Levantamento aponta que obras mudarão estética da cidade, apesar de ser menor e distante
Efeitos da Copa serão maiores em Cuiabá, diz revista

Se por um lado Cuiabá é a menor e uma das mais distantes cidades-sedes da Copa do Mundo de 2014, por outro, a Capital de Mato Grosso é a que mais sentirá os efeitos do Mundial. Pelo menos é o que aponta uma reportagem especial da revista Placar, edição deste mês.

De acordo com o diretor de Infraestrutura da Agência Estadual de Projetos da Copa de 2014 (Agecopa), Yênes Magalhães, os investimentos que serão feitos para adequar Cuiabá ao "padrão-Fifa", certamente, farão a cidade avançar em quatro anos o que demoraria pelo menos 20.

Para o diretor-presidente da Agência, Adilton Sachetti, talvez nem em 20 anos fossem investidos tanto dinheiro. Aliás, este é um mote da Copa. Ao menos, R$ 900 milhões serão gastos em mais de 60 obras de mobilidade urbana e na construção do novo Verdão. O que, para Governo e Agecopa, são vistos como investimento.

"Eu pergunto qual o governador que seria aceito pela sociedade, colocando os recursos que têm sido colocados, se não tivesse um motivo. Como os deputados iriam concordar com isso? Não iriam", afirmou Sachetti, em entrevista ao MídiaNews, na semana passada.

O presidente também apontou que, para Mato Grosso, o Mundial chega em um momento oportuno, que pode agregar o turismo em sua matriz econômica, já que, atualmente, é o agronegócio o motor do Estado.

"É nossa grande chance de irmos para a vitrine do mundo, trazendo turistas que trarão recursos e divisas pra nosso Estado. Poderemos consolidar o setor como nova atividade econômica", avaliou.

"Fla-Flu do Pantanal"

A reportagem da revista Placar também relembrou a rivalidade histórica entre Campo Grande (MS) e Cuiabá, que disputaram a "Copa do Pantanal". Enquanto o Estado vizinho alegava que 65% do Pantanal estava em seu território, Mato Grosso afirmava que está mais próximo e, como complemento, ainda possui Chapada dos Guimarães e Nobres.

De acordo com a matéria, dois fatores teriam sido decisivos para a vitória de Mato Grosso: a influência do então governador Blairo Maggi (PR), eleito senador neste ano, como a proximidade entre Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e Carlos Orione, presidente da Federação Mato-grossense de Futebol.

Veredicto Placar

Veja o que a revista apontou como "bem resolvido", "exige atenção" e "preocupante", após visita à Capital.

Preocupante: Campos de treinamento

O fato de não ter grandes clubes de futebol com bons centros de treinamento faz com que a cidade largue atrás neste quesito. Hoje, Cuiabá não tem locais adequados para receber seleções. Por isso mesmo, o projeto para a Copa prevê a criação de dois campos de treinamento. A localização de um deles já está definida: será na cidade vizinha de Várzea Grande - a ideia é que posteriormente se transforme no estádio da cidade. A Agecopa negocia com a Universidade Federal de Mato Grosso para que outro centro seja implantado no campus da universidade. A agência ainda busca parcerias com a iniciativa privada para construir os centros de treinamento.

Preocupante: Estádio

O antigo estádio Governador José Fragelli, o Verdão, já foi praticamente todo demolido - é uma das cidades-sede mais em dia com o cronograma. Em seu lugar será erguida a Arena Pantanal, com capacidade para 42000 pessoas. O projeto prevê a possibilidade de redução para 27000 lugares após o Mundial, o que o tornaria mais adequado à demanda de jogos e eventos da região. A licitação foi vencida pelo consórcio Santa Bárbara/Mendes Júnior, por 342 milhões - o valor não inclui telão, cadeiras e infraestrutura de TI, que devem acrescentar outros 50 milhões. Está localizado a 10 km do aeroporto e cerca de 3 km do centro. A cidade conta com as obras em dia para sediar a Copa Confederações, em 2013.

Exige atenção: Estradas

Depois de Manaus, é a sede geograficamente mais isolada das demais - Brasília é a mais próxima, a 1133 km -, o que diminui as possibilidades de acesso rodoviário. As estradas que ligam Cuiabá às principais capitais do estado, como o Pantanal, estão em estado regular ou ruim.

Preocupante: Mobilidade urbana

É uma das sedes mais carentes de infraestrutura viária, que não acompanhou o crescimento da cidade e da frota de veículos. Ao todo, serão feitas 63 intervenções na cidade, entre alargamento de avenidas e construção de viadutos e pontes. Também serão feitos dois corredores de BRT (Bus Rapid Transport), como na maioria das cidades-sede. O orçamento total chega a 900 milhões de reais. O problema é que o grande volume de obras feitas simultaneamente deve tornar ainda mais conturbado o caótico trânsito em Cuiabá.