Casos de malária aumentam 48% com cheias no Amazonas
As águas limpas e paradas favorecem a proliferação do mosquito transmissor da doença, principalmente nas margens dos rios Juruá, Purus e Solimões.
A população rural ficou mais vulnerável porque mudou de áreas inundadas para terras firmes, onde vive aglomerada em abrigos ou casas de parentes. "Eles estão mal alojados. Tem gente doente nos aglomerados, e a transmissão se estabelece", afirma Bernardino Albuquerque, presidente da Fundação de Medicina em Saúde do AM.
Dados do Ministério da Saúde mostram que, neste ano, foram registrados 21.566 casos no Amazonas --no ano passado, foram 14.576. Não há registro de mortes.
A malária é uma doença infecciosa aguda, causada por espécies de protozoários do gênero plasmódio, transmitido pela picada de mosquitos. Na Amazônia, as espécies mais comuns são vivax e falciparum (mais letal). Os sintomas são dores de cabeça e no corpo, febre alta e calafrios.
Segundo Albuquerque, o tratamento exige repouso. A medicação depende do tipo da espécie do protozoário. Medidas como o uso de mosquiteiros impregnados com inseticida estão coibindo a transmissão da doença.
O registro de picadas de serpentes também aumentou --29%, de janeiro a abril deste ano, em comparação com 2011. Houve 768, contra 592.
No hospital da Fundação de Medicina Tropical, um garoto e uma mulher estão tratando as picadas de surucucu e jararaca, respectivamente. O quadro deles é estável.
O infectologista Antônio Magela Tavares disse que durante a cheia as picadas aumentam porque as cobras são levadas pelas águas para dentro das casas.
Segundo ele, os casos de diarreia, hepatite e leptospirose, que estão estabilizados, vão aumentar quando as águas baixarem. "Vai aumentar a concentração das bactérias. Será um momento perigosíssimo para essas doenças", disse.
Comentários