Rui Pimenta foi destituído por Bruno na última terça-feira (20) e, em seguida, trocado pelos advogados Lúcio Adolfo Silva e Tiago Lenoir, num gesto que culminou com o desmembramento do processo de Bruno, que agora será julgado apenas em 4 de março de 2013, junto com Marcos Aparecido dos Santo, o Bola, e Dayanne Rodrigues.
Rui Pimenta, advogado que representa o goleiro Bruno no habeas corpus impretrado no STF (Foto: Pedro Triginelli/G1)
Bruno e Macarrão acompanharam depoimentos de testemunhas, no dia 20 de novembro (Foto: Vagner Antonio/Tribunal de Justiça de Minas Gerais)
Para Rui Pimenta, o goleiro "deu um tiro no pé" e cometeu um "suicídio penal" ao destituí-lo. Logo após sua saída do caso, Pimenta declarou à imprensa que "não perguntou por que" havia sido destituído por Bruno. Nesta segunda (26), em entrevista ao G1, Pimenta deu nova versão para sua saída.
Segundo ele, houve um "pequeno desacordo" entre ele e o goleiro, que queria desmembrar o processo para que Macarrão assumisse a responsabilidade pelo crime e Bruno, assim, ficasse livre. "Não sei quem orientou ele, mas ele queria separar [do julgamento de Macarrão]. O Bruno é muito inocente, achou que o Macarrão iria assumir. O Bruno tinha muita confiança no Macarrão. Eu falei que não ia compactuar com o desmembramento porque sabia que ia tomar tinta. Então Bruno me destituiu."
"Bruno criou pena contra si"
Segundo Pimenta, desde o início ele defendia que Bruno fosse julgado junto com Macarrão, porque achava que, se fossem julgados separadamente, "poderia haver um imprevisto – e foi o que aconteceu." "Ao me substituir, Bruno se deu mal, porque Macarrão ficou inseguro. Quando viu que Bruno ia ser julgado em outra data, Macarrão abaixou a cabeça e chorou copiosamente, se sentiu traído por Bruno. Macarrão entregou Bruno de graça, se beneficiou, e Bruno ficou numa fria danada. Conseguiu criar a pena contra ele."
Pimenta diz que não havia nenhuma prova no processo, nem mesmo da materialidade (da confirmação do homicídio), uma vez que não havia corpo, nem vestígios, nem um testemunho confiável, de acordo com o entendimento dele. Ele apostava em convencer os jurados de ausência de materialidade, o que inocentaria todos os réus, porque, por essa tese, não teria havido crime. Agora, com o testemunho de Macarrão, "é evidente que ficou comprovada a materialidade", diz Pimenta.
"Macarrão ainda piorou a situação, porque falou que a criança também foi levada para a morte. Macarrão ficou sentido com ele [Bruno]."
Habeas corpus
Apesar de destituído do júri do caso Eliza Samudio, Pimenta ainda é advogado de Bruno e continua aguardando decisão para pedido de habeas corpus que corre no Supremo Tribunal Federal desde 2011. Ele aposta que o agravo será decidido pelo ministro Ricardo Lewandowski, que, segundo ele, é um "legalista" e vai concordar com o pedido para que Bruno aguarde em liberdade até que não seja mais possível entrar com recursos contra as possíveis condenações, pelo fato de ser "réu primário, com bons antecedentes, profissão definida e residência fixa". "Ele deve ficar uns três anos em liberdade antes de cumprir a pena. Aí pode voltar a jogar futebol [nesse período de espera em liberdade]."
Sua expectativa é de que o recurso seja julgado antes do Natal. O STF diz que não há previsão de data para a decisão.
Sentença
O júri popular do caso Eliza Samudio condenou, na noite desta sexta-feira (23), no Fórum de Contagem, em Minas Gerais, os réus Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do goleiro Bruno, pelo envolvimento na morte da ex-amante do jogador, em crime ocorrido em 2010. Conforme sentença da juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, Macarrão foi considerado culpado pelos crimes de homicídio e sequestro e cárcere privado. Fernanda foi condenada por sequestro e cárcere privado.
O júri popular, que teve início com cinco réus, acabou com apenas dois acusados: Macarrão e Fernanda. O jogador Bruno Fernandes de Souza, que era titular do Flamengo, é acusado de ter arquitetado a morte da ex-amante, em 2010, para não ter de reconhecer o filho que teve com Eliza nem pagar pensão alimentícia. Bruno, a sua ex-mulher Dayanne Rodrigues e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, tiveram o júri desmembrado pela juíza Marixa e serão julgados em 2013.
O crime
Conforme a denúncia, Eliza foi levada à força do Rio de Janeiro para um sítio do goleiro, em Esmeraldas (MG), onde foi mantida em cárcere privado. Depois, a vítima foi entregue para o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que a asfixiou e desapareceu com o corpo, nunca encontrado. O bebê Bruninho foi achado com desconhecidos em Ribeirão das Neves (MG).
Além dos três réus que tiveram o júri desmembrado, dois acusados serão julgados separadamente – Elenílson Vitor da Silva e Wemerson Marques de Souza. Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto. Outro suspeito, Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, teve o processo arquivado.
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