Aos 63 anos, Esequias Burigato já está aposentado. Há quatro anos entrou com pedido de simulação. Não pretendia se aposentar, mas o INSS acabou concedendo o benefício de R$ 930 por mês, bem abaixo do esperado. "Como trabalhei como empregado e por conta algumas vezes, sempre dá distorção no controle do INSS. Eu tive uma redução 40% do valor que seria minha aposentadoria legal", afirma.
O que determinou o valor da aposentadoria de Esequias foi o fator previdenciário, que funciona como um redutor na hora de calcular o valor do benefício. A fórmula considera a expectativa de vida do trabalhador e como ela está aumentando a cada ano. Quanto mais cedo o brasileiro se aposentar, menos ele vai ganhar. É uma forma de incentivar a permanência do trabalhador no mercado de trabalho e reduzir os gastos da previdência social.
Pela nova proposta, os brasileiros terão que contribuir por mais sete anos. No caso dos homens, passaria de 35 para 42 anos. E no caso das mulheres, de 30 para 37 anos de contribuição.
"Há um clamor da população para o fim do fator previdenciário. A intenção do governo é extinguir esse fator mas instituir uma idade mínima, junto com o tempo de contribuição. Por trás disso tudo, a pessoa teria que trabalhar mais para poder aposentar", explica a advogada previdenciária Lidiane Vilhagra de Almeida. Ela afirma ainda que, se a proposta for aprovada pela presidente Dilma Rousseff, a pessoa que está prestes a se aposentar terá de enfrentar um processo de transição.
A diarista Edna Graf sonha em se aposentar, mas o caminho ainda é longo. Aos 50 anos, espera conseguir o benefício por idade daqui a cinco anos. Ela conta que trabalhou muito tempo na zona rural e não tem como comprovar a atividade. A saída foi optar pela contribuição mínima de 15 anos, pagando R$ 59,95 por mês.
Comentários