Tayná Adriane da Silva morava com a família em
Colombo(Foto: Reprodução/RPC TV)
A coordenadora dos direitos humanos da OAB Federal, Isabel Kugler Mendes, disse ao G1, na manhã deste domingo (14), que o advogado Roberto Rolim de Moura Júnior, que representava os quatro suspeitos presos após o crime da adolescente Tayná Adriane da Silva, em Colombo, no Paraná, foi destituído na noite de sábado (13). Segundo ela, o afastamento ocorreu logo após os quatro presos terem sido levados para a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR) para prestar depoimento. Um deles teria pedido o afastamento do advogado. Segundo ela, o advogado tinha determinado que os presos ficassem em silêncio sobre o caso até uma nova determinação e ficou surpreso com a convocação dos mesmos por parte da polícia.
"Ele [o advogado Roberto] me ligou desesperado e contou que depois do depoimento, os promotores e delegados que estavam presentes no local levaram os presos para uma sala, onde ele [ o advogado] não pode ir junto, e quando saíram disseram que fizeram uma proposta e eles [os presos] tinham aceitado", relatou Isabel. Segundo ela, a proposta foi de que se os presos destituíssem o advogado, seriam soltos."Eu tenho 40 anos como advogada e 30 anos ativos na comissão de direitos humanos e nunca tinha visto isso", acrescentou. Ela também explicou que o advogado Rolim tinha determinado que os presos ficassem em silêncio sobre o caso até uma nova determinação.
"Todo esse caso [da Tayná] está sendo muito estranho. Nós até comentamos com os delegados que achávamos estranho porque eles [os presos] estavam desde quarta-feira (10) sendo inquiridos (indagados) exaustivamente por várias autoridades para falar sobre o caso".
O delegado responsável pelo caso Guilherme Rangel negou que houvesse algum tipo de proposta para os presos com relação à destituição do advogado. "Isso não aconteceu. Eles foram levados para a Sesp para serem interrogados e destituíram o advogado porque eles queriam falar e o advogado queria que eles não falassem. Então, teve esse conflito de interesses entre eles, e os presos optaram por arrumar outro advogado", disse. O delegado também afirmou que todos os procedimentos foram acompanhados por membros da OAB-PR. Segundo Rangel, também estavam presentes no depoimento o assessor civil da Sesp-PR e delegado designado para acompanhar as investigações, Rafael Vianna e o promotor Paulo Lima.
A jovem desapareceu no dia 25 de junho quando voltava da casa de uma amiga. De acordo com a polícia, ela foi abordada pelos suspeitos presos, que trabalhavam em um parque de diversão da cidade. Ainda segundo a polícia, eles estupraram e depois estrangularam a adolescente. O caso indignou moradores, que protestaram e atearam fogo nos brinquedos do parque. O corpo de Tayná foi encontrado por moradores da cidade três dias após o desaparecimento em um matagal em frente ao parque de diversões.
Após uma conversa com os suspeitos, a Ordem dos Advogados do Brasil, no Paraná, disse que os quatro suspeitos confessaram os crimes porque tinham sido torturados. "Nós vimos os sinais das torturas nos suspeitos. Um deles, inclusive, perdeu a audição porque foi atingido por uma barra de ferro", argumentou Isabel. Ela ressaltou que os presos relataram ter passado por torturas nas delegacias de Colombo, em Campo Largo, Araucária e na Casa de Custódia de Curitiba, onde estavam até a manhã deste domingo. A Corregedoria-Geral da Polícia Civil do Paraná investiga as suspeitas de agressão.
Substituição
O delegado do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), Amarildo Antunes, disse ao G1, na manhã deste domingo (14), que todos os 20 policiais da delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, foram substituídos temporariamente por equipes do Cope e de outras unidades. Doze presos também serão transferidos da delegacia, segundo o delegado. Outros 22 detentos permanecem no local. Segundo Antunes, a determinação ocorreu por parte do delegado-geral da Polícia Civil, Marcos Vinícius Michelotto. Amarildo afirmou que não sabe para onde serão levados os policiais.
Ainda segundo o delegado Amarildo, os policiais do Cope ficarão responsáveis pela guarda dos presos e da delegacia. A parte administrativa ficará sob a responsabilidade do delegado titular de Colombo, Irineu Portes.
"Isso foi uma medida foi tomada para garantir transparência, tranquilidade e para que ninguém crie obstáculos para que as investigações no caso da Tayná transcorraram normalmente", completou Amarildo.
Exame de sêmen
Durante uma coletiva de imprensa na sexta-feira (12), o promotor Paulo Lima afirmou que um exame realizado no Instituto Médico-Legal (IML) de Curitiba indicou que o sêmen encontrado na calcinha da Tayná não é de nenhum dos suspeitos. A prova, porém, na avaliação dele, não significa inocência.
“[O sêmen] Pode ser de uma relação consentida, que ela teve antes de ser morta. Então, nós temos que ter bastante cautela quanto a isso. Ele é um exame, na verdade, que ele não é afirmativo da responsabilidade dos suspeitos (...). Essa prova, na verdade, os beneficia, mas não exclui a responsabilidade de ter havido uma relação sexual em que não ocorreu a ejaculação. Além disso, não exclui a responsabilidade deles em relação ao homicídio", afirmou o promotor.
Diante do resultado, o promotor afirmou que até o momento os indícios contra os suspeitos são insuficientes. O Ministério Público do Paraná tem até segunda-feira (15) para apresentar ou não denúncia contra os quatro homens presos.
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