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Morre no Rio o carnavalesco Fernando Pamplona
Rio de Janeiro - O carnavalesco Fernando Pamplona morreu hoje (29) vítima de um câncer raro, um dia depois de completar 87 anos. Ele estava em casa, em Copacabana, zona sul do Rio, para onde foi levado depois de receber alta do Hospital São Lucas. O enterro será às 16h no Cemitério São João Batista, em Botafogo, também na zona sul.
Pamplona marcou a história do carnaval do Rio a partir de 1960 e é considerado uma referência nos trabalhos desenvolvidos pelos carnavalescos Arlindo Rodrigues, Joãosinho Trinta, Maria Augusta e Rosa Magalhães, com os quais trabalhou.
À frente da Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro ele levou para os desfiles as temáticas afro. Logo no primeiro ano, em 1960, foi campeão com o enredo Quilombo dos Palmares. Pamplona também conquistou o campeonato pela escola em 1965, 1969 e 1971.
A ligação de Rosa Magalhães com o carnavalesco começou na Escola de Belas Artes do Rio, onde Pamplona foi professor dela, e depois continuou quando trabalharam junto no Salgueiro. “Quando comecei a trabalhar com ele eu não sabia nem o que era carnaval. Parti do zero. A forma dele se comportar, de ter uma dignidade muito grande, de apoiar as outras pessoas.. Ele foi meu professor e meu muito bom amigo”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Para a carnavalesca campeã de 2013 pela Escola de Samba Vila Isabel, de uma certa forma Fernando Pamplona pode ser considerado o pai dos carnavalescos. “Ele fez uma mudança muito grande na estética e na forma de apresentar o carnaval. O fato de levar os enredos afro foi importante, mas não é só isso. É uma série de coisas e fatos. Ele modificou com certeza a história do carnaval e com muita integridade”, comentou.
Rosa, que após conquistar o campeonato pela Vila Isabel se transferiu para a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, lembrou que os carnavalescos que trabalharam com Pamplona no Salgueiro, como Maria Augusta, Joãosinho Trinta e Lícia Lacerda, se destacaram no carnaval carioca. Com ele, Rosa ganhou o carnaval de 1971 com o enredo Festa para um Rei Negro. “Eu sinto muito pela morte dele”, disse.
Para o carnavalesco da Escola de Samba Portela, Alexandre Louzada, a história de Pamplona se confunde com a de todos os carnavalescos. Ele lembrou que Pamplona se apaixonou pelos desfiles quando foi jurado das escolas de samba e, no ano seguinte, já estava no Salgueiro.
“Eu não tive o privilégio de trabalhar com ele, como o Renato Lage e a Rosa Magalhães, mas ele formou uma escola de carnavalescos como o Max Lopes e o próprio Joãosinho Trinta. É uma referência histórica e não só de estilo. De como lidar com o enredo. Ele trouxe a história da África para o carnaval. Eu estou chocado”, comentou em entrevista à Agência Brasil.
Alexandre disse que está desenvolvendo um projeto de enredo para 2015 sobre as caras do carnaval, com destaque para a participação dos carnavalescos. Pamplona fazia parte dessa história que ele quer apresentar. “Ainda pretendo fazer essa homenagem a ele a todos os carnavalescos e prestar uma reverência a quem criou realmente essa história toda. Quem passou a gostar de carnaval e tem a minha faixa etária tinha ele como referência.”
Fonte:
Repórter da Agência Brasil
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