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Cultura
Quarta - 28 de Setembro de 2011 às 15:31

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No sábado (01), às 20h, e no domingo (02), às 19h, a Orquestra do Estado de Mato Grosso realiza os Concertos Oficiais de Outubro apresentando recriações dos “Prelúdios” do violinista mineiro Flausino Vale. As obras inéditas são de autoria de importantes compositores brasileiros da atualidade como Kristoff Silva (SP), Danilo Guanais (RN), Arthur Barbosa (RS), André Mehmari (SP), Rodrigo Bustamante (RS) e Marco Cesar (PE).
São oito recriações compostas para orquestra a partir do universo flausiniano que levam por base sua obra mais importante: o conjunto de 26 prelúdios característicos e concertantes para violino só. Os prelúdios começaram a ser escritos em 1922 e é até hoje é uma referência da musicografia violinística nacional, apesar de pouco conhecidos. Atualmente existem duas gravações dos prelúdios de Flausino Vale, uma de 1984, de Jerzy Milewsk e outra de 2010, de Claudio Cruz.
Nos concertos deste fim de semana, a OEMT recebe dois convidados ilustres: o violinista italiano Emmanuelle Baldini e o violeiro Roberto Corrêa. Após as apresentações, a Orquestra de Mato Grosso entra em estúdio mais um vez, para a gravação de seu 5º álbum, dedicado a recriações dos prelúdios de Flausino Vale.
Os ingressos para os Concertos Oficiais de Outubro estão disponíveis na bilheteria do Cine Teatro, das 14h às 18h, e nos dias de espetáculo das 14h até o início dos concertos, ou pelo Ingresso.com. O valor é de 10 reais e 5 reais (meia).

Flausino Vale

Nascido em 6 de janeiro de 1894 em Barbacena (MG), Flausino Rodrigues Vale era compositor, advogado atuante, jornalista, professor de História da Música, poeta e escritor. Colaborava com vários jornais do país, publicou obras teóricas sobre a música mundial e provocou importantes debates sobre a brasilidade musical, sobretudo a fauna e os índios. Viveu em Belo Horizonte a maior parte de sua vida, desde os 18 anos de idade até sua morte em 1954, aos 60 anos.

Aos 14 anos concluiu os estudos de violino com seu tio, executando os Estudos de Paul Gaviniés e os Caprichos de Paganini. Nessa época, já possuía uma base considerável de estudos e se arriscava na composição, após quatro anos de aulas seguiria aprimorando sua arte de forma autodidata. O fato de ter se aperfeiçoado sozinho é algo que viria caracterizar fortemente a obra de Flausino, que juntava a criatividade de sua técnica violinística somada as melodias sertanejas que remetiam a sua terra natal. Os 26 prelúdios característicos e concertantes para violino só são peças curtas e com grande dificuldade técnica, repletas de referências ao universo rural, utilizando melodias folclóricas e sons do universo particular do compositor mineiro.

Para remeter o ouvinte a esse mundo rural, Flausino aplicada técnicas inusitadas, algumas delas inventadas por ele próprio. O prelúdio "Pai João", por exemplo, tem uma batucada no tampo do violino. Em “A porteira da fazenda”, a partitura indica uma leve “alisada” nas cordas para produzir um som “sujo” igual a uma porteira quando é aberta, além de sugerir um leve toque no tampo do violino para criar um clima de fogos de artifício na peça "Casamento na roça". Não conformado com as modificações que fazia, Flausino criou um dicionário de sons de animais com ritmos e progressões melódicas que sugerem grilos, aranhas, siriema, perdiz, araponga e até pombas do campo.
 

 






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