“No dia 31 vou fazer um churrasco com amigos, mas vou para a cama às 00h02”, brinca o paulistano de 35 anos.
Luiz Felipe Buff, que vai atravessar o litoral brasileiro de caiaque (Foto: Divulgação/Rodrigo Pazetto)
Pertencente à quarta geração de juristas de sua família, Luiz Felipe é formado em direito e chegou a ser sócio de um escritório de advogacia em São Paulo. Em 2005, largou tudo para ter uma vida mais tranquila, próxima à natureza, e se mudou para Cambará do Sul, no RS, onde abriu um café e uma agência de turismo.
Foi lá que começou a praticar o caiaquismo. Apaixonou-se pela atividade, virou instrutor certificado por organizações internacionais e hoje se dedica integralmente ao caiaque oceânico.
Luiz Felipe fez outras expedições (já remou até no Alasca), mas nunca sozinho nem por tanto tempo quanto a viagem que vai empreender agora. Ele estima que vá levar dez meses e meio para chegar o Chuí ao Oiapoque remando. “Mas pode variar. Quem manda são mais as ondas e o vento do que eu”, diz.
150 kg no caiaque
A expedição pela costa brasileira é uma ideia antiga, que surgiu em 2008, quando ele viajava pela Patagônia.
O caiaque com os equipamentos
(Foto: Arquivo pessoal)
“Vi que o caiaque estava me levando para lugares tão bacanas e pensei: como não conhecer a costa do Brasil remando? Tive essa vontade como uma criança quer ser bombeiro um dia. Mas aquilo ficou na minha cabeça e comecei a planejar”, conta.
Em meados deste ano, Ipe, como é conhecido pelos amigos, começou a concretizar o sonho. caiaquista viajará com recursos próprios e o apoio de algumas empresas. Vai sozinho, sem equipe de apoio. Carregará no caiaque uma bagagem de 150 kg, que inclui, além de seus itens pessoais, kit de primeiros socorros, ferramentas, equipamento de camping, comida para dez dias, e água para cinco.
Pretende remar, em média, 700 quilômetros por mês, sempre o mais perto que for possível da praia, fora da zona de arrebentação do mar. Seu plano é se distanciar, no máximo, 5 quilômetros da costa.
Usará uma blusa leve, que seca rapidamente, e um colete salva-vidas com iluminação e kit de sobrevivência.
Sua noiva vai tentar visitá-lo em alguns pontos da expedição. “Ela me ajudou nas questões operacionais da viagem. Foi minha maior apoiadora”, afirma.
Luiz Felipe durante uma expedição na Patagônia (Foto: Divulgação/Oscar Manguy)
Luiz Felipe vai dormir acampando ou onde conseguir hospedagem. “A relação com a terra será uma das coisas mais difíceis da viagem. O caiaque foi feito para navegação costeira, não posso dormir nele. Todos os dias vou ter que sair da água e encontrar um lugar para ficar. Mas isso é positivo, pois faz parte da viagem a interação com as comunidades”, diz.
Ele sabe que enfrentará os riscos que toda expedição desse tipo pressupõe: não só as condições naturais (do mar, do vento, das ondas, animais em terra e na água), mas também a violência que afeta algumas áreas costeiras. “Ouvi dizer que algumas regiões enfrentam pirataria, assalto a barcos, a quem está acampando na praia. Daqui a um ano vou ver saber melhor se isso acontece mesmo”, diz.
As aventuras de Luiz Felipe serão relatadas no site Expedição Sea Kaiak Brasil, que ele atualizará quando encontrar conexão à internet.
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