Pesquisadores das universidades de Toronto (Canadá) e da Califórnia em Santa Cruz (EUA) estudaram a ligação entre a composição química da água dos oceanos e as mudanças climáticas. Segundo os pesquisadores, alterações nessa composição podem ter sido responsáveis por um resfriamento que o planeta passou nos últimos 45 milhões de anos. O estudo foi divulgado nesta quinta-feira e será divulgado amanhã na Science.
"A química da água salgada é caracterizada por longas fases de estabilidade, que são interrompidas por rápidas mudanças", diz o professor Ulrich Wortmann, de Toronto, líder da pesquisa que analisou o clima dos últimos 130 milhões de anos.
Wortmann e a coautora Adina Paytan (da Universidade da Califórnia) indicam que a colisão entre a Índia e a Eurásia, há 50 milhões de anos, pode ser um exemplo dessas rápidas mudanças. O choque levou à dissolução de um gigantesco cinto de gipsita o que, segundo os autores, teria mudado a quantidade de sulfatos na água marinha e, por sua vez, a quantidade de sulfatos na atmosfera. O resultado final seria o resfriamento do clima, já que essas substâncias influem nos ciclos do carbono e do fósforo.
Segundo os dois cientistas, já é bem conhecido que os depósitos de gipsita são formados e destruídos rapidamente, mas se ignorava a ligação entre eles e mudanças no clima. "A ideia representa uma mudança de paradigma na nossa compreensão de como a química do oceano muda ao longo do tempo e como essas mudanças estão relacionadas com o clima", diz Adina.
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