Campanha buscará reduzir homicídios cometidos com arma de fogo em MT
Pela eficácia, a arma de fogo é o meio mais utilizado para prática de crimes de homicídio. O instrumento foi empregado em 75% dos assassinatos ocorridos na Grande Cuiabá, no período de janeiro a setembro deste ano. A capital registrou, em oito meses, 171 homicídios dolosos e Várzea Grande 95 mortes. Do total de 266 crimes nas duas cidades, em 200 os criminosos escolheram a arma de fogo para matar suas vítimas.
A retirada de circulação de armas de fogo das mãos de pessoas é uma das alternativas para redução do número de homicídios e mortes acidentais no País. De janeiro a junho de 2011, o Estado de Mato Grosso registrou 335 homicídios dolosos, sendo a maioria na região metropolitana. Em 2010, Mato Grosso apresentou uma redução de 2% nos homicídios dolosos, com 868 mortes contra 885 no ano de 2009. A Capital teve queda de 2,9%, de 205 em 2009 para 199 em 2010.
A segunda fase da Campanha do Desarmamento 2011, lançada em Mato Grosso no último dia 17 de outubro tem caráter permanente em razão da medida provisória 417/2008. O cidadão agora poderá, a qualquer tempo, entregar sua arma de fogo nas unidades credenciadas das polícias Civil e Militar de Mato Grosso, bem como na Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal.
Com o slogan “Tire uma arma do futuro do Brasil”, a Campanha Nacional do Desarmamento de 2011 foi iniciada no dia 6 de maio e já recolheu mais de 25 mil armas de fogo em todo o Brasil.
No Estado de Mato Grosso, a Campanha é coordenada pelo secretário adjunto de Inteligência da Secretaria de Estado de Segurança Pública, delegado Anderson Garcia. Conforme o coordenador, além da entrega voluntária de armas, a Secretaria de Segurança Pública espera que haja uma conscientização social da população para o espírito da paz. “Que o cidadão entenda que ter uma arma de fogo não significa que terá mais segurança. Uma arma de fogo necessita de habilidade, treino e familiaridade com o manuseio. Seu uso pode ter efeito contrário”, salienta Garcia.
Para o delegado titular da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), Antônio Carlos Garcia de Mattos, o emprego da arma de fogo em crimes é cultural. Primeiro, pela facilidade de atacar a vítima sem se aproximar dela e pela sua eficiência. Segundo, pela questão da impunidade, já que os crimes com arma de fogo são mais difíceis de elucidar. “As armas de fogo foram criadas para defesa, mas são utilizadas com a finalidade de matar”, analisa o delegado.
Conforme Garcia, é a certeza da morte que leva o criminoso a optar pela arma de fogo para praticar homicídios. “Parte do princípio que é um meio mais eficaz, atira-se para matar. Um tiro para matar tem que atingir uma área vital e muitas vezes o disparo é sequenciado e efetuado na região da cabeça ou no tronco, onde a tendência é causar hemorragia”, explica o delegado.
Para o presidente da Associação de Familiares Vítimas de Violência, Heitor Geraldo Reyes, o custo das mortes com armas de fogo é muito alto para o Estado, uma vez que as famílias ficam desestruturadas e acabam recorrendo a benefícios do governo. “Os filhos perdem seus pais e acabam sendo criados pela avó ou pela rua. Isso gera mais violência”, frisa.
O presidente também entende que a maioria das mortes com arma têm motivação fútil ou banal. “São armas legais roubadas que estão matando e fomentando o comércio ilegal de armas de fogo”, declarou.
A Associação de Familiares Vítimas de Violência (AFVV) vai ajudar na mobilização social da Campanha do Desarmamento 2011 na Grande Cuiabá.
ARMAS APREENDIDAS
De acordo com dados da Polícia Militar, 2.121 armas de fogos foram apreendidas entre janeiro a início de outubro de 2011 no Estado de Mato Grosso. De 2008 a 2010, foram 7.106 armas de fogos apreendidas nas mãos de criminosos no Estado. Muitas das armas são legais, provenientes de roubos ou furtos em residências, empresas de vigilantes e lojas de venda de armamento, que estavam sendo utilizadas para prática de crimes a mão armada, sobretudo homicídios e latrocínios (roubo seguido de morte).
Comentários