Caso empresa não cumpra acordo, sede da construtora será ocupada, diz sindicalista
Sindicato e Federação dos Trabalhadores mediam solução
Os trabalhadores demitidos da construtora Brookfield Incorporações decidiram aceitar a proposta da empresa de pagar o salário de abril na próxima terça-feira (24 de maio) e na sexta (27) realizar a rescisão contratual dos trabalhadores que mantiveram a decisão de se demitirem da empresa, quitando os dias trabalhados em maio.
De acordo com a proposta, os trabalhadores que decidissem permanecer na empresa receberiam o salário de maio no início de junho, mas somente dois dos 200 trabalhadores que se mobilizaram durante todo o dia de hoje na sede do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Cuiabá e Municípios (SINTRAICCCM) aceitaram continuar trabalhando na empresa. A mediação do conflito entre empresa e trabalhadores foi feita pelo presidente do SINTRAICCCM, Joaquim Santana, e pelo presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria de Mato Grosso (FETIEMT), Ronei de Lima.
Os 200 trabalhadores demitidos estiveram durante todo o dia na sede do SINTRAICCCM, no centro de Cuiabá, cobrando da empresa uma posição quanto à rescisão contratual. Ao todo, 238 trabalhadores foram demitidos no último dia 11 de maio e estão há dois meses com salários atrasados. Eles esperavam começar a realizar as rescisões contratuais nesta sexta, quando os acertos deveriam começar. Porém, a empresa só enviou representantes para a negociação no final da manhã, tendo os mesmos permanecido em negociação até agora há pouco.
“Na terça-feira estaremos aqui com os trabalhadores para começar a receber. Caso não seja feito o pagamento, vamos ocupar a sede da empresa neste mesmo dia”, informou Ronei de Lima.
Sem dinheiro
A vida dos trabalhadores que estão há dois meses sem receber já está sendo bastante afetada. O armador Armindo Célio da Silva, empregado da obra há um ano e meio, está com aluguel atrasado, devendo no supermercado e não sabe como garantir a alimentação do filho de nove anos. Morador do bairro Bela Vista, ele reclama que faltam até itens básicos de alimentação. “Não sei mais o que fazer, pois meu filho está em fase de crescimento e precisa ser bem alimentado. Minha esposa não trabalha, então tudo depende de mim”.
Familiares dos trabalhadores também compareceram à mobilização para dar força aos ex-funcionários. A dona de casa Cássia Regina da Luz Souza, casada com o servente José Moreira Rodrigues, estava com a filha de dois anos no colo. Grávida de três meses e preocupada com a falta de dinheiro que afeta a família, ela contou que estava de viagem marcada para o Maranhão, onde o marido já tem outro posto de trabalho garantido. Mas dependia do dinheiro a ser liberado pelo acerto salarial para viajar. “Estamos morando de favor, pois não podemos mais pagar aluguel, iríamos viajar hoje à noite, mas agora não sei como ficará nossa situação”.
O armador Amarildo do Carmo Silva, morador do bairro Jardim Vitória, está preocupado com as contas de luz e água, que já estão atrasadas. Funcionário da obra há um ano, ele reclama da falta de respeito aos trabalhadores. “Sempre recebemos com atrasos, desde que entrei na empresa”.
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