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Meio Ambiente
Quinta - 08 de Setembro de 2011 às 16:58
Por: Karina Miotto

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Cena do Filme "Expedição VIVAMARAJO". Foto: Instituto Peabiru

O Programa Viva Marajó existe há mais de um ano. Desde agosto de 2010 realizou 13 debates sobre questões socioambientais da região. Ano passado filmou o documentário Expedição VIVAMARAJÓ, de 55 minutos. O lançamento aconteceu há duas semanas. De acordo com o Instituto Peabiru, que coordena o programa, o próximo passo é apoiar a candidatura do Pará na criação da Reserva da Biosfera do Marajó como parte do Programa Homem e Biosfera (MAB) da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

O Arquipélago do Marajó tem cinco de seus 16 municípios na lista dos 50 mais pobres do Brasil. 75% da população não tem água tratada e 85% é analfabeta. Em termos ambientais, possui menos de 1% da sua superfície reconhecida como unidade de proteção integral e menos de 4% são unidades de conservação de uso sustentável.

De acordo com o Peabiru, em um cenário de mudanças climáticas globais, o Marajó seria uma das regiões mais afetadas do Brasil. Localizado no estuário dos rios Amazonas e Tocantins, é uma das zonas úmidas tropicais mais importantes da Terra. Sua vegetação tem 48 tipos de ecossistemas e é o único local do planeta que possui as duas espécies de peixes-boi (marinha e amazônica).

A seguir João Meirelles Filho, fundador do Instituto Peabiru e articulista de O Eco Amazonia, fala sobre o documentário, o Viva Marajó e a importância da criação de uma Reserva da Biosfera na região.


Como você espera que esse documentário mostre ao mundo o que é o Marajó? Ele pode ajudar nesta questão da Reserva da Biosfera?

No processo de desenvolvimento o Brasil deixa para trás muitos territórios e este é o caso do Marajó. O Programa Viva Marajó, uma iniciativa do Instituto Peabiru com apoio do Fundo Vale.

Uma das iniciativas é a criação da Reserva da Biosfera do Marajó, uma proposta da Secretaria de Meio Ambiente do Pará que resultaria em maior atenção e políticas públicas para a região. O documentário procura ouvir o marajoara em seu ambiente, conhecer o seu dia-a-dia, do coletor de açaí ao pescador, do morador de Afuá e Breves, ao policial montado em búfalo em Soure. É um instrumento de comunicação para a mobilização. Fato inédito no Brasil, será exibido a partir de setembro nos 16 municípios do Marajó ensejando uma discussão do que é a região e como avançar na promoção da conservação, cidadania e nova economia.

Pouco se sabe sobre o Marajó – por que? De onde vem essa falta de interesse tanto da sociedade quanto do poder público?

A falta de conhecimento, ou do conhecimento superficial e fragmentário muito prejudica compreender a complexidade - ambiental, geográfica, cultural - do Marajó. O próprio marajoara pouco conhece o Marajó. O Brasil se move por ondas de modismo e onde oferece oportunidades de rápido crescimento. Há regiões que merecem atenção e cuidado especial - o Marajó é uma destas regiões.


Se você puder fazer uma rápida avaliação do Programa Viva Marajó ao longo de um ano de projeto, como vê a melhoria de políticas públicas e interesse geral a respeito desta região?

O Programa Viva Marajó, há ano e meio no ar, realizou um diagnóstico socioeconômico da região, o documentário Expedição Viva Marajó, estudos sobre cadeias de valor (açaí, pecuária, pesca artesanal e farinha de mandioca), conduz o Dia do Marajó, em Belém, para discutir temas prioritários e abriu agendas com organizações públicas e privadas, inclusive com o Território da Cidadania do Marajó. Estas pautas levam a uma maior consciência do marajoara sobre seus recursos e direitos. Trata-se de desafio de longo prazo.

Como as ações do Programa Viva Marajó têm impactado a população em relação à conservação da biodiversidade na região?

A proposta é discutir quais as oportunidades que a criação de uma Reserva da Biosfera, com a maior proteção da biodiversidade,  pode trazer. Como se trata de uma região com 16 municípios e maior que um estado como Pernambuco, a condução do processo passa por diálogos em diversas localidades para que um número razoável de pessoas, especialmente de lideranças, possa participar das decisões sobre suas vidas.




Fonte: O Eco

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