O número de vítimas hospitalizadas após o incêndio na boate de Santa Maria, no sul do Brasil, aumentou para 143, enquanto um dos proprietários do local tentou suicídio, três dias depois da tragédia que deixou 235 mortos.
As autoridades confirmaram nesta quarta-feira que entre as 143 vítimas hospitalizadas 75 estão em estado crítico e correm risco de vida.
Mais de 20 pessoas foram hospitalizadas nas últimas horas na cidade universitária de Santa Maria, onde ocorreu o incêndio na madrugada de domingo, e que permanece de luto depois de dezenas de enterros.
Muitos jovens que escaparam com vida da boate apresentavam sintomas de envenenamento por fumaça ou "pneumonite química", que podem aparecer até cinco dias após o acidente e provocar graves problemas de saúde, indicou o porta-voz da Força Nacional do Sistema de Saúde Pública, Neio Pereira, à Agência Brasil.
O governo do estado do Rio Grande do Sul confirmou que o número de mortos, a maioria intoxicado, foi de 235, após a morte na terça-feira de um jovem hospitalizado. Um dia antes, a mãe havia enterrado um outro filho, que também faleceu no incêndio, informou a imprensa local.
Diante do horror da tragédia, um dos proprietários da boate, Elissandro Sphor, tentou suicídio por enforcamento na terça-feira com a mangueira do chuveiro do hospital, onde é mantido sob custódia policial. "Os policiais que fazem sua custódia perceberam antes que terminasse", informou à AFP a comissária Lilian Carus, da Polícia Civil de Cruz Alta.
Dezenas de pessoas se manifestaram novamente na noite de terça nas ruas de Santa Maria pedindo justiça e leis mais duras para os estabelecimentos públicos.
O delegado Marcelo Arigony se dirigiu aos manifestantes e prometeu: "Vamos trabalhar incansavelmente para garantir que todas as responsabilidades sejam assumidas", inclusive a do Estado, por não ter feito as inspeções necessárias, disse.
Em coletiva de imprensa, Arigony afirmou que a banda que tocava na boate comprou "um sinalizador pirotécnico mais barato, que sabiam que era apenas para ambientes abertos" e proibido em áreas fechadas.
Também está sendo investigado se os extintores do local não funcionaram ou se seriam falsos e a falta de saídas de emergência, entre outros elementos que agravaram a tragédia, assim como as alegações de que o lugar estava superlotado e que alguns seguranças tentaram bloquear a saída das pessoas, cobrando o pagamento das comandas.
"Nós acreditamos que esta casa não poderia funcionar (...) reformas foram feitas sem supervisão", declarou Arigony.
O comandante dos bombeiros, Sérgio Roberto de Abreu, disse que a boate estava tentando renovar sua licença e que dependia de uma visita dos bombeiros, mas já havia apresentado os documentos dos extintores. Os advogados dos proprietários afirmaram nesta quarta-feira que o local estava em "plenas condições" para funcionar.
A Câmara dos Deputados criou uma comissão para acompanhar as investigações e para desenvolver uma legislação mais rigorosa para os estabelecimentos no país que vão acolher eventos nos próximos anos, como a Copa das Confederações de 2013, Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Quatro pessoas foram presas temporariamente (por até cinco dias) após o incêndio: os dois sócios da boate e dois membros da banda.
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