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Copa do Mundo 2014
Sábado - 20 de Novembro de 2010 às 09:29
Por: TÂNIA RAUBER

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Divulgação/Agecopa
Concepção urbanística de espaço para transporte coletivo, com vistas às Copa de 2014 em Cuiabá
Concepção urbanística de espaço para transporte coletivo, com vistas às Copa de 2014 em Cuiabá

O atraso no início das obras para a Copa do Mundo de 2014 vai resultar no caos em Cuiabá, nos próximos dis anos. Ainda serão necessários, pelo menos, seis meses para o início dos trabalhos e, para que seja possível a conclusão até 2014, todas as obras terão que ser executadas ao mesmo tempo. Com isso, os principais corredores de tráfego ficarão interditados.

O Plano de Mobilidade Urbana da Região Metropolitana de Cuiabá, que define todas as mudanças no trânsito da Capital e de outros 12 municípios, foi elaborado em 1995 pelos municípios de Cuiabá e Várzea Grande. Porém, ele só foi apresentado ontem (19) pela Agência Estadual de Execução dos Projetos da Copa do Mundo do Pantanal (Agecopa), que levou 10 meses para fazer as adaptações necessárias.

O próximo passo será a conclusão dos projetos de cada obra. A expectativa é que fiquem prontos em dois meses, para depois ser aberta a licitação, que pode durar de três a seis meses.

Segundo o presidente Yênes Magalhães, o prazo de execução dos projetos vai de um ano a um ano e meio. "Vamos conseguir cumprir os prazos, mas, para isso, vamos ter que executar todas as obras ao mesmo tempo. Vamos ter dois anos de caos em Cuiabá e será preciso apoio de toda a população", disse.

A Secretaria Municipal de Transporte Urbano (SMTU) da Capital já definiu rotas alternativas para que os veículos e ônibus do transporte coletivo possam chegar aos destinos desejados. Porém, o tempo gasto e o estresse no trânsito serão bem maiores, já que as principais vias - Miguel Sutil, Fernando Corrêa da Costa, Rubens de Mendonça (CPA) e Tenente-Coronel Duarte (Prainha) - serão interditadas.

Cuiabá e Várzea Grande têm uma frota de 350 mil veículos. Em alguns cruzamentos e rotatórias, como na Avenida do CPA em frente ao Pantanal Shopping, há um fluxo de oito mil veículos por hora. É assim também no contorno da CPA para entrar na Miguel Sutil.

Líderes de bairros que participaram da audiência pública revelaram preocupação. O presidente da Associação dos Moradores do bairro Jardim Leblon, Claudir Rocha, disse que já buscou informações na Agecopa, mas, até hoje, não sabem o que vai acontecer.

"Temos pequenos comerciantes que estão preocupados, pois se fala que vão desapropriar, mas não tem nada confirmado. Vamos à Agecopa e nem somos atendidos. Precisamos de uma posição concreta do que vai ser feito", disse.

A preocupação é a mesma de moradores de Várzea Grande. O presidente da associação do bairro 8 de Março, Edésio Francisco Paula, revelou que ainda não sabe o que vai mudar na cidade, mas que todos esperam por melhorias. "Agora vamos esperar, se vamos ter alguma melhoria no bairro e se realmente isso tudo vai ser feito", afirmou.

Obras

O plano de mobilidade urbana prevê a realização de 23 grandes obras em Cuiabá e Várzea Grande, sendo 10 viadutos, 10 trincheiras (passagens afundadas, que não cruzam as outras vias), três pontes e um alargamento de ponte.

Além disso, serão feitas adaptações em 52 corredores. Um deles, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, por onde passará uma linha do BRT (Bus Rapid Transit).

Três viadutos serão construídos na Avenida Miguel Sutil, onde hoje são os trevos do Bela Vista, Afonso Pena e Dom Orlando Chaves. Outras cinco trincheiras substituirão os cruzamentos com as avenidas Jurumirim, Dante de Oliveira e Mário Andreazza e no Cristo Rei, em Várzea Grande, onde também será implantado um viaduto. Outras adequações serão feitas em várias rotatórias.

O trevo do Tijucal também será substituído por um viaduto e uma trincheira. Outros viadutos serão construídos nas avenidas Mário Andreazza e Tancredo Neves, no trevo entre a Beira-Rio, Fernando Corrêa, Mato Grosso com CPA, e outros dois na Beira-Rio no Porto e na Avenida CPA, em frente ao Parque Massairo Okamura.

As trincheiras também ficarão no trevo do Km Zero, em Várzea Grande, e em cruzamentos da Avenida CPA. Uma delas também dará vazão aos veículos que saem da Avenida CPA e querem entrar na Miguel Sutil - ao invés de fazerem o contorno, entrarão na trincheira e seguirão em direção à rodoviária, onde haverá um contorno.

BRT

Uma das grandes apostas para melhorar o transporte na Capital e em Várzea Grande é a implantação do BRT. A operação deste novo modelo de coletivo foi apresentada pelo consultor Arlindo Fernandes. Segundo ele, o tempo de viagem vai reduzir expressivamente, mas, para isso, serão necessárias várias adaptações nos corredores.

Estudos apontam que 44% da população utilizam o transporte coletivo, porém, nos últimos anos, este número vem caindo. "Nós constatamos que, de 2006 para cá, houve uma redução de 11 milhões de passageiros. Em 2007, por exemplo, 90 milhões utilizaram o serviço. Este ano, vai fechar com 87 milhões", disse Fernandes.

Uma das rotas do BRT será do CPA ao Aeroporto Marechal Rondon. Dois terminais serão implantados, um no CPA 1 e outro nas proximidades do aeroporto, logo após a Vila Militar, que mudará de local. Neste corredor, serão implantadas 13 estações de embarque e desembarque de passageiros. Um delas no Morro da Luz, na Prainha.

Além da rota principal, que será percorrida por dois sistemas, convencional e express, sem paradas, haverá outras linhas que saem do terminal e passarão por outros bairros. Uma delas pela Rodoviária e outra pela Avenida Dante de Oliveira.

A segunda rota do BRT sairá do Coxipó, onde será instalado um terminal, com destino ao Centro de Cuiabá. Uma das principais mudanças será a construção de uma estação elevada no trevo da UFMT e do Shopping Três Américas.

No total, serão construídas 30 estações e 3 terminais.

Desapropriações

A expectativa da Agecopa é que 400 imóveis tenham que ser desapropriados para a execução das obras em 2 grandes corredores, nas avenidas Fernando Corrêa  -entre o trevo de Santo Antônio de Leverger e a UFMT - e FEB - do aeroporto até a ponte do rio Cuiabá.

Conforme Yênes Magalhães, um estudo topográfico será feito nas duas vias para apurar a real necessidade de invasão nos imóveis e também identificar os proprietários. "Esse processo pode levar dois meses. A partir daí, vamos iniciar as negociações. Já conversamos com o Judiciário e, se alguém discordar da proposta financeira feita pelo Estado, recorrerá à Justiça que dará prioridade aos casos", disse.

Segundo ele, as indenizações serão definidas de acordo com o valor venal e de mercado. "Há locais em que será preciso utilizar o imóvel todo da pessoa, em outros apenas a metade. Cada caso será discutido individualmente", explicou.

O Estado vai utilizar parte da verba de R$ 1 bilhão para indenizar os proprietários. "É a contrapartida do Estado nas obras, então já temos esta verba para isso", completou Magalhães.

Ele não soube precisar o valor que será pago pelas desapropriações.

Todo o trabalho será acompanhado pelas prefeituras das duas cidades, que terão que validar as operações. 





Fonte: A GAZETA

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