”, meus bens estão todos declarados, não tenho nada a esconder.

O senhor foi detido?


Tortorelli: Não fui preso. Vim por vontade espontânea. Quem não deve não teme. Não tem porque ficar parado. Os carros, o Audi está registrado no meu nome. Os outros dois carros, os donos vão ter que requerer, são coisas arbitrárias que acontecem. Se o carro tá na minha casa, mas está em nome de João, não pode pegar uma coisa do João.

No caso das apreensões de documentos referentes ao Eder Moraes, não tem nada a ver com essa operação?

Tortorelli: Não. Você vai no meu escritório... Eu tenho 100, 200 clientes. Sou advogado há vinte anos. Advogo para “N” clientes. Engraçado que as empresas boas, eles (a PF) não pegam (documentos). Ah, você advoga para um banco, para uma multinacional, ninguém quer saber, né? Agora, os caras polêmicos, eles querem saber, não é verdade?

Quais serviços de advocacia o senhor presta a Eder Moraes?

"Sou amigo do Eder, amigo da esposa dele, a Laura, amigo dos cunhados dele... Tenho amizade com ele há mais de vinte anos, quando ele foi gerente de banco. Conheço ele há muito tempo"


Tortorelli: Na verdade, eu advoguei para o Mixto Esporte Clube. Sou amigo do Eder, amigo da esposa dele, a Laura, amigo dos cunhados dele... Tenho amizade com ele há mais de vinte anos, quando ele foi gerente de banco. Conheço ele há muito tempo. Advoguei para ele em vários segmentos. Uma vez para fazer despejo de uma casa que ele tinha no CPA, da mãe dele. Já advoguei para as cunhadas dele. Mas, recentemente, minha história com ele é relacionada ao Mixto. Pode ir na Justiça do Trabalho tem “n” ações minhas. Fui advogado do time e da AFAM (associação de futebol). Não tenho nenhum tipo de negócios com ele, não tenho nenhum prego com ele. Não sou sócio dele em nada. O que tenho é fruto do meu trabalho. As pessoas investigam, investigam, e nunca acham nada. Acontece, né? Você tem um telefone... Aí, uma coisa que você nunca vai imaginar, uma empresa vem pra cá, ai vão lá minha casa, pô...

O senhor colocou à disposição da PF seus sigilos?


Pedro Alves/MidiaNews

Tortorelli:
O que eles quiserem... Eu falei (para a PF): pode pegar o quiser. Eu acho engraçado, eles dizem que estou num negócio de lavagem de dinheiro. Então, procura o dinheiro e diz onde está! Porque eu também quero saber. Comigo não está! Se veio algum dinheiro para Mato Grosso, não foi pra mim. Tenho certeza disso. Eu não tinha noção do tamanho do negócio... Cem mandados... O que eu posso esclarecer pra vocês é isso. Eu fui contatado por essa empresa, para prestar serviço junto às prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande, e algumas do interior, como Feliz Natal, Lucas do Rio Verde, Colíder, Aripuanã, só que meu serviço não chegou a ser finalizado. Não assinei contrato, só fiz análise de documentos, de graça, para posterior. Não deu certo, não recebi nenhum real, nada.

A Polícia Federal se deu por satisfeita com seu depoimento?

Se deu. Normal. Não tinha o que eu acrescentar muito. Eu passei o que sabia. Porque sobre essa empresa, na verdade, eu não sei nada. Nem sei onde é a sede da empresa, em Brasília, nunca estive lá. Até me ofereceram delação premiada, e eu falei: se eu soubesse de alguma coisa, até poderia falar. Mas eu não sei de nada.





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