Cientistas identificaram uma nova espécie de dinossauro carnívoro na região da Laje do Coringa, na Ilha do Cajual, a cerca de 20 km de São Luís, no Maranhão. A descoberta foi possível por meio dos dentes fósseis do animal, que permitiram estimar a idade da espécie em 95 milhões de anos. Até então, a espécie era desconhecida no Brasil. As informações são do site da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
A descoberta, publicada recentemente na revista britânica Cretaceous Research, foi realizada em conjunto por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
De acordo com o pesquisador Rafael Lindoso, do Instituto de Geociências da UFRJ, o dinossauro pertencia ao grupo dos noassaurídeos, animais de pequeno porte e esqueleto frágil, considerados raros no mundo. "Esse dinossauro possuía uma dentição bastante incomum entre os dinossauros carnívoros. Esse padrão aparece apenas em uma espécie de dinossauro carnívoro de Madagascar, conhecida como Masiakasaurus knopfleri.
O pesquisador explica que há 95 milhões de anos, no período conhecido como Cretáceo, as massas de terras do hemisfério sul formavam um único supercontinente chamado Gondwana, que incluía a América do Sul, África, Antártica, Indo-Madagascar e Austrália. Apesar de já terem iniciado o processo de fragmentação, na época, América do Sul e África ainda estavam muito próximas, o que teria facilitado a passagem desses animais entre os dois continentes.
Os fósseis mais antigos de noassaurídeos foram descobertos em rochas de 110 milhões de anos, durante o período Cretáceo inferior, na Europa e África, e, de acordo com a pesquisa, teriam posteriormente migrado para a América do Sul e Madagascar.
O ambiente na época era caracterizado como um estuário: rios enormes desaguando no mar, vegetação luxuriante em meio a um clima árido. Foi a época de surgimento do Atlântico Sul, quando apareceram os primeiros golfões e as elevações do nível do mar assolavam o litoral. Nesse cenário instável em profunda transformação, os terremotos eram comuns na região. "O clima tornava-se mais chuvoso, com a possibilidade de surgimento de novos habitats e, consequentemente, de outras espécies animais e vegetais", acrescenta o paleontólogo, Ismar Carvalho, da UFRJ, um dos autores da pesquisa e Cientista do Nosso Estado da FAPERJ.
Os noassaurídeos viveram durante boa parte do Cretáceo na Argentina, França, Níger, Madagascar e Índia. Porém, apenas uma espécie é bem conhecida: o Masiakasaurus knopfleri, descoberto em Madagascar e medindo 2 m de comprimento. "Entretanto, ao estudarmos os dentes da espécie brasileira, constatamos que se tratava de um parente distante e maior do Masiakasaurus, podendo alcançar cerca de 3 metros de comprimento", destacam Lindoso e Ismar Carvalho. "É um dos maiores noassaurídeos já descobertos em todo o mundo. Pesquisas como essa, consideradas inéditas no Brasil, sugerem que a real diversidade dos dinossauros que habitaram a Terra ainda está longe de ser compreendida", concluem.
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