Lucas Bittencourt não fala, não anda e respira com ajuda de aparelhos desde que nasceu, por causa de uma insuficiência respiratória crônica.
O laudo foi divulgado nesta sexta-feira (3) diz ainda que o paciente apresenta sequelas neurológicas irreversíveis, tanto intelectuais quanto motoras e afirma ainda que Lucas é tetraplégico.Os médicos descartaram também a possibilidade de urgência no tratamento.
O pai de Lucas, Caio Bittencourt, disse que que a avaliação da junta médica foi registrada. Durante 26 minutos que estiveram com o menino, nenhum médico tocou na criança. Quando a equipe se prepara para ir embora, Lucas chega a se despedir.
“A família descorda deste tipo de informação, até porque o Lucas foi encontrado pela equipe médica jogando videogame. Ele chegou a cumprimentar os médicos, deu tchau e mandou beijou", disse.
O laudo afirma ainda que o garoto tem pouca mobilidade da musculatura diafragmática. Resultado diferente de exames feitos por um laboratório particular.
"Foi feito um exame aqui, sendo que eles nem tocaram no paciente, somente levantaram a roupinha dele. Foi tudo só no olho. Esse mesmo exame foi feito em uma clínica particular com exames específicos e com a criança fora do ventilador", informou a mãe do menino, Andréa Bittencourt.
A Secretaria de Saúde disse, em nota, que vai acatar a decisão da junta médica.
Justiça
No dia 31 de julho, o Tribunal de Justiça do DF negou, por unanimidade, recurso do GDF contra a liminar que determina a implantação de um marca-passo. A execução da cirurgia foi determinada pelo tribunal independente do resultado do laudo da junta médica da Secretaria de Saúde.
A Justiça autorizou a cirurgia baseada em laudos dos médicos que atendem o garoto e do Ministério Público do DF. A decisão do TJDF também determina o pagamento de multa diária de R$ 10 mil pelo GDF a partir de 24 de julho.
A Procuradoria-Geral do Distrito Dederal informou neste sábado (4) que o Tribunal de Justiça ainda não publicou o acórdão da decisão tomada na última terça-feira (31) e que, portanto, só irá tomar qualquer providência depois que for notificada.
Cirurgia
O custo do equipamento é de cerca de R$ 400 mil. Em abril, a cirurgia chegou a receber parecer favorável da coordenadora de Neuropediatria e do secretário de Saúde, Rafael Barbosa. Mas a pasta arquivou o processo um mês depois alegando não poder transportar o menino para São Paulo, onde a operação seria realizada.
O pai da criança, Caio Bittencourt, vê no marca-passo, que tem 500 gramas e tamanho aproximado de uma caixa de DVD, a oportunidade de aumentar a qualidade de vida do primogênito.
“Elimina todo esse equipamento pesado [cerca de 100 kg] e toda essa dependência de energia elétrica, porque funciona à bateria. Vamos poder buscar terapias diferentes e fora de casa, talvez equoterapia, hidroterapia.”
Rotina
Além de duas sessões de fisioterapia, o garoto passa as 24 horas do dia acompanhado de um dos pais e de um técnico de enfermagem. Ele recebe visita médica semanal. Tudo é custeado pelo plano de saúde desde que ele nasceu.
“O Lucas nunca usou R$ 1 do serviço público de saúde. A primeira vez que estamos solicitando é agora. A gente nunca deu R$ 0,01 de gasto para a Secretaria de Saúde”, diz o pai, Caio Bittencourt.
A agenda do menino ainda é preenchida por uma grade escolar feita especialmente por ele, videogame e internet. “É uma criança que tem o cognitivo preservado, não sofreu perda de inteligência. Ele tem aula em casa, tem coordenação motora fina. O que ele não tem é força muscular. E a gente se comunica por sinais.”
Lucas raramente sai de casa, mas sempre com equipe médica e família do lado. “O máximo que a gente já conseguiu fazer foi colocá-lo numa cadeira de rodas e andar dentro do condomínio por 20 ou 30 minutos, mas junto com um técnico e sempre atentos a ter uma tomada por perto. Mas foram umas duas vezes só”, lembra.
Com o implante, Bittencourt acredita que a vida de toda a família sofrerá mudanças. Entre elas e a mais esperada, revela, é o primeiro passeio com todos juntos. O desejo é constantemente manifestado pela irmã caçula, Isadora, 4 anos. “Ela pergunta quando é que a gente vai poder ser uma família normal, porque ela quer atenção. Ela cobra. O marca-passo muda tudo. E muda para todo mundo.”
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