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Tecnologia
Quinta - 06 de Outubro de 2011 às 16:46

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"Nós mantivemos nosso casamento em segredo por uma década", diz Steve Jobs a uma plateia de empresários e jornalistas. Todos caem na risada. À sua esquerda está Bill Gates, chefe da Microsoft, que se mantém impassível à revelação de seu "affair" com o fundador da Apple.

No início da carreira --prossegue Jobs em sua fala--, os dois eram os caras mais jovens nas salas de reuniões. O tempo passou, e agora são os mais velhos. Por isso se entendem.

O "pai" da Apple usa a letra de uma música dos Beatles ("Two of Us", dos Beatles) para resumir a relação daqueles que são considerados os maiores rivais da história da tecnologia.

"You and I have memories longer than the road that stretches out ahead" (algo como: "Eu e você temos lembranças tão grandiosas quanto a estrada que se alonga à nossa frente").

Estamos em 2007, em uma conferência na cidade californiana de Carlsbad, nos EUA. É reta final da carreira dos dois.

ALMAS GÊMEAS

Esqueça a folclórica rivalidade entre Apple e Microsoft. Gates e Jobs, que morreu ontem, aos 56, estavam mais para almas gêmeas do que para arquirrivais. A cena descrita acima (que pode ser vista aqui, em inglês) é só um exemplo dessa relação.

É comum darem a paternidade do computador pessoal a Jobs e Steve Wozniak (o outro fundador da Apple), e os descreverem como a principal e mais alinhada dupla da história do Vale do Silício, epicentro das grandes revoluções tecnológicas das últimas décadas. A primeira afirmação pode até estar correta --não a segunda.

Em entrevista à Folha, no final do ano passado, Wozniak (conhecido como "o ursinho de pelúcia" da Apple mais pelo excesso de bom-mocismo do que pela aparência) descreveu sua relação com Jobs de maneira educadamente fria.

"É cordial", afirmou, para logo depois admitir que raramente conversavam.

O fato é que os dois nunca tiveram tanto assim em comum, ao menos enquanto adultos. Jobs mostrou-se um tubarão dos negócios desde jovem. Negociador agressivo, comerciante insistente, chefe autoritário/cruel.

Já a ganância de Gates não era diferente. Basta lembrar que sua empresa foi condenada pela União Europeia a pagar a multa mais alta já aplicada pelo bloco a uma única companhia, € 899 milhões. O motivo: concorrência desleal do navegador Internet Explorer.

Jobs e Gates, que chegaram a trabalhar juntos nos anos 70, nunca se enxergaram como líderes de meras produtoras de peças para aficcionados por tecnologia. O alvo sempre foi o consumidor comum.

Souberam como ninguém convencer o mundo a pagar por suas criações. Mesmo que para isso tivessem que criar universos extremamentes fechados (Windows e iPad, afinal, têm muito em comum neste sentido).






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