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Nacional
Sábado - 22 de Dezembro de 2012 às 16:25

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Na emoção do primeiro encontro, Alessandra é amparada pelas filhas. (Foto: Vanessa Vasconcelos/G1)

Na emoção do primeiro encontro, Alessandra é amparada pelas filhas. (Foto: Vanessa Vasconcelos/G1)

Vinte e sete anos depois de ter sido separada da mãe, quando tinha apenas nove meses de vida, a copeira Alessandra Teles Barbosa pode vê-la pela primeira vez, em um encontro virtual, realizado na tarde desta sexta-feira (21), na sede da TV Rondônia, em Porto Velho. Vivendo na companhia das duas filhas, Alessandra não sabia o paradeiro de nenhum parente nem mesmo do pai, que a deixou morando com amigos há 17 anos e nunca mais voltou. "Foi um presente de Natal", disse a jovem sobre o encontro virtual com a mãe, que estava do outro lado do monitor na sede da TV Amazonas, em Manaus.

A história de Alessandra parece ter saído das telas de cinema ou de um livro, o que ela revela ter a intenção de escrever. Quando tinha nove meses, Alessandra foi separada da mãe, Ducirene Teles da Cunha, e foi criada pelo pai e uma madrasta. A história que ela conhecia, a contada pelo pai, era a de que a mãe a espancava e por isso o pai havia afastado as duas.

Meu pai disse que ia ganhar muito dinheiro e que ia voltar para me buscar, mas nunca voltou"
Alessandra Teles, copeira

Aos dez anos, Alessandra conta que o pai foi para o garimpo e a deixou na casa de um casal que ela nunca tinha visto na vida. “Meu pai disse que ia ganhar muito dinheiro e que ia voltar para me buscar, mas nunca voltou”, conta.

Com 12 anos, o casal se mudou para o interior de Rondônia, e deixou Alessandra com outra família. Foram alguns anos de idas e vindas até que, com 15, a jovem foi morar e trabalhar de empregada doméstica na casa de uma família. “Lá eu fiquei até os 17 anos, quando me casei”, conta Alessandra, que viveu oito anos com o marido e teve duas filhas. “Ele bebia muito, me batia, e então resolvi me separar”.

Há três anos Alessandra trabalha em um escritório de advocacia, onde conheceu advogada Ana Paula Paixão, peça fundamental nessa história de reencontro.

Ana Paula Paixão acompanhou e encontro virtual (Foto: Vanessa Vasconcelos/G1)

Ana Paula Paixão acompanhou o encontro virtual
(Foto: Vanessa Vasconcelos/G1)

Ana Paula conta que Alessandra sempre falou da vontade de conhecer a mãe, vontade que se tornou coletiva. “Passou a ser uma vontade nossa também, você imagina viver sozinha, sem ter um parente por perto?”.

A primeira pista veio através de uma pesquisa do sobrenome de Alessandra na internet, onde  foi localizado um processo de uma pessoa com o mesmo sobrenome. “Descobrimos que se tratava de um tio de Alessandra, que morava em Guajará-Mirim [RO], pois o nome dos pais dele eram os mesmos que constavam no registro de nascimento de Alessandra, como sendo seus avós”, relata Ana Paula.

Um advogado do escritório foi até a cidade, a 330 quilômetros de Porto Velho, onde o tio e o avô residem. Lá, foram informados de que Dulcirene teria ido morar em São Paulo e era funcionária pública. Daí, foram mais pesquisas, até descobrir que ela, na verdade, estava morando em Manaus.

O primeiro contato foi por telefone, na sexta-feira (14), quando a mãe contou à Ana Paula que Alessadra foi tirada pelo pai, a força, pois o mesmo não aceitava a separação. “Minha mãe contou que ele ameaçou ela com um facão, caso ela não me entregasse”, relata Alessandra. A história foi confirmada por vizinhos da época.

O primeiro contato visual aconteceu na sexta-feira (21), através de uma chamada de vídeo, e mãe e filha não controlaram a emoção. Elas nunca tinham se visto, nem mesmo por foto.

Dona Dulcirene pedia que a filha perdoasse o pai pela separação, mas Alessandra diz que, apesar de tudo, não tinha raiva dele e que o pouco tempo em que passaram juntos, ele foi um bom pai.

Do outro lado da tela, dona Dulce também não controlou a emoção. (Foto: Vanessa Vasconcelos/G1)

Do outro lado da tela, dona Dulce também não controlou a emoção. (Foto: Vanessa Vasconcelos/G1)

Do outro lado da tela,  Alessandra apresentava à avó as filhas, Ágatha, de quatro anos, e  Iasmim, de sete. “Como vocês são lindas, vovó já ama muito vocês”, declarava Dilcirene, emocionada.

Do outro lado, a mãe mostrava fotos dos quatro irmãos de Alessandra, um dele falecido há três meses. “Você foi a única menina, a princesinha da mamãe”.

Sobre a emoção do momento, dona Dulce diz não ter palavras para expressar. “Sabe o tamanho do mundo? Hoje ele tá pequeno pra minha felicidade”. Para Alessandra, um presente de Natal. “É o dia mais feliz da minha vida, mais uma vitória que Deus me deu”, disse emocionada.

O encontro das duas deve acontecer nos próximos dias. Na conversa, a mãe de Alessandra contou que seu patrão havia se comprometido em comprar as passagens da filha e das netas. A liberação do trabalho pelo tempo necessário também foi garantida pela chefe de Alessandra.

Sobre qual vai ser a primeira reação no encontro, Alessandra declara: “Eu vou abraçar e beijar muito”.

Alessandra viu o rosto da mãe pela primeira vez nesta sexta-feira (Foto: Vanessa Vasconcelos/G1)

Alessandra viu o rosto da mãe pela primeira vez nesta sexta-feira (Foto: Vanessa Vasconcelos/G1

 





Fonte: Do G1 RO

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