Prefeito de Cuiabá e Conselho de Medicina realizaram inspeção no PSMC. Unidade de saúde está superlotada e apresenta precariedade.
Inspeção no PS de Cuiabá encontra alas precárias e pacientes no chão
Pacientes deitados pelos corredores por falta de leitos, problemas de infraestrutura e inexistência de medicamentos básicos foram alguns dos problemas constatados no Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá, na tarde desta segunda-feira (4), durante vistoria realizada pelo prefeito Mauro Mendes e comitiva juntamente com o Conselho Regional de Medicina.
O grupo visitou várias alas e setores da maior unidade de saúde do estado, que vem apresentando cada vez mais agravos no atendimento ao público com quase 1,5 mil irregularidades apontadas em relatório pela Vigilância Sanitária, conforme a Secretaria Municipal de Saúde.
Ao percorrer os setores, a precariedade encontrada no local de funcionamento do Centro de Esterilização, que fica no subsolo, foi o que mais chocou e chamou a atenção de todos que acompanhavam a vistoria por conta da precariedade. A sala ainda está em obras, sem cobertura no teto, paredes sem reboque e sem porta. Outro detalhe chamou a atenção: o buraco na parede onde deveria estar a porta dá acesso direto a um lixão, com muitos entulhos e equipamentos estragados.
“A situação é lamentável. Esse setor estava em funcionamento até a última sexta-feira (1º) e fomos informados da situação pela Vigilância Sanitária. Transferimos os funcionários para outro setor porque a precariedade desse local é grande”, pontuou o secretário de Saúde de Cuiabá, Kamil Fares.
O secretário disse também que ao redor da unidade há cerca de três toneladas de lixo acumulados em terrenos externos, mas que estão prejudicando alguns setores do hospital por riscos de animais peçonhentos e infecções diante da sujeira. Na tentativa de evitar piores quadros, o secretário disse que será realizada uma limpeza e retirada dos lixões nos próximos dias.
Paredes com infiltrações também eram visíveis em diversas alas de atendimento do pronto-socorro. A falta de equipamentos no setor de pediatria, como também de leitos na sala de urgência e emergência foi uma das reivindicações apontadas por médicos que foram ouvidos pela equipe da auditoria.
Em condições precárias, setor funcionava como Centro de Esterilização (Foto: Kelly Martins/G1)
O prefeito Mauro Mendes avaliou que a realidade do pronto-socorro municipal é “dramática” e caótica para a população, uma vez que 70% dos pacientes do hospital são oriundos do interior do estado que buscam atendimento na capital. “Reconhecemos o problema complexo que há no pronto-socorro, cujo prédio existe há mais de 30 anos, com muitas infiltrações, falta de estrutura, drenagem do esgoto entupida. Vamos realizar uma reforma e reparos para tentar amenizar a situação”, declarou o prefeito.
Mendes disse que a reforma de alguns setores deverá iniciar na próxima semana e a compra de alguns medicamentos sem a necessidade de licitação também deverá ser feita de forma imediata. A medida emergencial, ainda segundo o prefeito, inclui a contratação de 100 leitos para a transferência de pacientes. Pelo menos 42 desses leitos já teriam sido contratados junto ao Hospital Santa Casa de Misericórdia.
O maior índice de pacientes para cirurgias é do setor de trauma ortopédico, decorrente de acidentes de trânsito. São quatro mil vítimas que passam pela unidade por mês, segundo a Secretaria de Saúde.
Problemas antigos
A presidente do Conselho Regional de Medicina, Dalva Alves das Neves, observa que as problemáticas do pronto-socorro já se transformaram em alvo de ações judiciais e notificações. Para ela, são situações antigas já detectadas anteriormente pelo próprio Conselho, mas que até o momento continuam sem solução.
Apontou, por exemplo, a interdição da pediatria infantil no último ano pelo prazo de 90 dias para que a situação precária fosse regularizada. “Hoje percebemos que a situação continua a mesma a quase nada ou nada foi feito. Espero que os problemas sejam sanados daqui para a frente e que a população possa contar com o mínimo no atendimento”, ponderou.
Novo pronto-socorro
O prefeito avalia ainda que o atual Pronto-socorro da capital já não oferece condições para a quantidade de pacientes que estão no local e afirmou que no próximo dia 25 deverá anunciar onde será construído o novo hospital. Três locais foram avaliados e oferecem condições para a construção da unidade, informou o prefeito, mas que deverá ser oficializado após reuniões com técnicos e profissionais da saúde.
Uma sala com capacidade para 10 leitos de UTI e que deveria ser entregue em dezembro do último ano está com a obra inacabada e deverá permanecer fechada sem uso. O secretário de gestão, Paulo Cesar Ribeiro, contou que a empresa contratada para a construção da sala foi notificada três vezes por conta de irregularidades na obra, que custou R$ 200 mil. No entanto, a empresa não teria feito os reparos necessários para que os pacientes fossem atendidos no local e acabou tendo o pagamento suspenso pela prefeitura como medida punitiva.
O secretário explicou ainda que nesta segunda-feira vence o prazo que a empresa licitada entregue o novo projeto de readequação. Caso não seja fornecido, a Prefeitura Municipal pretende aplicar multa e suspender todas as licitações feitas com a empresa.
“Vamos ter que contratar uma nova empresa e dar seguimento à obra”, concluiu.
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