Algodão: preços têm pouca oscilação em meio a baixa liquidez
O mercado interno de algodão enfrenta uma baixa liquidez no momento em que as indústrias já se preparam para as paralisações de final de ano, e por isso os preços vêm registrando poucas oscilações diárias. Ontem, o indicador Cepea/Esalq com pagamento em oito dias fechou cotado a R$ 1,6677 por libra-peso, ou R$ 55,15 por arroba, queda de apenas 0,01% ante o dia anterior. No mês, o índice acumula perdas de 1,35%.
"Ainda estão saindo alguns negócios para exportação, mas o mercado está lento, entrando na fase de recesso de final de ano. As indústrias ainda recebem os contratos fechados a preços mais altos, e isso pesa no lado da demanda e acredito que esteja prejudicando novos negócios", disse uma fonte do mercado.
A pluma brasileira, entretanto, continua apresentando problemas de qualidade. Segundo essa fonte, isso acontece principalmente com o algodão plantado em segunda safra e cerca de 20% da produção total teria sido classificada com padrões baixos de qualidade, especialmente no que diz respeito ao micronaire, o que dificulta o tingimento. Isso provoca a necessidade de descontos nos preços para o cumprimento de contratos
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) destaca em seu relatório semanal que os cotonicultores dividem a atenção agora entre o cumprimento de contratos e o término do beneficiamento da pluma. Com base em informações de agentes do mercado, o centro estima que 15% da safra 2010/11 ainda não foi beneficiada. "Tempos atrás olhava-se somente para o mercado interno nessa época do ano. Mas se esse algodão que ainda está sendo beneficiado for de qualidade, tem chance de se exportado, uma vez que até o final do ano a demanda da indústria deve permanecer fraca", destaca a fonte.
Fernando Arganese, da Cottonlux, lembra que historicamente o preço tende a aumentar no período de dezembro a fevereiro, devido à baixa disponibilidade da pluma. Este ano, entretanto, pode ser atípico. "Dessa vez precisamos considerar outros elementos. Existe uma grande dificuldade da parte da indústria têxtil, e os preços também vão depender das tradings. Elas ainda têm bastante algodão e se colocarem o produto no mercado interno, isso pode pressionar os preços", disse o corretor. Ele lembra que essa decisão das tradings vai depender das cotações internacionais e do dólar.
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