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Internacional
Sábado - 15 de Setembro de 2012 às 23:00

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Quando seu marido, Christian, era presidente da Alemanha - função majoritariamente cerimonial no país parlamentarista -, o estilo frívolo de Bettina Wulff, de 38 anos, desagradava as feministas. Mas elas agora se unem, solidárias, à ex-primeira-dama na luta iniciada na Justiça e na imprensa para limpar seu nome. A batalha de Bettina não tem nada a ver com as denúncias de corrupção enfrentadas pelo seu marido, que o forçaram a renunciar ao cargo em fevereiro deste ano. Uma onda de boatos que se espalham como fogo na internet a levou a iniciar um processo jurídico contra o gigante Google, cujo sistema de buscas sugere automaticamente a palavra prostituierte (prostituta) aos usuários que procuram informações sobre Bettina.

Quem digita “Bettin” na barra do buscador já pode ver o complemento vergangenheit (passado) ainda antes de colocar o último “a”. Se continua, com uma letra w depois de Bettina, encontra a opção de busca “prostituta” e até um bordel, Artemis, onde segundo os boatos, a ex-primeira dama teria vivido o seu “passado das luzes vermelhas”.

Depois de tolerar os boatos por mais de seis anos, a ex-primeira dama partiu para o contra-ataque. Jornalistas famosos, como o apresentador de televisão Günther Jauch, foram pressionados pelo seu advogado a não associar mais o nome da ex-primeira dama a palavras como “prostituta”, “garota de programa” ou “passado”.


Bettina no aeroporto de Hanover: advogados conseguiram impedir imprensa de fazer insinuações sobre seu passado, mas Google resiste a atender a pedido da ex-primeira-dama
Foto: AFP/10-9-2012

Bettina no aeroporto de Hanover: advogados conseguiram impedir imprensa de fazer insinuações sobre seu passado, mas Google resiste a atender a pedido da ex-primeira-dama AFP/10-9-2012

Só na luta contra o Google, Bettina ainda não conseguiu vencer. O porta-voz da empresa na Alemanha, Kay Oberbeck, recusou uma interferência argumentando que “os algoritmos se completam” porque milhões de usuários faziam essa busca. Outras pessoas famosas, como Joachim Löw, o treinador da seleção de futebol da Alemanha, ou o capitão do time, Philipp Lahm, também precisam tolerar o “complemento do algorítimo” com schwul, palavra pejorativa que significa homossexual. Segundo Oberbeck, a palavra schwul aparece como complemento dos nomes de Löw e Lahm não porque os dois sejam homossexuais, mas sim porque os usuários costumam combinar as duas palavras nas suas buscas.

Segundo o jornal “Süddeutsche Zeitung”, os boatos contra Bettina surgiram quando ela ainda usava o sobrenome de Körner e iniciou um relacionamento com Wulff, então governador da Baixa-Saxônia, que por causa disso abandonou a a mulher, com quem tem uma filha hoje com 19 anos de idade.

O divórcio do político que já foi visto como um possível sucessor da chanceler Angela Merkel no comando da Alemanha irritou os conservadores, que ficaram também chocados com a tatuagem usada pela nova mulher do então governador. Bettina Wulff foi a primeira mulher de um presidente do país a usar uma tatuagem, o que para os mais velhos é ainda hoje associado a um ambiente de submundo.

Em sua autobiografia recém-lançada, que ganhou enorme publicidade por causa da briga com o Google, Bettina Wulff garante: “Nunca trabalhei como garota de programa”.

Milhares de alemães reagiram, porém, irritados com o debate que ocupa diariamente as páginas dos jornais em plena crise do euro. O resultado dessa ira popular pode ser visto no site da empresa Amazon, que mandou apagar os comentários sobre o livro, com insultos e palavrões contra a ex-primeira dama.

Segundo o jornalista Jakob Augstein, da revista “Der Spiegel”, o problema de Bettina é que ela fez tudo para subir na vida. Porém, quando já estava no topo, ela e o marido Christian se enrolaram com corrupção e aceitaram vantagens banais como upgrade em aviões e em hotéis de cinco estrelas.





Fonte: O Globo

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