Investigações de crimes contra a pessoa estão paradas; categorias vão invadir Arena Pantanal
Mais de 500 inquéritos estão amontoados em delegacia
A greve geral dos escrivães e investigadores da Polícia Civil de Mato Grosso, retomada na última terça-feira (19), após rejeitarem proposta do Governo do Estado, tem refletido diretamente no andamentos inquéritos. Somente na Delegacia Especializada de Proteção a Pessoa, já se acumulam mais de 500 processos de investigação.
O delegado Antônio Carlos Garcia, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessdoa (DHPP), disse ao MidiaNews que todas as investigações estão paralisadas e que o acúmulo de inquéritos só tende a aumentar consideravelmente.
"Desde que a greve iniciou, todos os inquéritos estão paralisados. Temos cinco cartórios, e uma média de 100 inquéritos distribuídos para cada um deles. O número é maior que 500, ainda não fizemos essa contagem. A tendência é que esse número aumente, pois os crimes não param de ocorrer. Os únicos serviços que a delegacia está oferecendo são a lavratura dos boletins de ocorrências e autos de flagrante", informou o delegado.
A delegada Anaide Barros, também da DHPP, revelou que a situação é mais crítica do que aparenta. Segundo ela, 30% do efetivo que está trabalhando, têm-se recusado a realizar as diligências que envolvem os investigações para os inquéritos em andamento.
"A situação é crítica, não tem como trabalhar. Os investigadores que estão em serviços se recusam a fazer as diligências. Estamos de braços atados, está tudo paralisado e não temos como atender à sociedade, que necessita do trabalho da Polícia Civil", afirmou.
Entre os inquéritos que estão acumulados nas prateleiras da DHPP estão os casos de maior repercussão no Estado e envolvem crimes que chamaram a atenção da sociedade.
O MidiaNews listou alguns dos casos que estão amontoados na DHPP:
Caso Adriano. O empresário Adriano Henrique Maryssael de Campos, do do tradicional Restaurante Adriano, em Cuiabá, foi morto aos 73 anos, quando saía de uma agência do Banco Itaú, na região do Coxipó. Ele foi alvejado por três tiros à queima-roupa pelo segurança da agência, Alexssandro Abílio de Farias. O atirador fugiu logo após disparar os tiros e se apresentou para a polícia cinco dias depois de ter matado o empresário. Por ter fugido do flagrante, ele prestou depoimento e saiu em liberdade da DHPP;
Morte de travestis. Os travestis Alisson Otávio Carvalho da Cruz, 20, a "Alicinha", e Maildo Silva de Souza, 33, a "Maria do Bairro", foram brutalmente assassinados na região do CPA. Ambos foram mortos com requintes de crueldade. Alicinha foi estrangulada e teve os braços e pernas amarrados. Seu corpo foi arrastado por mais de 10 metros e jogados no Córrego do Gumitá. Já Maria do Bairro foi apedrejada, seu corpo foi jogado em um terreno baldio e só foi encontrado cerca de 24 horas depois de sua morte;
Caso João Caveira e Edson Leite. As investigações da morte misteriosa dos policiais civis Edson Leite e João Osni, o Caveira, também estão paralisadas. O crime dividiu a opinião pública e, até o momento, não se sabe ao certo o que ocorreu no pátio de um posto de combustíveis, na Rodovia dos Imigrantes. Durante a operação, o vendedor Gilson Alves da Silva foi morto com oito tiros nas costas. A Polícia Civil disse que os policiais estavam à procura de um ladrão de carreta e investigações apontaram para Gilson. Familiares e amigos rebatem a versão e acreditam que o vendedor foi morto por ter denunciado supostos parentes de João Caveira, que estariam envolvidos em um roupo ocorrido na casa de Gilson.
A greve
A greve dos investigadores e escrivães começou no dia 1º de julho e durou 13 dias.
O movimento foi suspenso na semana passada para que o Governo pudesse apresentar uma proposta de reajuste salarial.
Os únicos trabalhos mantidos em 100% são das prisões em flagrante, retirada de corpos de vias públicas e residências, bem como a transferência de presos.
Proposta rejeitada
O sindicato da categoria, o Siagespoc, avaliou a proposta enviada pela Secretaria de Estado de Administração, via e-mail, no início da noite de terça-feira (18) como "vergonhosa" e "indecente".
Segundo a tabela enviada pela SAD, a partir de dezembro de 2011, o salário inicial seria 2.460 e, o final, para classe E, nível mais alto da carreira policial, R$ 6.231. Já a partir de maio de 2012, o inicial seria R$ 2.706 e o final, R$ 6.854.
Em maio de 2013, os escrivães e investigadores passariam a receber R$ 2.976 e R$ 7.539. No mesmo mês do ano seguinte, 2014, os salários seriam R$ 3.274 e R$ 8.293, inicial e final, respectivamente.
A categoria almeja um salário inicial de R$ 3.460 para já e a possibilidade de atingir o teto de R$ 10.900 até o ano que vem.
Protesto na Arena do Pantanal
Segundo o sindicato, a invasão do canteiro de obras da Arena do Pantanal (futuro estádio Verdão, no bairro do mesmo nome) seria uma maneira de chamar a atenção do governador Silval Barbosa, que, segundo os policiais, não quer conversar com as categorias.
Os sindicalizados pretendem proibir a entrada dos trabalhadores e funcionamento das máquinas.
Durante a assembleia-geral, também foi cogitada a paralisação total dos profissionais, que, em período de greve, atuam com 30% do efetivo.
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