Ex-presidente do Cruzeiro do Sul também será julgado na CVM
A comissão marcou para 13 de novembro, às 15 horas, o julgamento do executivo --que terá o ex-presidente da própria autarquia Marcelo Trindade como advogado de defesa.
A CVM vai julgar a não divulgação de fato relevante, referente a negociações para a compra do banco Prosper, pelo Cruzeiro do Sul. O processo administrativo foi instaurado em março deste ano porque o Cruzeiro do Sul não divulgou o interesse do banco em negociar com o Prosper imediatamente após a informação ser publicada na imprensa em 23 de dezembro.
A proposta de mudança de controle do Prosper para o Cruzeiro do Sul acabou sendo rejeitada pelo BC (Banco Central), que liquidou a instituição financeira de Indio da Costa em setembro, após encontrar rombo contábil de R$ 3,1 bilhões no Cruzeiro do Sul.
Raimundo Pacco - 14.nov.2008/Folhapress |
Luis Octavio Indio da Costa, ex-presidente do Cruzeiro do Sul |
PRISÃO DO BANQUEIRO
Luis Octavio foi preso preventivamente pela PF (Polícia Federal) na segunda. Ele é investigado por crimes contra o sistema financeiro, crimes contra o mercado de capitais e lavagem de dinheiro.
Também foram indiciados Luis Felippe Indio da Costa, pai de Luis Octávio e ex-controlador do banco, e outros dois executivos da instituição que não tiveram os nomes divulgados.
Caso sejam condenados, os envolvidos estarão sujeitos a penas de um a 12 anos de prisão e multa.
Luis Felippe foi preso na manhã de ontem e, por ter mais de 80 anos, está prisão domiciliar.
Antes da crise do Cruzeiro do Sul, o Luis Octavio ficou conhecido pelas festas dadas a até mil convidados em sua casa, em Cotia.
Em 2009, patrocinou um show com cantor americano Tony Bennett em comemoração dos 15 anos do banco e um concerto com o britânico Elton John na Sala São Paulo. Também namorou a apresentadora Daniela Cicarelli.
FRAUDE
O inquérito foi instaurado em junho de 2012 após o Banco Central constatar fraudes contábeis e indícios de operações de crédito fictícias no Banco Cruzeiro do Sul. Segundo a PF, ao longo da investigação foram detectados outras condutas criminosas em fundos de investimento, que deixaram como vítimas dezenas de investidores.
Antes de liquidar o Cruzeiro do Sul, o Banco Central nomeou como interventor o FGC (Fundo Garantidor de Créditos), com a missão de encontrar um comprador e de negociar com os credores.
O fundo chegou a propor um "perdão" de 49% para os credores, mas a operação não foi adiante pela falta de um comprador para o banco.
A venda do banco foi inviabilizada por uma série de questões legais e comerciais. O negócio de crédito consignado já não atraia mais os grandes bancos, que podem fazer esses empréstimos com menor custo nas agências.
O comprador teria ainda de trazer pelo menos R$ 700 milhões ao Cruzeiro do Sul. O que mais interessava era um crédito tributário que poderia chegar a R$ 1 bilhão, mas esse crédito foi calculado com base em empréstimos que são contestados.
COBERTURA
Segundo o BC, cerca de 35% dos depósitos do banco contavam com garantia do FGC. O fundo cobre CDBs em até R$ 70 mil por CPF e até R$ 20 milhões para as aplicações que contavam com seguro especial (o DPGE).
Com a liquidação, o banco deixou de funcionar operacionalmente. As unidades do Cruzeiro do Sul foram fechadas, e a maioria dos funcionários, dispensada. As ações perderam todo o valor e deixaram de ser negociadas na Bolsa de Valores.
O trabalho em curso do liquidante é fazer um inventário de tudo o que pode ser vendido e convertido em dinheiro para pagar os credores. Os primeiros a receber são os funcionários.
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